Apenas um terço dos portugueses se considera classe média

O valor é o mais baixo entre os países da OCDE, apesar de representar mais de 60% da população do país

Apenas 32% da população portuguesa se define como fazendo parte da chamada "classe média". De acordo com o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), "Sob pressão: a classe média em declínio", divulgado esta quarta-feira, os portugueses são, de todos os países membros da OCDE, os que menos se sentem parte daquele grupo de cidadãos.

Portugal está muito atrás da média da organização, em que 68% dos cidadãos acreditam que faz parte da classe média.

O conceito define-se em termos do rendimento familiar que se encontra entre os 75% e os 200% do rendimento mediano nacional. No caso de Portugal, para se pertencer à classe média, é preciso ter um rendimento anual entre 8 700 euros e 23 300 euros. Estes valores estão calculados em paridade de poder de compra de 2010 para uma pessoa solteira. O rendimento mediano é de cerca de 11 400 euros/ano. Os valores não podem ser lidos como um espelho da realidade, uma vez que estão ajustados ao rendimento equivalente, que tem em conta as diferenças nas dimensões dos agregados e para efeitos de comparação foi considerado um solteiro sem dependentes ou ascendentes a cargo.

A classe média portuguesa representa mais de 60% da população, ou seja, perto de 6,3 milhões de pessoas estão dentro da categoria definida pela OCDE. De acordo com o relatório da organização sedeada em Paris, quase 11% dos portugueses são considerados classe média alta, estando num patamar acima dos 200% do rendimento mediano nacional, representando cerca de 1,1 milhão de pessoas que ganham mais de 34 mil euros por ano. No lado oposto, ou seja, os pobres representam perto de 12% e a chamada classe média baixa é de cerca de 17%.

Rendimento, impostos e benefícios

A classe média portuguesa arrecada cerca de 60% do rendimento, um valor que está abaixo da OCDE, em que este grupo é responsável por perto de dois terços do rendimento (66,4%).

A organização faz notar que apesar da elevada proporção do rendimento, na hora de pagar impostos, a classe média é responsável por 52,6% da receita. Já a classe média alta tem um peso mais elevado na quota-parte que lhe cabe dos impostos, sendo responsável por mais de 43% do total, apesar de representarem apenas uma pequena parte da população.

A OCDE calcula também a relação entre a representatividade populacional de uma classe de rendimento e a proporção de prestações em dinheiro que recebem, chegando à conclusão que a classe média alta é a maior destinatária dos benefícios, ao lado do México.

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