Primeiros filhos da Liga Revelação e boavisteiro de I Liga sonham revalidar título

Mesmo tendo idade de júnior, nove dos 21 convocados disputaram a prova criada pela Federação Portuguesa de Futebol destinada a futebolistas sub-23. Gonçalo Cardoso é o único que já sabe o que é jogar na I Liga
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A herança deixada pela geração de 1999 é pesada, mas a de 2000 (com sete jogadores de 2001) preparou-se bem ao longo do ano para, na Arménia, revalidar para Portugal o título europeu de sub-19, conquistado há um ano na Finlândia.

No lote de 21 convocados de Filipe Ramos, que como jogador foi campeão do mundo de sub-20 em Riade, está um jogador com minutos de I Liga e quatro que já atuaram na II Liga, entre os quais dois dos nove que, embora ainda tendo idade de júnior, competiram na época passada na Liga Revelação, destinada a jogadores sub-23. Além disso, conta com seis jogadores que ajudaram o FC Porto a conquistou a UEFA Youth League, uma espécie de Liga dos Campeões do futebol jovem.

Por já ter atuado em 15 jogos na I Liga e três na Taça de Portugal ao serviço do Boavista, o central Gonçalo Cardoso é o jogador desta seleção que chega ao Campeonato da Europa com maior bagagem competitiva.

No entanto, há quatro que vêm logo a seguir, com experiência de II Liga. Em 2018-19, o extremo João Mário (20 jogos) e o médio ofensivo Fábio Vieira (um) não só se estrearam num campeonato profissional, pelo FC Porto B, como conquistaram a Youth League pelos sub-19 dos dragões, tal como o guarda-redes Francisco Meixedo, o central Levi Faustino, o lateral esquerdo Tiago Lopes e o médio Vítor Ferreira, que completam o sexteto portista neste lote de convocados. Pelo Benfica B atuaram na II Liga o lateral direito Tomás Tavares (dois jogos) e o médio ofensivo Gonçalo Ramos (seis).

A dupla encarnada jogou igualmente na Liga Revelação, onde ganhou rodagem num escalão acima juntamente com os também benfiquistas Celton Biai (guarda-redes), Gonçalo Loureiro (central), Diogo Capitão (médio defensivo) e Tiago Gouveia (extremo), assim como o lateral direito Costinha, do Rio Ave, o lateral esquerdo Afonso Freitas e o médio ofensivo Daniel Silva, ambos do Vitória de Guimarães.

Por outras paragens rodou António Gomes, avançado da equipa sub-20 dos italianos da Atalanta, que é um dos dois convocados que atuam no estrangeiro, juntamente com o extremo Félix Correia, que recentemente trocou o Sporting pelo Manchester City.

Félix Correia é um dos sete elementos da convocatória que são juniores de primeiro ano, ou seja, nascidos em 2001. Os outros são Levi Faustino - o benjamim do grupo, ainda com 17 anos -, Francisco Meixedo, Tomás Tavares, Rodrigo Fernandes (Sporting), Gonçalo Ramos e Tiago Gouveia.

De fora ficou o lesionado Úmaro Embaló, do Benfica,, assim como três jogadores às ordens de Bruno Lage na pré-época do Benfica, Nuno Tavares, Pedro Álvaro e Tiago Dantas, três sob a orientação de Sérgio Conceição na preparação do FC Porto, Tomás Esteves, Romário Baró e Fábio Silva, e três na pré-temporada do Sporting com Marcel Keizer, Nuno Mendes, Eduardo Quaresma, Rafael Camacho e Joelson Fernandes.

Estreia com a vice-campeã

A seleção portuguesa de sub-19 vai tentar revalidar o título de campeã da Europa na Arménia, troféu conquistado há praticamente um ano, na Finlândia, pela geração de ouro nascida em 1999.

A 18.º edição do Europeu do escalão, a 11.ª em que a equipa das quinas participa, disputa-se entre 14 e 27 de julho, com a seleção treinada por Filipe Ramos a ter a difícil tarefa igualar o feito de 2018, conseguido pelos pupilos de Hélio Sousa, num grupo que conta com seleções candidatas como Itália e Espanha e ainda a anfitriã Arménia.

Na cidade de Erevan, Portugal inicia a defesa do título diante da Itália, campeã em 2002, no Liechtenstein, seguindo-se a Espanha, a mais titulada no escalão, com sete troféus, na segunda ronda, e a fechar a fase de grupos a seleção da casa.

