Desastrado no ataque e baralhado a defender, FC Porto complica contas
O FC Porto tinha duas missões em Glasgow. Vencer e reentrar em força nas contas do apuramento do Grupo G; e tornar-se na primeira equipa portuguesa a conseguir sair do Ibrox Stadium com um triunfo. Mas nem uma coisa, nem outra. A equipa de Sérgio Conceição, que inovou ao utilizar um esquema de três centrais que não resultou, saiu derrotada por 2-0 pelo Rangers e caiu para o último lugar do grupo, num jogo onde até entrou bem, dominou durante 20 minutos, mas depois quebrou, colocou-se a jeito e sofreu dois golos em quatro minutos. Mais do que isso, a equipa esteve desastrada no ataque. Prova disso é que em 90 minutos apenas fez um remate enquadrado à baliza.
Agora as contas ficam mais complicadas. O Grupo G é liderado pelo Young Boys, da Suíça, e pelo Rangers, ambos com sete pontos. Seguem-se depois o Feyenoord e o FC Porto, com quatro. Agora resta aos dragões tentar o tudo por tudo nos dois jogos que faltam: uma deslocação ao campo do Young Boys e depois a receção ao Feyenoord.
Sérgio Conceição mexeu na equipa em relação ao último jogo (receção ao Desp. Aves). Alex Telles voltou ao onze, depois de três jogos como suplente, e Uribe regressou ao meio-campo. E inovou no esquema tático, apostando em três centrais - Mbemba, Pepe e Marcano - com Manafá e Alex Telles mais adiantados nas alas. Uma estratégia que acabou por não resultar.
Aos oito minutos, os jogadores do FC Porto ficaram a pedir golo. Na sequência de um canto, Pepe fez um desvio e ficou inicialmente a ideia de a bola ter entrado. Mas o corte de Kamara é feito antes de a bola transpor a linha de golo.
A equipa de Sérgio Conceição entrou bem no jogo, com o meio-campo a impor-se e o esquema de três centrais (de início) a funcionar. Mas a partir dos 20 minutos, já passado o efeito surpresa dos três centrais, o Rangers equilibrou os acontecimentos, apostando nos cruzamentos para a área portista.
Os escoceses tiveram uma boa oportunidade aos 31'. Na sequência de uma perda de bola num lance entre Uribe e Mbemba, Kent cruzou e quando a bola ia direitinha para Morelos, apareceu Otávio a fazer um corte providencial e na hora certa. Antes do intervalo, Soares ainda obrigou o guarda-redes McGregor a uma grande defesa, mas estava em posição de fora de jogo.
O FC Porto, contudo, terminou o primeiro tempo com algumas dificuldades, fruto sobretudo de muitas bolas perdidas, de alguma falta de entrosamento de muita ineficácia no ataque. A primeira parte acabou com o Rangers com um pouco mais de posse de bola (52%/48%), mas com os dragões com quatro remates contra três dos escoceses (mas só um enquadrado com a baliza).
O segundo tempo começou logo com uma grande contrariedade para Sérgio Conceição - Pepe saiu lesionado e o treinador portista optou pela entrada de Luis Díaz. Uma alteração, contudo, que não desfez o esquema de três defesas, embora com reajustamentos.
Tal como no final da primeira parte, o início da segunda mostrou um Rangers mais perigoso e a chegar com mais facilidade à área do FC Porto. E aos 60', Kent rematou algo de surpresa à entrada da área e obrigou Marchesín a uma defesa apertada. Os dragões punham-se a jeito e raramente criavam jogadas junto da baliza escocesa. E a defender mostravam cada vez mais dificuldades.
Aos 64 minutos, Conceição mexeu na equipa, lançando Zé Luís para o lugar de Soares. Manafá criou umas das poucas oportunidades dos dragões no segundo tempo, valendo o corte de um defesa do Rangers. Mas aos 68', os escoceses colocaram-se em vantagem com um golo de Morielos, num lance em que a defesa portista ficou literalmente a dormir e deixou o colombiano sem marcação.
O estranho adormecimento do FC Porto depois dos 20 minutos fazia o Rangers acreditar. E aos 73', quatro minutos depois do primeiro golo, os escoceses marcaram o segundo, num lance em que Morielos (o colombiano foi um quebra cabeças) conseguiu cruzar e servir Davids, que rematou forte e com alguma sorte viu a bola bater em Marcano e trair Marchesín.
Fica a discussão sobre se o esquema de três centrais (até porque os jogadores não estão rotinados) terá sido a melhor opção neste jogo. Certamente que não, algo que no final até o treinador portista admitiu. Além disso, e ao contrário de jogos anteriores, o FC Porto, apesar de ter feito nove remates à baliza, apenas conseguiu um enquadrado, o que demonstra bem uma noite desastrada dos homens mais adiantados. Há 18 anos que os dragões não ficavam em branco numa fase de grupos de provas europeias em dois jogos consecutivos fora de casa. E assim a continuidade na Liga Europa fica mais difícil.
Estádio Ibrox, em Glasgow.
Ao intervalo: 0-0.
Marcadores: 1-0, Alfredo Morelos, 69 minutos; 2-0, Steven Davis, 73.
Rangers: McGregor, Tavernier, Helander, Goldson, Barisic, Ryan Jack, Steven Davis, Kamara, Barker (Arfield, 65), Morelos (Defoe, 85) e Kent (Aribo, 83).
Treinador: Steven Gerrard.
FC Porto: Marchesín, Manafá, Mbemba, Pepe (Luis Díaz, 49), Marcano, Telles, Danilo, Uribe, Otávio (Fábio Silva, 74), Corona e Soares (Zé Luís, 64).
Treinador: Sérgio Conceição.
Árbitro: Davide Massa (Itália).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Barisic (32), Danilo (37), Otávio (40) e Luís Díaz (90+3).