Cancelados 327 voos em Lisboa e no Porto devido à greve na Groundforce

O segundo dia de greve na Groundforce já levou ao cancelamento de 301 voos de e para Lisboa, dos 511 previstos para o dia de hoje, e 26 de e para o Porto, segundo fonte oficial da ANA.
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"Devido à greve do serviço de 'handling' [assistência em terra à aviação] da Groundforce, dos 511 voos previstos hoje para o aeroporto de Lisboa estão cancelados, até ao momento, 301 voos (160 chegadas e 141 partidas) e previstos serem operados 210 (102 chegadas e 108 partidas)", referiu à Lusa fonte oficial da empresa gestora de aeroportos.

No aeroporto do Porto, este primeiro balanço à Lusa indica que, para já, estão cancelados para o dia de hoje 13 chegadas e 13 partidas.

Tal como no sábado, a empresa gestora dos aeroportos apela aos passageiros com voo marcado para hoje para que se informem sobre o estado do mesmo, antes de se deslocarem para o aeroporto.

"Apelamos aos passageiros com voos cancelados que não se dirijam ao aeroporto de Lisboa e procurem informação através de outros canais, digitais e telefónicos", adiantou a empresa.

As companhias aéreas que utilizam o Terminal 2 do aeroporto de Lisboa - as 'low cost' - e as que operam com outra empresa de assistência em escala, que não a Groundforce, mantêm a sua operação regularizada.

Durante o dia de sábado a greve nos serviços de 'handling' (apoio de terra à aviação) da Groundforce cancelou 242 voos no aeroporto de Lisboa - 107 chegadas e 135 partidas.

No aeroporto do Porto, a greve levou ao cancelamento de 18 voos (nove chegadas e nove partidas), em Faro e na Madeira foram canceladas três chegadas e três partidas em cada um dos aeroportos e no Porto Santo a paralisação obrigou a cancelamento de quatro ligações aéreas.

O facto de a maior parte das situações abrangidas pelos serviços mínimos decretados para esta greve se terem esgotado durante o dia de sábado, deverá levar a uma subida do número de partidas e chegadas canceladas nos aeroportos nacionais.

Hoje cumpre-se o segundo dia da greve convocada pelo Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA), como protesto pela "situação de instabilidade insustentável, no que concerne ao pagamento pontual dos salários e outras componentes pecuniárias" que os trabalhadores da Groundforce enfrentam desde fevereiro de 2021.

A paralisação vai prolongar-se ainda pelos dias 31 de julho, 01 e 02 de agosto.

Além desta greve, desde o dia 15 de julho que os trabalhadores da Groundforce estão também a cumprir uma greve às horas extraordinárias, que se prolonga até às 24:00 do dia 31 de outubro de 2021.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português.

A TAP garantiu no sábado que não tem quaisquer pagamentos em atraso à Groundforce, depois de a empresa de 'handling' ter acusado a companhia aérea de uma dívida de 12 milhões de euros por serviços já prestados.

O Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos não recebeu qualquer contacto para solucionar o problema que está na origem da greve e o seu presidente, André Teives, receia que nada mude a tempo de travar a nova paralisação.

"A nossa expectativa é sempre que as coisas se resolvam, mas não depende apenas e só de nós [trabalhadores]", disse hoje à Lusa André Teives, dia em que os trabalhadores da Groundforce cumprem o segundo dia de uma greve que já levou ao cancelamento de centenas de voos.

Com nova paralisação agendada para os dias 31 de julho, 01 e 02 de agosto, o dirigente sindical receia que nada mude, acentuando que desde que a greve em curso teve início "o sindicato não foi contactado por nenhuma entidade responsável, seja a Groundforce, seja a TAP", referiu.

Lamentando a troca de acusações entre os acionistas da Groudforce - onde a Pasogal tem uma participação de 50,1% e o Grupo TAP de 49,9% - André Teives salienta que esta situação deixou apenas de ter como "reféns os trabalhadores" tendo-se alargado aos passageiros que este fim de semana viram os seus voos serem cancelados ou atrasados e atira críticas ao Governo.

"Andam dois acionistas à guerra um com o outro: a Pasogal e a TAP com Governo por trás -- porque também temos de entender que não existe TAP, o que existe é Ministério das Infraestrutura e Pasogal -, com os trabalhadores no meio" referiu, sublinhando que desde este sábado, esta guerra está a "fazer reféns os milhares de passageiros que ficaram sem voos e toda a disrupção que foi criada na comunidade aeroportuária nacional".

Sublinhado que na origem desta greve "não está nada do outro mundo", mas algo "bem primário" e "por isso bastante legítimo", que é o pagamento pontual do salário de julho e do subsídio de férias aos 1.700 trabalhadores que já gozaram o maior período, salienta que "quem tem responsabilidade neste país é que tem de pôr cobro a isto de uma vez por todas".

O sindicalista manifesta-se preocupado se não forem tiradas conclusões perante a adesão e as consequências desta greve e exige uma resolução da situação, acentuando que a adesão registada nos aeroportos do Porto e do Funchal aumentou neste segundo dia de greve.

"Se não nos respeitam e se perante uma adesão destas, com um efeito e com uma consequência que o país todo tem estado a assistir, não se tiram conclusões, e se continuamos orgulhosamente e teimosamente, e até de forma infantil, a ir sempre em frente com o que são as nossas guerras pessoais -- e estou a referir-me tanto à Pasogal como ao próprio Governo (...) para nós é inaceitável", referiu.

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