"Criámos condições para entrada de novos acionistas no Montepio"
À beira de, provavelmente, ter um novo acionista, o Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) registou um lucro líquido de 30,1 milhões de euros em 2017, que compara com um prejuízo de 86,5 milhões no ano anterior. O resultado cumpre o plano estratégico traçado em 2015 e foi ajudado pela melhoria da atividade, menores custos e imparidades, anunciou o banco ontem ao fim da tarde. Desde 2012 que o Montepio não tinha lucro.
"O banco é hoje muito diferente do que era em 2015 não só do ponto de vista económico-financeiro mas também de posicionamento e imagem no mercado", afirmou ao DN/Dinheiro Vivo José Félix Morgado, presidente executivo do banco, que está de saída do cargo. "O que é positivo para o próprio setor, já que o Montepio é um banco importante, e diria mesmo que é positivo para o país", disse.
Frisou que a atual situação do banco "permite encarar o futuro com otimismo" e que permite que "2018 seja um ano em linha com o que vem sendo o reforço da situação do banco". "Criámos condições para a entrada de novos acionistas no Montepio, se o seu acionista assim o desejar", sublinhou Félix Morgado. A Associação Mutualista, liderada por Tomás Correia, passou a deter 100% do banco que saiu de bolsa em 2017 e há negociações para a entrada da Santa Casa da Misericórdia no capital do Montepio, uma operação polémica devido, nomeadamente, ao valor alegadamente excessivo que é atribuído ao banco no balanço do seu atual acionista único.
"Para o banco seria positivo a entrada de acionistas", disse o ainda presidente executivo do banco, sublinhando o plural.
Félix Morgado será substituído no cargo por Nuno Mota Pinto, que será o novo presidente executivo do Montepio.
Resultados "robustos"
Para Félix Morgado, os resultados do Montepio refletem a execução do plano estratégico desenhado em 2015. "Trata-se de resultados robustos", afirmou indicando também a melhoria registada na atividade nuclear do Montepio. A margem financeira cresceu, bem como as comissões líquidas e os depósitos de clientes. Por outro lado, caiu o custo de risco de crédito. Em termos de balanço, os rácios de capital estão acima dos níveis prudenciais que serão exigidos a partir de 1 de julho de 2018 no âmbito do Pilar 2 de Basileia - nos termos do SREP - Supervisory Review and Evaluation Process. Em junho de 2017, o banco reforçou o seu capital em 250 milhões de euros.
"Conseguimos executar o plano estratégico e tem sido reconhecido pela melhoria dos ratings do banco e pelas operações que conseguimos fazer no mercado", afirmou Félix Morgado.
No ano passado, o banco procedeu à colocação de uma carteira de créditos em incumprimento no valor total de 580,6 milhões de euros. Em outubro, colocou no mercado uma emissão de obrigações hipotecárias, no montante de 750 milhões de euros, com um prazo de 5 anos e uma taxa de juro anual fixa de 0,875%. Em dezembro, a agência de notação financeira Fitch anunciou a revisão em alta da notação de risco de longo prazo do banco de "B" para "B+", mantendo a perspetiva em "estável".