A Galp está a acelerar a regeneração da operação, redirecionando esforços para a inovação em energias alternativas em busca de um novo sistema de energia. Uma das apostas é a indústria do lítio, com a empresa liderada por Andy Brown a preparar-se para anunciar novas parcerias nesse campo "nas próximas semanas"..A novidade foi avançada pelo CEO da petrolífera portuguesa quando participou no painel "Can the energy sector go carbon neutral?" ("O setor energético pode tornar-se neutro em carbono?"), durante a Web Summit. "Dentro de algumas semanas poderá saber-se algo", prometeu..Para Andy Brown, o lítio representa "uma gigante oportunidade". O país quer investir no lítio - há planos governamentais nesse sentido -, mas ainda não há nem atividade mineira nem atividade de refinação. Aliás, não há nem em Portugal, como também não há no resto da Europa. Por isso, a Galp quer fomentar a indústria do lítio, em Portugal, um país que o gestor considera ter recursos "únicos" e que é "número um" em reservas de lítio, comparando com o resto da Europa..Durante a Web Summit, Andy Brown escusou-se a revelar detalhes do que está para ser anunciado. Mas, à margem da apresentação da plataforma de inovação colaborativa Upcoming Energies (empresa tem 180 milhões para alavancar tecnologias verdes em dez anos), afirmou: "O carvão claramente precisa de deixar de fazer parte da equação". Na mesma ocasião, Brown afirmou ao Dinheiro Vivo que também tem de haver um estímulo à alternativa, para se "encontrarem formas de mudar o sistema [energético], para que os consumidores possam fazer uma escolha diferente"..O lítio será uma das respostas da Galp, segundo o gestor, que anunciou, também na última semana, que a energética deixará de fazer novas prospeções de petróleo e gás natural, a partir de janeiro de 2022. De acordo com o "Jornal de Negócios", as parcerias que deverão ser anunciadas em breve, contemplam a intenção da Galp investir "centenas de milhões" na produção de lítio. A empresa quer fornecer a Europa com 30% de hidróxido de lítio, admitindo criar "três ou quatro" unidades de processamento de lítio, em Portugal, até 2030..Em junho, o CEO da Galp fez saber que a empresa estava em negociações com uma grande fabricante europeia de baterias de lítio, com vista à criação da primeira unidade de processamento deste mineral em toda a Europa. Segundo o jornal "Eco", a referida fabricante era a sueca Northvolt. Antes, a Galp chegou a desenvolver um projeto com a britânica Savannah, mas a parceria expirou nesse mesmo..Haverá um obstáculo ao lítio nos próximos tempos: a dissolução da Assembleia da República. O Orçamento do Estado para 2022 previa o lançamento de um concurso público para atribuir licenças de exploração do lítio, em Portugal. Mas, mas, com o chumbo do documento orçamental e consequente dissolução do Parlamento, todo o processo poderá atrasar-se..Não obstante, decorre até dia 10 de dezembro uma consulta pública da Direção-Geral de Energia e Geologia sobre o relatório de avaliação ambiental preliminar do programa de prospeção e pesquisa de lítio, que incide sobre oito potenciais áreas de exploração no país..José Varela Rodrigues é jornalista do Dinheiro Vivo