Sporting diz não ter penalizações por falhar pagamento de Rúben Amorim
Francisco Salgado Zenha, administrador financeiro da SAD do Sporting, garantiu esta quinta-feira em entrevista à SportTV+, que os leões não terão qualquer penalização pelo incumprimento dos prazos de pagamento da primeira prestação da transferência do treinador Rúben Amorim ao Sp. Braga. A notícia do incumprimento dos leões foi dada em primeira mão pelo DN na quarta-feira.
Os bracarenses defendem que o prazo pagar era 8 de março, com uma moratória que ia até 30 de março. O responsável pelas finanças dos leões garante que "de uma forma genérica, o Sporting não falhou nenhum pagamento relevante antes do covid-19 e antes do estado de emergência". E, nesse sentido, assume que "se por alguma razão o Sporting adiou algum pagamento foi porque teve de alterar a sua postura" por causa da pandemia", garantindo estar a ser feita "uma gestão responsável".
Assim sendo, Salgado Zenha garante que as responsabilidades "vão ser cumpridas", mas deixou uma ressalva: "Está previsto na lei que alterações motivadas por circunstâncias anormais após assinatura dos contratos, estes podem sofrer mudanças. Se esta alteração que estamos a viver não é anormal, não sei o que será."
O dirigente leonino considera "absolutamente ridículo falar de atraso de pagamentos a fornecedores no atual contexto" e explicou o seu ponto de vista: "O Sporting acabou de anunciar um lay-off pela primeira vez na sua história. E estamos a falar de um atraso de dias, mas o que temos feito é uma gestão séria e preocupada neste contexto, tentando criar as melhores condições possíveis para ultrapassar um contexto inacreditável."
Francisco Salgado Zenha acredita que o Sporting está atualmente "numa situação muito mais confortável" do que aquela que vivia, por exemplo, "em março de 2018 ou 2019". "A nossa situação atual permite-nos, em condições extremamente difíceis, passar por esta crise mitigando-a ao máximo, saindo daqui vivos e retomando a normalidade possível. Isto não será apenas nos meses da pandemia, é o a seguir. Ninguém vai vender bilhetes de época em junho e julho porque não há garantia que os estádios estejam abertos em agosto ou setembro", frisou.
Nesse sentido, lembrou que tem "clientes que estão a falhar pagamentos, alguns mesmo querem alterar as condições que estavam acordadas". Por isso, deixa a certeza que este tema da falta de pagamento de Rúben Amorim, cuja transferência foi acordada em fevereiro por 10 milhões de euros, tem a ver com o facto de "alguns clubes tentam colocar pressão através dos media". "Temos de fazer uma gestão rigorosa e inteligente, não olhar para o dia seguinte mas mais à frente", frisou.
Questionado sobre se o valor a pagar ao Sp. Braga passaria para os 13,8 milhões de euros no caso de a prestação em falta não seja liquidada esta sexta-feira, Salgado Zenha voltou a reforçar o entendimento dos leões sobre esta matéria: "Tudo o que são penalidades ou juros numa fase como esta, de pandemia, não incidem sobre os contratos. Temos de pagar o que comunicamos ao marcado que são 10 milhões de euros, com os respetivos planos de pagamentos e vamos cumprir com a nossa responsabilidade."
Sobre uma eventual punição de exclusão das provas europeias, no caso de os bracarenses apresentarem queixa na UEFA, Francisco Salgado Zenha mostrou-se muito tranquilo: "O fair-play financeiro só tem por incidência negócios realizados até dezembro do ano anterior, depois disso não é avaliada nenhuma transação."
Nesse sentido, lembrou que foi fechado o dossiê "difícil" do "plano de contingência para redução de custos, que passou pela renegociação de contratos, pelo congelamento de investimentos e o lay-off dos colaboradores". "A partir de agora vamos trabalhar em vários cenários possíveis para o pós-covid. Faremos plano de pagamentos a fornecedores, mas temos de fazer gestão diferente do que estávamos a fazer há um mês", frisou.
Um dos temas que se mantém em cima da mesa é o facto de ainda não haver certezas quanto à conclusão desta temporada, algo para o qual o dirigente do Sporting se mantém muito confiante. "Há muito dinheiro em jogo e não há razão para que todos os clubes não queiram acabar o campeonato", justificou.
"Se temos pessoas a trabalhar diariamente nos supermercados e nas farmácias, não vejo por que não sejam retomadas gradualmente as atividades. Não acho que os jogadores sejam um grupo de risco, como tal não vejo por que não possam jogar e entreter aqueles que estão confinados em casa. Isto desde que haja um plano de prevenção bem feito", frisou Salgado Zenha, que ainda assim não vê condições para que os jogos se realizem à porta aberta, mas "à porta fechada há condições".
Finalmente sobre os 16,5 milhões de euros que Rafael Leão foi condenado a pagar ao Sporting pela rescisão unilateral do contrato, o administrador leonino garantiu que "a intenção é receber o mais rápido possível", embora que tal não dependa exclusivamente do Sporting.