Nas quatro finais em que Portugal esteve presente, venceu apenas uma, precisamente a do ano passado, diante dos transalpinos, por 4-3, em Seinajoki, tendo anteriormente fracassado nas finais de 2017, diante da Inglaterra (2-1), em 2003, com a Itália (2-0), e em 2014, frente à Alemanha (1-0).

Nas outras edições, Portugal chegou por duas ocasiões às meias-finais, em 2013 e 2016, caindo aos pés da Sérvia e França, respetivamente, com a piores prestações a acontecerem em 2006, 2007, 2010 e 2012, em que acabou eliminado na fase de grupos.

Na caminhada para a 11.ª participação no Campeonato da Europa, a formação das quinas venceu o grupo 6 na ronda de Elite sem sofrer golos e com um pleno de vitórias, a primeira diante Escócia (4-0), graças ao autogolo de Mayo, antes de Umaro Embaló, João Mário e Romário Baró terem feito os restantes.

Seguiu-se o triunfo (3-0) sobre a Turquia, com tentos de Umaro Embaló, Gonçalo Ramos e Nuno Tavares, fechando a ronda com o mesmo resultado, frente ao Chipre, depois de um hat-trick de Pedro Neto.

Do lote inicial de 23 atletas escolhidos por Filipe Ramos, o guarda-redes João Valido, do Vitória de Setúbal, e os defesas Pedro Ganchas, do Benfica, e Tiago Gonçalves, do Belenenses, acabaram por ser preteridos, assim como o avançado encarnado Umaro Embaló, que se lesionou a poucos dias da partida para a Arménia, entrando para o seu lugar o colega de equipa do Benfica Tiago Gouveia.

Portugal está inserido no grupo da Itália, que defronta em 14 de julho, pelas 18.00 (hora de Lisboa), medindo forças depois com a Espanha, em 17, pelas 15.45, e por fim com a anfitriã Arménia, em 20, pelas 18.00.

Inseridas no Grupo B estão as seleções da República Checa, República da Irlanda, Noruega e França, três vezes campeã no escalão.

Apuram-se para as meias-finais, agendadas para 24 de julho, os dois primeiros classificados de cada grupo. A final realiza-se em 27.

Selecionador pensa jogo a jogo

O treinador da seleção portuguesa de futebol de sub-19 mostrou-se "orgulhoso" por orientar a equipa que vai defender o título de campeã no Europeu da categoria, na Arménia, sem esconder o "sonho" de levantar o troféu. Filipe Ramos, em entrevista à agência Lusa, falou do primeiro adversário do grupo A, a Itália, e rejeitou fazer comparações com a seleção que triunfou na Finlândia, em 2018. "Estamos orgulhosos, sabemos que defendemos o título, mas encaramos só a Itália, com o primeiro jogo", frisou Filipe Ramos, apontando as diferenças entre a sua seleção e a de Hélio Sousa.

Para o treinador, são "gerações diferentes" e a comparação apenas pode estar assente em "elevar o nome de Portugal" no torneio, que decorre entre 14 e 27 de julho.

"Sim, é sempre difícil fazermos esse tipo de comparação com gerações, porque jogam [de forma] diferente também, até pelas características dos jogadores. A única coisa que pode ser comparada é a forma como vamos dignificar o nome de Portugal, como os de 99 fizeram", argumentou.

Sobre os três adversários, Itália, Espanha e Arménia, Filipe Ramos insistiu na importância de começar com um triunfo na estreia, em 14 de julho, diante dos transalpinos. "Expectativas são aquelas que nos propusemos neste espaço. Vamos disputar este primeiro jogo com a Itália, jogo difícil, importante, já a defrontámos, ganhámos uma vez e perdemos outra. Sabemos da qualidade da equipa deles e preparámo-nos para fazer um bom resultado", apontou.

Ficar nos dois primeiros classificados do grupo e avançar para as meias-finais é "o objetivo" inicial da equipa das quinas, mas com o "sonho" de reconquistar o título do escalão no horizonte. "É sempre bom [estar nesta posição], pela satisfação enorme de fazermos parte da formação e termos o conquistado um torneio. Das oito seleções, todas elas, no fundo, têm esse sonho e ambição. Nós não fugimos à regra e temos mostrado qualidade durante os anos na formação", enalteceu.

Filipe Ramos reforçou ainda que o pensamento está "no jogo a jogo" e alerta para os eventuais perigos da anfitriã Arménia. "Vão jogar em casa, têm a expectativa até pela organização do Europeu, num grupo de quatro em que a passagem dá logo acesso às meias-finais. Vai ser difícil, é jogo a jogo e o mais importante é a Itália", assinalou.

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