Jesus sobre o ataque a Alcochete: "Parecia um filme de terror"
O treinador do Al-Hilal recordou "os momentos difíceis" que viveu na última semana que passou no Sporting e revelou que Sousa Cintra quis que ele voltasse a Alvalade
Jorge Jesus recordou, em entrevista à Bola TV, que viveu "momentos difíceis" quando os adeptos do Sporting invadiram a Academia, em Alcochete, naquela que foi a sua última semana ao serviço dos leões.
"Ninguém tem a noção do que se passou. Parecia um filme de terror... Tochas no balneário, ameaças em alto e bom som, diziam que nos iam matar... agressões... Não é por acaso que nunca mais consegui entrar na Academia, até pedi ao Márcio e ao Paulinho para trazerem as minhas coisas. Nunca mais lá entrei", recordou o agora treinador do Al-Hilal, da Arábia Saudita.
O técnico de 63 anos garante que os dias que se seguiram ao ataque e antecederam a final da Taça de Portugal, com o Desportivo das Aves, foram "muito complicados para os jogadores do Sporting". "Reconheço que não deveria ter aceitado jogar aquela final, deveria ter feito tudo para impedir a sua realização. Eu e as pessoas que têm responsabilidade no Sporting", assumiu, reconhecendo que não olhou muito para os interesses do Sporting: "Olhei mais para os interesses do futebol. Achava que não era bom anular aquela final devido ao que se passou na Academia. Tínhamos de mostrar que há quem manda, que as instituições não se intimidam."
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
A final da Taça de Portugal também é uma espécie de pesadelo para Jesus. "Penso várias vezes nisso. Sentia-me impotente, que os jogadores não ouviam e eu não era o mesmo. Emocionalmente foi muito forte. Logo no aquecimento apercebi-me de que não tinha equipa e não podia fazer nada. Tive uma conversa muito bonita com Rui Patrício, um grande profissional. Senti-o muito nervoso, parecia que ia fazer o seu primeiro jogo", revelou o treinador português.
Jesus aproveitou a oportunidade para agradecer a Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol. "Teve o cuidado de me ligar várias vezes para saber se eu achava bem que a final se realizasse. Foi, de facto, um dia traumatizante para mim. Perdi finais da Liga Europa, mas nenhuma me traumatizou tanto como esta final da Taça de Portugal", assumiu.
Numa outra entrevista, mas à CMTV, garantiu que Sousa Cintra, atual presidente da SAD do Sporting, "tentou tudo" para que Jesus voltasse a Alvalade. "Podia ter voltado atrás, mas dei a minha palavra ao presidente do Al-Hilal e não o podia atraiçoar", sublinhou.