Rafa e Félix, a dupla infernal que segurou o Benfica na liderança

Os encarnados venceram o V. Setúbal por 4-2 e voltaram ao primeiro lugar. A equipa de Bruno Lage entrou a todo o gás, mas depois chegou a enervar-se com o atrevimento sadino.
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O Benfica garantiu este domingo a permanência na liderança da I Liga ao vencer, no Estádio da Luz, o V. Setúbal, por 4-2. Um resultado que se repete pela quarta vez na era Bruno Lage, a última das quais foi precisamente na quinta-feira com o Eintracht Frankfurt. Além disso, pela terceira vez consecutiva os encarnados fizeram quatro golos num jogo.

A noite foi da dupla infernal Rafa Silva (dois golos e uma assistência) e João Félix (um golo e duas assistências), que deram muitas dores de cabeça à defesa sadina, o primeiro com a velocidade e condução de bola, o outro com magia nos pés.

Mas não se pense que o Vitória esteve na Luz como mero figurante. Nada disso. A equipa de Sandro Mendes fez um excelente jogo a partir do momento em que o Benfica fez o 2-0, chegando mesmo a enervar os adeptos e a própria equipa encarnada.

É que passada a entrada a todo o gás do Benfica, os sadinos começaram a conseguir sair para o ataque com qualidade, através sobretudo de passes longos para a velocidade de Hildeberto Pereira e Jhonder Cadiz, mas também a partir da qualidade de passe de Rúben Micael, que foi o organizador do futebol setubalense.

O Benfica, embalado pela vitória europeia de quinta-feira, entrou a todo o gás, com um futebol rápido, com constantes trocas de posição dos seus jogadores, que deixava a organização defensiva contrária completamente de cabeça à roda. Algo que também terá sido potenciado por causa do primeiro lance da partida: foram 26 passes consecutivos entre os jogadores encarnados até que a bola chegou a João Félix, que cruzou tenso para o desvio de Rafa para o primeiro golo na partida. A primeira vez que os sadinos tocaram na bola já estavam a perder por 1-0.

Pizzi falha penálti e Rafa volta a faturar

O segundo golo só não chegou pouco depois porque o remate de João Félix, depois de driblar dois adversários, foi desviado por um defesa. O miúdo do do Benfica tanto tentou que um outro remate foi cortado por Rúben Micael na área. Rui Costa depois de informado pelo VAR e de consultar as imagens assinalou o penálti, mas Makaridze defendeu o remate de Pizzi.

O guarda-redes georgiano do Vitória estava inspirado e ia adiando o segundo golo encarnado que acabou por aparecer graças à dupla infernal. João Félix aproveitou a atrapalhação de Vasco Fernandes e, no meio de três defesas, fez um passe para Rafa rematar para o seu 12.º golo na I Liga.

O mais difícil parecia feito para a equipa de Bruno Lage, que parecia ter caminho aberto para gerir o jogo a pensar já no jogo de quinta-feira na Alemanha, com o Eintracht. Contudo, um contra-ataque conduzido por Hildeberto Pereira, permitiu a Rúben Micael assistir Nuno Valente para um remate colocado para assim fazer reentrar os sadinos na discussão do resultado.

Golaço de Félix contra a intranquilidade

A partir daí, a intranquilidade apoderou-se da equipa encarnada. O Vitória foi para a frente em busca do empate ainda antes do intervalo e o Benfica passou a não conseguir fazer três passes seguidos, muito por causa da pressão feita pela equipa de Sandro Mendes junto à área de Vlachodimos.

No início de segunda parte o filme repetiu-se e os adeptos benfiquistas enervavam-se e chegou mesmo a ouvir-se alguns assobios. Contudo, não demorou muito para que chegasse o momento da noite. Numa ataque rápido, Pizzi cruzou a meia altura e João Félix rematou de primeira para o fundo da baliza de Makaridze. Enquanto os adeptos celebravam o golo e suspiravam de alivio, o avançado de 19 anos foi abraçar-se ao irmão Hugo Félix, jogador dos iniciados que estava como apanha bolas no jogo.

O Benfica acalmou então e procurou gerir o mais o jogo na tentativa de poupar energias para o jogo europeu. Disso não se importou o V. Setúbal, que sem nada a perder, continuou a ser a equipa mais pressionante em campo e a estar mais perto da baliza. Uma grande defesa de Vlachodimos a remate de Hildeberto deu ainda mais força à equipa de Sandro Mendes que acreditou que era possível tirar algo mais do jogo e, quase sempre através de livres originados por muitas faltas cometidas pelo Benfica no seu meio campo, foi colocando a defesa encarnada em sentido.

Seferovic e um recorde de golos

Contudo, aos 77 minutos, chegou o momento de Seferovic, que recebeu uma bola na área, devolveu-a a Rafa, que voltou a colocar no suíço para fazer o quarto golo e o seu 19.º no campeonato, reforçando a liderança na lista de melhores marcadores.

O jogo estava sentenciado, mas nos instantes finais Rúben Dias cortou uma bola na sua área e bateu com a mão na cara de Vasco Fernandes. Alertado pelo VAR, o árbitro Rui Costa assinalou penálti convertido por Jhonder Cadiz. O venezuelano marcou pela terceira vez consecutiva e já vai em nove remates certeiros na Liga.

O Benfica ultrapassava assim mais um obstáculo nesta corrida palmo a palmo com o FC Porto pela conquista do título. Chegou aos 81 golos, mais um do que aqueles que marcou no anterior campeonato. Desde 1983/84 que não chegava à oito dezenas de golos tão cedo na Liga.

A Figura - João Félix

Já muito se disse sobre o talento deste miúdo de 19 anos, mas há uma coisa que é preciso destacar nele e que este domingo foi bem evidente: tem uma capacidade acima do normal para colocar todo o talento que tem ao serviço da equipa. E a maior prova disso foram os dois passes para os golos de Rafa Silva. É daqueles futebolistas que joga de cabeça levantada e que parece antes de abordar qualquer lance já sabe o que vai fazer. Marcou um grande golo, com um remate de primeira a passe de Pizzi, mas teve uma jogada que saiu do drible a dois jogadores e rematou forte, só não indo para a baliza devido ao corte de um defesa sadino. Foram duas assistências e um golo, mas é justo dizer que tem de dividir os louros da exibição com Rafa, que marcou por duas vezes, fez uma assistência e colocou a cabeça em água aos jogadores do Vitória.

VEJA O RESUMO DA PARTIDA

FICHA DO JOGO

Estádio da Luz, em Lisboa (56 463 espectadores)
Árbitro: Rui Costa (Porto)

Benfica - Vlachodimos; André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo; Pizzi, Samaris, Florentino Luís, Rafa Silva (Jota, 90'+4); João Félix (Taarabt, 80'), Seferovic (Jonas, 89').
Treinador: Bruno Lage

V. Setúbal - Makaridze; Mano, Artur Jorge, Vasco Fernandes, André Sousa; Sávio, Rúben Micael (Tiago Castro, 79'), Éber Bessa, Nuno Valente (Sekgota, 64'); Jhonder Cadiz, Hildeberto Pereira (Zequinha, 64')
Treinador: Sandro Mendes

Cartão amarelo a Rúben Micael (28'), André Sousa (54'), André Almeida (67'), Vasco Fernandes (80'), Rúben Dias (86') e Savio (90'+1)

Golos: 1-0, Rafa Silva (2'); 2-0, Rafa Silva (36'); 2-1, Nuno Valente (39'); 3-1, João Félix (56'); 4-1, Seferovic (77'); 4-2, Jhonder Cadiz (88 gp')

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