O Campeonato da Europa de 2020 vai ao realizar-se de 11 de junho e 11 de julho de 2021, devido ao surto de coronavírus que está a afetar o continente, decidiu esta terça-feira a UEFA com a aprovação por unanimidade das 55 federações filiadas.
Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, explicou em declarações ao site oficial daquele organismo que "a saúde dos adeptos, funcionários e jogadores" é "a prioridade principal", destacando por isso o "verdadeiro espírito de cooperação" entre todos os que participaram nesta decisão, que se mostraram conscientes de que "tinham que sacrificar algo para alcançar o melhor resultado".
"A mudança de data do Euro 2020 tem um custo enorme para a UEFA, mas faremos o possível para garantir que o financiamento vital para as raízes do futebol, o futebol feminino e o desenvolvimento do jogo nas nossas 55 federações-membro não seja afectado. O propósito, ao invés do lucro, tem sido o nosso princípio norteador na tomada desta decisão para o bem do futebol europeu como um todo", acrescentou o presidente da UEFA.
Ceferin reuniu-se, por videoconferência, em primeiro lugar com a Associação de Clubes Europeus (ECA), as Ligas Europeias e a FIFPro, que representa os jogadores, tendo apresentado a intenção de adiar o Europeu para 2021 para que até ao verão se pudessem realizar os vários campeonatos nacionais que se encontram suspensos, bem como a Liga dos Campeões e a Liga Europa, que a UEFA declarou também suspensos provisoriamente.
Seguiu-se o encontro, também à distância, com as 55 federações filiadas, que aprovaram por unanimidade a passagem do torneio para 2021.
Esta era uma decisão que já era esperada e que até já estava a ser preparada pela UEFA, que tinha cancelado as reservas que tinha feito nos hotéis de Copenhaga, uma das cidades que vai acolher jogos do Euro.
Foi aliás a Federação Norueguesa de Futebol a primeira a dar como certo o adiamento do Europeu numa publicação colocada no Twitter.
Nesta autêntica maratona de reuniões, foi criado um grupo de trabalho formado por elementos ligados às ligas e aos clubes para analisar a forma como serão feitos os calendários, sobretudo da Champions e da Liga Europa, e também avaliar as consequências das deciões tomadas, nomeadamente no que diz respeito ao impacto financeiro.
Um dos problemas que se colocava com o adiamento do Europeu para o próximo ano estava relacionado com a realização do novo Mundial de Clubes, mas Ceferin confirmou a disponibilidade da FIFA em solucionar o problema deixando agradecimentos ao seu presidente Gianni Infantino, que "indicou que fará o que for necessário para fazer este novo calendário funcionar". "Diante desta crise, o futebol mostrou o seu melhor lado com abertura, solidariedade e tolerância", frisou o líder máximo da UEFA.
Refira-se que, também em comunicado, a FIFA confirmou o adiamento do Mundial de Clubes, embora ainda não sejam conhecidas as novas datas que, de acordo com Infantino, "será recalendarizada para uma data entre 2021, 2022 e 2023".
Foram então criadas as condições para adiar o Euro 2020 para o verão de 2021, de 11 de junho e 11 de julho, mantendo-se as 12 cidades sede do torneio: Amesterdão, Baku, Bilbau, Bucareste, Budapeste, Copenhaga, Dublin, Glasgow, Londres, Munique, Roma e São Petersburgo. No seu site oficial, a UEFA garantiu entretanto que todos aqueles que investiram na compra de ingressos e na marcação de estadias serão reembolsados.
Nas conversas mantidas por videoconferência, foram analisados os cenários relativos à paragem das competições, tendo-se estimado que o futebol possa voltar em meados de abril se a crise pandémica evoluir favoravelmente. Nesse cenário, com dois meses e meio de competição, a UEFA prevê que a final da Liga dos Campeões se possa realizar no dia 27 de junho, em Istambul, precisamente três dias antes de terminarem os contratos de alguns jogadores. Já a final da Liga Europa tem a final de Gdansk, na Polónia, prevista para o dia 24 de junho.
Na prática, numa primeira análise ao calendário, não há grande margem de manobra para que as competições possam ser concluídas até ao dia 30 de junho, data limite imposta pela UEFA, uma vez que é quando terminam os contratos dos futebolistas e é, por definição, o último dia das temporadas de futebol. Nesse sentido, se a crise de saúde pública originada pelo covid-19 se prolongar para além de meados de abril, torna-se muito complicado que as competições sejam concluídas em tempo útil.
A Copa América que estava prevista iniciar-se no próximo dia 12 de junho também foi esta terça-feira adiada para 2021, devido à pandemia do coronavírus. A decisão foi tomada pela Conmebol, em sintonia com a UEFA.
A principal competição de seleções da América do Sul iria este ano passar a disputar-se nos mesmos anos dos Campeonatos da Europa, pelo que as duas confederações tomaram a decisão em conjunto. A Copa América vai manter como países organizadores a Argentina e a Colômbia, mas vai agora realizar-se entre os dias 11 de junho e 10 de julho de 2021.
"Esta é uma medida extraordinária para uma situação inesperada e responde à necessidade fundamental de evitar a evolução exponencial do vírus. Não foi fácil tomar a decisão, mas devemos proteger a saúde de nossos jogadores e de todos os que fazem parte da grande família de futebol da América do Sul. O torneio internacional mais antigo do mundo voltará mais forte do que nunca em 2021", afirmou Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol.
Aleksander Ceferin confirmou a colaboração com a confederação que gere o futebol sulamericano. "Gostaria também de agradecer a Alejandro Dominguez e à Conmebol, que concordaram em mudar a Copa América 2020 por forma a seguir as recomendações emitidas pelas organizações internacionais de saúde pública para adoptar medidas extremas e como resultado do adiamento do Euro 2020. Isso significa que clubes e ligas europeias terão o menor número possível de perturbações na disponibilidade dos seus jogadores", disse.