Quaresma: "A vitória está nas mãos dos médicos. Os estádios e o futebol podem esperar"

Jogador do Kasimpasa conta ao DN como é jogar à porta fechada e como preferia que o campeonato parasse: "A saúde está em primeiro lugar"
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Ricardo Quaresma joga na Turquia, um dos pouco campeonatos de futebol que ainda estão no ativo. No passado fim de semana jogou à porta fechada. A sua equipa, o Kasimpasa, recebeu o Goeztepe dos também portugueses André Castro e Beto, e venceu por 2-0, mas não ouviu os habituais aplausos das bancadas. "Jogar à porta fechada não é pior de certeza do que estar a cuidar de doentes num hospital cheio. Os médicos é que são agora os jogadores da seleção nacional, está na mão deles a vitória, os estádios e o futebol podem esperar", disse o jogador ao DN.

Na semana passada o governo turco decretou que todas as competições desportivas no país serão realizadas à porta fechada até final de abril de forma a reduzir o risco de contágio da Covid-19. Para o campeão da Europa em 2016 "custa" ser jogador nestes tempos difíceis e jogar sem adeptos nos estádio, mas há que relativizar. "Custa jogar com um estádio vazio, mas mais importante do que ser um jogador de futebol nestes tempos difíceis é ser pobre e doente nestes tempos difíceis. Nada do que eu possa passar se compara com as dificuldades que os mais fracos estão a passar neste momento, é com eles que temos de nos preocupar, é deles que temos de cuidar", disse o internacional português, defendendo que "o campeonato turco deve parar, pois a saúde está em primeiro lugar".

Quaresma é um dos 19 jogadores portugueses a jogar na liga turca. Vive em Istambul e só sai de casa para ir treinar: "A minha família está bem, protegida em casa eu vou treinar ao clube e vou aos jogos e depois venho direto para casa. É o que todos devemos fazer, ficar em casa é a única forma de controlar o alastramento."

Apesar da situação não ser alarmante na Turquia, começou a tomar algumas precauções. "No clube treinamos afastados uns dos outros e guardo distância tanto no balneário como em casa. Tomo sempre banho no final do treino e ao chegar a casa. Pelo caminho não paro em lado nenhum", contou o jogador de 34 anos, "mais preocupado com a família em Portugal".

Ricardo Quaresma tenta manter-se informado sobre o que se passa no país que o viu nascer, "lendo jornais e vendo os noticiários das televisões" e enaltece o trabalho dos médicos: "Tenham fé e apoiem os médicos e quem está a trabalhar na linha da frente, fiquem em casa e respeitem aquilo que as autoridades estão a dizer. Sejamos todos campeões, e depois, quando isto passar, voltaremos então a encher os estádios."

Há dias, numa publicação nas redes sociais o jogador apelou ao sentido patriótico dos portugueses e pediu que colocassem bandeiras à janela como fizeram durante o EURO2004 e EURO2016. "Do fundo do coração, o agradecimento de toda a minha família aos médicos, enfermeiros, técnicos de diagnósticos, auxiliares de ação médica, bombeiros e forças de segurança pública que estão em campo a jogar por todos nós. Metam a bandeira portuguesa na janela de casa para apoiar os nossos campeões que estão a trabalhar nos hospitais. Em breve teremos a vacina, mas até lá a melhor vacina é ser solidário uns com os outros. Obrigado Portugal, obrigado mundo", escreveu Quaresma.

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