Noite de pesadelo deixa leões perto do adeus à Europa
Noite de pesadelo em Alvalade, com o Sporting a sair derrotado pelo Villarreal, por 1-0, ficando assim em maus lençóis para garantir um lugar nos oitavos-de-final da Liga Europa. Será preciso um leão bastante melhor para conseguir dar a volta à eliminatória no El Madrigal, na próxima semana, e carimbar o apuramento.
A derrota desta quinta-feira foi bastante embaraçosa para o treinador Marcel Keizer que na conferência de imprensa de antevisão a esta partida já tinha dito que a sua equipa não estava obrigada a eliminar o Villarreal, equipa que ocupa o penúltimo lugar da Liga espanhola e que chegou a Lisboa numa série de dez jogos sem vencer (três derrotas e sete empates).
Pois bem, como se isso não bastasse, a sua equipa apresentou-se em campo sem chama, sem ideias e, pior do que tudo, sem garra para ultrapassar as adversidades que começaram logo aos três minutos quando o nigeriano Chukwueze ganhou em velocidade a Acuña, que voltou a ser defesa-esquerdo, e cruzou para a área, onde ninguém conseguiu afastar a bola até que apareceu Alfonso Pedraza a rematar para o fundo da baliza de Salin, que voltou à baliza leonina.
Os espanhóis não podiam ter melhor entrada na partida, pois colocando-se a vencer podiam fazer valer a experiência de alguns dos seus jogadores, para gerir o ritmo da partida, baixando a sua linha defensiva para obrigar a Sporting a expor-se aos seus contra-ataques, procurando beneficiar da velocidade do jovem Chukwueze e o viruosismo de Pablo Fornals.
A equipa de Marcel Keizer, que apresentou sete mudanças no onze, mostrou desde logo falta de capacidade de mudar o ritmo do jogo, pois no meio-campo Petrovic e Miguel Luís surgiram muito desligados de Bruno Fernandes, desta vez pouco inspirado e sempre vigiado nas aproximações à área. Os jogadores do Sporting tinham mais bola, mas passavam a trocá-la de forma bastante lenta e previsível, impedido que a bola chegasse em condições à área onde Bas Dost estava muito desacompanhado, uma vez que os extremos Jovane e Raphinha raramente faziam diagonais para aparecer na área e baralhar assim as marcações.
Durante a primeira parte, acabou por ser Coates a criar as melhores situações perigosas junto da baliza de Andrés Fernández (guarda-redes que passou pelo FC Porto), mas sempre ameaçar verdadeiramente a solidez defensiva dos espanhóis.
Era preciso um Sporting mais veloz e com mais atitude na segunda parte, mas o que aconteceu foi precisamente o oposto. O Villarreal ficou mais confortável no jogo, equilibrou a posse de bola e jogou durante muito tempo no meio-campo leonino. Pedraza, o defesa-esquerdo, foi aparecendo vezes em boa situação para poder visar a baliza de Salin. Voltou a ser Coates, o mais inconformado na equipa leonina, a manter Andrés Fernández em sentido, mas eram sempre ações muito esporádicas e em esforço.
Na única vez que houve alguma criatividade e velocidade, Raphinha conseguiu passar por Mario Gaspar e ofereceu o empate a Bas Dost, mas aí o guarda-redes espanhol fez a defesa da noite. Keizer lançou depois Luiz Phellype e Wendel para o lugar dos apagados Petrovic e Jovane Cabral na tentativa de fazer um assalto final à baliza do Villarreal, mas tirando um desvio de Raphinha ao poste, na sequência de um canto, nada mais se viu.
E tudo ficou bem pior aos 77 minutos quando Marcos Acuña viu o segundo amarelo e foi consequentemente expulso. O Sporting ficou com dez e perdeu um dos seus jogadores mais importantes - desde que não seja utilizado a defesa-esquerdo - para o jogo da segunda mão em Espanha. E foi nesse momento que os leões acabaram no jogo. A equipa ficou desorientada e os espanhóis jogaram com isso, arrancando algumas faltas que irritaram os leões.
Com o apito final do árbitro chegaram os assobios e alguns lenços brancos, afinal, o Sporting acabara de hipotecar as hipóteses de continuar na Liga Europa perante o penúltimo classificado da Liga espanhola, que aproveitou a deslocação a Alvalade para quebrar um jejum de triunfos que durava desde o dia 13 de dezembro.
Os leões perderam pela segunda vez consecutiva no seu estádio (Benfica e Villarreal), algo que não acontecia desde a época 2012/13 e, pior do que isso, dão sinais de uma grande permeabilidade defensiva, afinal já vai em oito jogos consecutivos a sofrer golos e desta vez não marcou nenhum.
Ainda tentou cortar o cruzamento de Chukwueze para o golo de Pedraza, mas não foi feliz. Contudo, foi o jogador com mais atitude na equipa leonina, com alguns cortes que impediram o sucesso do contra-ataque do Villarreal, e a isso juntou a determinação com que apareceu no ataque na tentativa de visar a baliza contrária
FICHA DO JOGO
Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Clément Turpin (França)
Sporting - Salin; Bruno Gaspar (Ristovski, 28'), Coates, André Pinto, Acuña; Petrovic (Wendel, 70'), Miguel Luís, Bruno Fernandes; Raphinha, Bas Dost, Jovane Cabral (Luiz Phellype, 70')
Treinador: Marcel Keizer
Villarreal - Andrés Fernández; Mario Gaspar, Álvaro González, Víctor Ruiz, Alfonso Pedraza; Manu Trigueros (Cáseres, 63'), Javi Fuego, Ramiro Funes Mori; Chukwueze (Daniel Raba, 74'), Carlos Bacca, Pablo Fornals (Vicente Iborra, 80')
Treinador: Javi Calleja
Cartão amarelo a Acuña (6' e 77'), Miguel Luís (16'), Raphinha (45'+2), Cáseres (90'+2), Luiz Phellype (90'+4). Cartão vermelho a Acuña (77')
Golos: 0-1, Alfonso Pedraza (3')