Mourinho em retoma para desempatar duelo inglês com Guardiola

Duas vitórias para cada lado nos cinco jogos entre ambos em Inglaterra. Numa das melhores fases da época, português tem sido defendido por colegas de profissão e começa a estar em sintonia com Pogba e Martial

Depois de um arranque de época difícil, em que o seu lugar esteve em causa e teve de lidar com o fantasma de Zinedine Zidane, José Mourinho vai dando sinais de retoma e o seu Manchester United vai este domingo (16.30) para o dérbi da cidade, no terreno do City, a viver a melhor fase da época, com três vitórias consecutivas em todas as provas e quatro jogos seguidos sem perder para a liga inglesa.

Se no início da temporada uma das estrelas da companhia, Paul Pogba, estava em guerra aberta com o português, agora o ambiente entre ambos é bastante diferente. "Ele corrigiu o seu relacionamento com Mourinho e está mas calmo agora", confirmou o agente do francês, Mino Raiola, à RaiSport. Outro dos jogadores teve desaguisados com o setubalense, Anthony Martial, parece estar finalmente a impor-se em Old Trafford, após cinco golos nos últimos quatro jogos do campeonato. "Nunca desisti dele e sempre soube que estava a tomar as decisões certas, mesmo que isso o obrigasse a atravessar alguns períodos complicados. Para se tornar verdadeiramente num jogador de topo, ele tinha de ultrapassar as barreiras que eu lhe meti à frente. Ele tem um talento fenomenal, mas era uma questão de perceber a diferença entre o que é um jogador de topo e um jogador talentoso", confidenciou Mourinho, a recuperar a aura de special one.

Até as palavras e atitudes do português, outrora tão criticadas e esmiuçadas, começam a ser defendidas, como foi o caso da mão na orelha após a vitória (2-1) a meio da semana no campo da Juventus, em jogo da Liga dos Campeões em que foi insultado pelos adeptos italianos no decorrer dos 90 minutos. "Algumas pessoas podem não gostar, mas eu adoro aquilo nele", disse Gary Neville. "A reação de Mourinho é compreensível, porque não foi vulgar, apenas irónica. Após 90 minutos de insultos, pode acontecer", considerou Carlo Ancelotti. "Se provocas um leão, claro que ele vai rugir", atirou Luciano Spalletti.

De repente, como disse o químico francês Antoine Lavoisier no século XVIII, "nada se perde, nada se cria, tudo se transforma". E tudo parece estar a transformar-se a favor de Mourinho e do Manchester United que, afinal, se vencer este domingo na casa do vizinho City, reduz para seis pontos a diferença entre as duas equipas e relança-se na corrida pelo título inglês, que lhe foge desde 2012/13.

Olhando para aquilo que têm sido os dois clubes de Manchester no último ano e meio e para o histórico de confrontos entre José Mourinho e Pep Guardiola, pode haver a ideia de que estão a anos-luz de distância, mas a verdade é que estão empatados desde que coincidem na Premier League. Em cinco confrontos entre ambos os técnicos em Inglaterra, duas vitórias e seis golos para cada lado (e um empate).

Sem crispação entre "bons rapazes"

Em abril, o último dérbi até sorriu ao português (3-2), precisamente no Estádio Etihad, e após ter estado a perder por 0-2, num jogo que poderia ter garantido o título inglês para os citizens. "Não é especial pelo que aconteceu na época passada mas é especial porque é um dérbi de Manchester. Não somos uma equipa que desista. Somos uma equipa que encontra uma forma de lutar", atirou esta sexta-feira o técnico dos red devils, que já esta época viu os seus homens operarem reviravoltas nas partidas frente a Juventus (0-1 para 2-1), Bournemouth (0-1 para 2-1) e Newcastle (0-2 para 3-2).

Os argumentos do United colocaram em sentido o City, que acredita que o vizinho não vai ficar de fora da corrida pelo título em caso de derrota no dérbi. "Nem pensar. É impossível pensar isso em novembro. Mostraram que podem dar a volta em jogos difíceis, representam um grande clube, que tem uma grande mentalidade", frisou Guardiola, que tem vantagem no confronto direto com o timoneiro sadino: 9 vitórias, 7 empates, 5 derrotas e 34 golos marcados contra 24 sofridos em 21 encontros.

Juntos, Mou e Pep protagonizaram um período de grande crispação entre Real Madrid e Barcelona entre 2010 e 2012 mas, a julgar pelas palavras do catalão, o fair play britânico terá ajudado a dar um ambiente mais saudável à rivalidade entre os dois treinadores: "Eu e Mourinho somos bons rapazes, mais do que possam imaginar."

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