CMVM suspende negociação das ações do BPI até ter esclarecimentos
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou hoje suspender a negociação das ações do BPI na bolsa de Lisboa "até à divulgação de informação relevante sobre o emitente".
Com esta decisão, a CMVM pretende que o BPI dê todos os esclarecimentos sobre o acordo alcançado no domingo entre os espanhóis do CaixaBank e a Santoro Finance da angolana Isabel dos Santos.
A suspensão da negociação ocorre um dia depois de ter sido anunciado um acordo entre a o CaixaBank e a Santoro Finance para resolver a "situação de incumprimento pelo banco BPI do limite de grandes riscos", segundo anunciou o banco na noite de domingo numa comunicação à CMVM.
Segundo o comunicado divulgado na página da internet da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, a "solução foi já comunicada ao Banco Central Europeu e ao Banco de Portugal e encontra-se vertida num conjunto de documentos contratuais que serão apresentados aos órgãos competentes nos próximos dias e que, tão logo sejam aprovados, serão comunicados ao mercado". O comunicado não indica a solução encontrada.
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Desde há algumas semanas que o espanhol Caixabank, com 44,10% do capital social do Banco Português de Investimento (BPI), e a 'holding' Santoro, da empresária angolana Isabel dos Santos, com 18,58%, estavam em negociações para desbloquear o impasse neste assunto, depois de várias soluções que falharam, devido a divergências entre as partes.
Os principais acionistas do BPI tinham até hoje para chegar a um acordo que cumprisse o prazo estipulado pelo Banco Central Europeu (BCE) para o banco reduzir o excesso de exposição a Angola.
Este acordo era necessário uma vez que o BCE considera Angola como um dos países que não têm uma regulação e supervisão semelhante às existentes na União Europeia, pelo que o BPI tinha de ajustar a sua exposição naquele mercado.
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A operação em Angola é a 'joia da coroa' do BPI: em 2015, mais de 50% do lucro do banco veio do país africano, ou seja, 135,7 milhões de euros de um total de 236,4 milhões.
Se não houvesse acordo até hoje, o BPI seria multado pelo BCE, pagando coimas diárias, até que chegasse a uma solução que cumprisse as exigências do banco central.