Acordo na Renault Cacia garante investimento de 150 milhões

Trabalhadores e administração fecharam novo acordo de empresa que garante a continuidade da fábrica na região de Aveiro por 15 a 20 anos. Cerca de 150 trabalhadores a prazo vão ser integrados nos quadros
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Os trabalhadores da Renault Cacia, em Aveiro, assinaram com a administração um novo acordo de empresa que garantirá a sobrevivência da fábrica nos próximos 15 a 20 anos por via de um investimento na ordem dos 150 milhões de euros. Pelo caminho asseguraram atualizações salariais e a possibilidade de integração de cerca de 150 trabalhadores a prazo, confirmou ao DN/Dinheiro Vivo fonte da comissão de trabalhadores.

"O habitual é fazer-se acordos sociolaborais para pedir aumentos e mais regalias sociais. Isto é um acordo de competitividade, muito idêntico ao que se passa com as outras fábricas do grupo, que permite preparar o futuro", diz Francisco Costa, lembrando que o que está "em jogo é um projeto de 15 a 20 anos. Na prática significa a substituição do produto principal que fazemos hoje, uma caixa de velocidades que tem um tempo de vida que está a terminar, por uma nova caixa de velocidades que será montada em todos os veículos Renault a partir de 2018-2019". Além disso, o novo acordo abre a porta a que Cacia possa receber um projeto mais futurista. "Existem fortes possibilidades de vir ainda um novo projeto de produção de caixas de velocidade para carros híbridos e que representa um investimento acima deste que está agora programado", garante. Investimento que está a ser disputado pelas unidades da Renault em Sevilha, Espanha, e Cléon, na França.

A unidade portuguesa, que de acordo com declarações recentes ao Expresso de Thierry Koskas, diretor mundial do grupo francês, recebe anualmente um investimento na ordem dos 12 milhões de euros, será agora totalmente moder- nizada para receber novos produtos, que garantirão a existência da fábrica até 2025.

Atualmente, cerca de 20% de todos os automóveis vendidos pelo Grupo Renault - foram 2,8 milhões em 2015 - saem de fábrica com uma caixa de velocidades produzida em Portugal. A fábrica de Cacia, que abriu portas em setembro de 1981, emprega perto de 1200 trabalhadores, dos quais 200 são contratados a prazo. O acordo de empresa agora assinado permite que os "efetivos tenham atualizações salariais de acordo com a inflação e ligeiras melhorias do prémio interno de absentismo e, mais importante, a passagem a efetivos de 150 trabalhadores durante os quatro anos de vigência do acordo", diz Francisco Costa. Ao mesmo tempo, o novo acordo de empresa abre a porta a saídas negociadas. "É verdade que é um número restrito de pessoas, mas permite aos trabalhadores que estão próximo da idade da reforma saírem com condições mais favoráveis."

A fábrica de Cacia, considerada em 2015 "a melhor do grupo Renault na produção de caixas de velocidade", registou no ano passado uma faturação de 280,6 milhões de euros, um crescimento de 7% em relação a 2014. A produção da fábrica, que inclui ainda outros componentes como sejam bombas de óleo, destina-se exclusivamente ao mercado de exportação, sendo vendida às fábricas do grupo Renault localizadas em Espanha, França, Inglaterra, Irão, Argentina e Brasil.

Fonte oficial da Renault "confirma que existe um quadro de negociações com os representantes do trabalhadores para a obtenção de um acordo até 2020", escusando-se a fazer comentários sobre o mesmo.

A Renault Cacia é uma das 200 empresas que em Portugal operam na indústria de componentes para automóveis. Muito concentrada no litoral Norte, a indústria é responsável por cerca de 42 mil postos de trabalho diretos, o que representa 6,5% do total da indústria transformadora em Portugal.

Em 2015, empresas como a alemã Bosch Car Multimedia, Delphi, Inapal Plásticos ou TMG registaram um volume de negócios total de mais oito mil milhões de euros, dos quais 6,7 mil milhões foram para exportação, representando 13,4% do total das vendas de produtos e serviços de Portugal no estrangeiro.

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