"Quartos sem iluminação, sujos, com um cheiro a urina..." Equipa de basquete feminina alojada sem condições
A ACD Ferragudo está "indignada" com o que se passou com a equipa de sub-16 feminina de basquetebol que disputou no passado fim de semana, em Mafra, a Final Four Nacional. Segundo o diretor do clube algarvio contou ao DN, a equipa do ACD Ferragudo (bem como uma equipa da Figueira da Foz e uma da Madeira) foi alojada na Escola das Armas, no já desativado Quartel de Mafra, "em quartos sem iluminação, sujos, com um cheiro nauseabundo, colchões manchados de urina, janelas sem vidros, uma retrete para toda a equipa e staff de 22 pessoas". (Ver imagens disponibilizadas pela ACD Ferragudo, depois de tiradas no local em questão.)
Segundo a informação que foi dada à ACD Ferragudo, a questão do alojamento foi solicitada à Câmara Municipal de Mafra, que por sua vez endereçou o pedido para o Exército para ceder a Escola das Armas, no desativado quartel de Mafra. "Foi tudo feito em cima do joelho e as miúdas é que sofreram", atira o diretor do clube algarvio. "Nós somos do Algarve e viajámos no autocarro da Câmara diretos ao jogo, que era depois das 22.00 e só depois, por volta da 01.00 chegámos ao alojamento e nem queríamos acreditar no que víamos. Nós, que fomos no autocarro da Câmara que teve de nos deixar e regressar ao Algarve, ficámos sem transporte para sair dali, as miúdas a chorar que não queriam ficar ali e os pais a pressionar para irem embora. Foi uma noite em branco para toda a gente", contou Pedro Nuno.
No dia a seguir a equipa foi jogar sem terem "dormido um minuto". Ou melhor, "algumas adormeceram em cima da mesa depois de comerem..." . Certo é que não voltaram ao quartel: "Arranjaram uma solução para a segunda noite, que foi dormir numa sala de um ginásio do pavilhão em colchões da piscina."
Uma situação que Pedro Nuno não entende visto que a organização de uma prova destas exige um caderno de encargos com requisitos mínimos e obrigatórios e um deles é o alojamento. O que acontece é que a Federação delegou na Associação de Lisboa a organização, que por sua vez recorreu a um clube local, os Linces de Mafra, para a realização do evento. Estes, por sua vez, pediram o apoio do município, há apenas duas semanas, o que "é ridículo" se atendermos a que estamos a falar de uma fase final de um campeonato nacional, na opinião de Pedro Nuno da ACD Ferragudo.
Uma situação que "envergonha todos os envolvidos, incluindo o Exército, que é proprietário da Escola das Armas", acusa.
Confrontada pelo DN a Câmara Municipal de Mafra remeteu explicações para um comunicado. No documento enviado ao DN, o município confirma a versão do clube e atribui responsabilidades à Associação de Basquetebol de Lisboa: "O Presidente da ABL, após visita a estas instalações, validou a sua utilização pelas atletas, pelo que se imputam responsabilidades a esta associação pela escolha do espaço de alojamento, aliás sua competência enquanto entidade organizadora, e se rejeitam quaisquer responsabilidades por parte da EA [Escola de Armas]."
"No dia 1 de junho, durante a manhã, a CMM tomou conhecimento de que as equipas se encontravam insatisfeitas face às condições de alojamento disponibilizadas e, de imediato, mesmo não sendo sua responsabilidade, disponibilizou espaço alternativo no Parque Desportivo Municipal de Mafra, tendo a Associação Cultural e Desportiva de Ferragudo aceite esta sugestão, enquanto o Sporting Clube Figueirense, por decisão das atletas, permaneceu nas instalações da EA", pode ler-se no documento da Câmara, em que lamenta a publicação em redes sociais de fotografias e imagens que não foram do foram utilizados para dormida das atletas.
A Associação de Basquetebol de Lisboa, por intermédio do presidente Rogério Mota, reconhece "justiça nas críticas" e assume responsabilidade, embora lhe pareça que esteja a ser dado um "empolamento demasiado excessivo ao caso". O dirigente admite que visitou as instalações em conjunto com a Escola de Armas e a Câmara Municipal de Mafra e verificou que as mesmas "tinham algumas deficiências, mas nada de transcendente", frisando que nem todas as imagens divulgadas pela ACD Ferragudo correspondem ao espaço em que as atletas ficaram hospedadas.
O DN também contactou a Federação de Basquetebol de Portugal, mas até ao momento não obteve reação.