Linha do Minho vai ter comboios eléctricos

António Costa inaugura amanhã a eletrificação do troço da CP que vai reduzir despesa no aluguer de automotoras diesel a Espanha.
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Os comboios elétricos começam a circular a partir de hoje em mais um troço da linha do Minho. Com automotoras no serviço regional ou locomotiva e carruagens no inter-regional e Intercidades, os utentes desta região poderão viajar mais depressa, com mais conforto e menos poluição entre o Porto e Valença. Ficam a faltar os sinais modernos à linha ferroviária mais a norte do país. A (meia) obra será inaugurada amanhã pelo primeiro-ministro. António Costa chegará a Valença pelo novo comboio inter-regional diário entre Coimbra-B e a fronteira, que terá partida uma vez por dia, às 7.25. O chefe de governo apenas subirá a bordo em Viana do Castelo, pelas 10.37. A chegada a Valença será às 11.16, segundo o horário da CP.

Este e os outros inter-regionais - entre Porto e Valença - serão efetuados com uma das nove locomotivas 2600 recuperadas nas oficinas de Contumil, a 65 mil euros por unidade. Encostadas quase uma década no Entroncamento, estas locomotivas vão rebocar, para já, carruagens Corail que costumam estar de reserva para o Intercidades.

Dentro de algumas semanas, a CP vai pôr em circulação algumas das 50 carruagens compradas a Espanha em meados do ano passado. A demora deve-se a atrasos na homologação da série ARCO: desde novembro que este processo é feito através de um balcão único europeu - ao abrigo das regras comunitárias - em vez de estar sob alçada autoridades nacionais. A alteração implica que a empresa envie mais documentos para obter autorização.
Durante a viagem, no entanto, a mudança entre estações ainda será feita através de uma chamada entre agentes nas estações da gestora ferroviária (IP - Infraestruturas de Portugal). Conhecido como cantonamento telefónico, este sistema de vem do século XIX - e dos tempos do telégrafo - mas ainda funciona nos 92,5 quilómetros que separam Nine e Valença. A sinalização moderna só deverá chegar ao troço em março de 2022, três anos depois do que estava previsto pela IP.

Também atrasada ficou a eletrificação da linha, cuja conclusão estava prevista para o primeiro trimestre de 2019. A IP também suprimiu algumas passagens de nível mas os ganhos de tempo devem-se sobretudo à mudança do material circulante.

O inter-regional Porto-Valença passará a demorar menos de duas horas e o ganho máximo de viagem será de 14 minutos. No serviço regional, entre Viana e Valença, a redução de tempo é inferior a 10 minutos.

Menos alugueres

Os comboios regionais Nine-Valença passarão a ser feitos com as automotoras triplas elétricas (UTE) da série 2240. Estas unidades são habitualmente utilizadas na linha da Beira Alta e da Beira Baixa, por exemplo. Deixará de ser preciso mudar de comboio em Viana, o que contribui para viagens mais curtas.

Apenas o serviço Celta será feito com material diesel, por causa da diferença na tensão elétrica. Entre Porto e Valença, há 25 mil volts em corrente alternada; da fronteira espanhola para Vigo, são 3000 volts em corrente contínua, para já.
A troca de material vai levar a CP a reduzir o aluguer de automotoras diesel a Espanha, que também são usadas nas linhas do Douro e do Oeste. A transportadora portuguesa paga entre 315 e 350 mil euros por ano por cada unidade da série 592. Em 2020, a despesa total foi de cerca de 8,3 milhões de euros.

Realizado uma vez por dia em cada sentido, o comboio Intercidades entre Lisboa e Viana do Castelo será prolongado até Valença. Também haverá paragens em Âncora-Praia, Caminha e Vila Nova de Cerveira. Esta viagem irá demorar cinco horas e 19 minutos. Será a segunda maior ligação da CP, apenas superada pelo Alfa Pendular entre Porto e Faro, com cinco horas e 58 minutos.

diogofnunes@dinheirovivo.pt

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