Final cruel para o Benfica que vê os oitavos-de-final ficarem mais longe
O Benfica comprometeu esta terça-feira o apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões ao perder em Amesterdão, com o Ajax, por 1-0. Foi já no segundo dos três minutos de tempo extra concedidos pelo árbitro que o marroquino Mazraoui bateu Vlachodimos, num lance em que a bola ainda desviou em Grimaldo. Um golo com sabor a injustiça tendo em conta o equilíbrio que existiu durante uma partida de grande qualidade, com oportunidades para os dois lados.
Agora, os encarnados estão obrigados a ganhar ao Ajax em casa, de preferência por mais de um golo de diferença, e depois, partindo do princípio que vence o AEK Atenas em casa, é preciso pelo menos empatar em Munique ou esperar que os holandeses não vençam na Grécia e percam no seu terreno com o Bayern. Contas complicadas, causadas pelo golo tardio na Arena Johan Cruijff, mas também pelo empate que o Ajax conseguiu em Munique na segunda jornada deste grupo E.
O Benfica abordou muito bem esta partida, procurando aproveitar os espaços concedidos pela organização defensiva do adversário, sobretudo através das movimentações de Rafa Silva, com diagonais da esquerda para o meio, conjugadas pelas movimentações de Seferovic. E foi assim que logo aos três minutos, o extremo encarnado obrigou o guarda-redes Onana a uma grande defesa. Não demorou muito até Seferovic, a passe de Salvio, ter estado perto de abrir o marcador, com a bola a ser tirada em cima da linha.
O Ajax estava desconfortável no jogo perante os problemas que o Benfica lhe colocava no jogo, mas ainda assim não deixava de responder numa partida jogada a grande velocidade e com muita qualidade, como se fosse uma homenagem à estrela que dá o nome ao estádio: Johan Cruijff, pois claro. Com o passar do tempo, os holandeses assumiram mais o controlo do jogo e foi ensaiando alguns remates de longe, que foram encontrando Vlachodimos, que havia de começar a brilhar aos 23 minutos quando Dolberg lhe apareceu sozinho pela frente.
Na equipa de Erik ten Hag destacava-se a facilidade de passe e a leitura de jogo de Van de Beek, que facilitava as rápidas variações de flanco dos holandeses e o jogo de passes consecutivos para o qual o Benfica estava preparado, raramente se desorganizando. Ainda antes do final da primeira parte, o Ajax voltou a estar muito perto de abrir o marcador por Dolberg, na sequência de um canto, tendo valido Germán Conti a tirar a bola em cima da linha. O argentino, que rendeu o castigado Rúben Dias, via coroado nesse momento uma exibição bastante segura, que apenas seria manchada no final da partida...
O intervalo chegava com um empate a zero, num jogo que merecia golos pela qualidade exibida pelas duas equipas. No recomeço, registou-se um período algo incaracterístico, com as duas equipas algo receosas e, talvez por isso, a perderem a bola consecutivamente. Com dificuldades em entrar na área benfiquista, o Ajax voltava a testar a meia distância, mas acabou por ser o Benfica a criar a primeira grande ocasião após o intervalo, quando Seferovic serviu Salvio na área, mas o argentino não chegou a tempo para desviar. Logo a seguir foi o suíço a obrigar Onana a mais uma grande defesa.
A estratégia da equipa de Rui Vitória a partir desse momento foi esperar pelo adversário para tentar surpreender em ataques rápidos em que pudesse desequilibrar os holandeses. E foi então que apareceu Onana aos 74 minutos, mais uma vez, a defender com o pé um remate de Rafa. Na resposta, foi Vlachodimos a defender com estilo um remate frontal de Van de Beek. Após esse minuto louco, o jogo acalmou um pouco, com o Benfica a perceber que o empate seria um bom resultado para as contas do apuramento, enquanto o Ajax parecia estar a preparar o assalto final à baliza.
E foi mesmo isso que aconteceu, primeiro com De Jong a rematar para Conti desviar para canto e depois, já em tempo extra, a beneficiar do único erro do defesa argentino do Benfica em toda a partida. Aproveitou o brasileiro David Neres para lançar o perigo do lado esquerdo, mas o alívio da defesa encarnada encontrou Mazraoui que rematou para o fundo da baliza.
De forma bastante inglória, o Benfica perdia um ponto que era precioso na luta pelo segundo lugar ao minuto 90+2. Um golo cruel, como foi aquele sofrido pelos encarnados em maio de 2013 naquele mesmo estádio na final da Liga Europa com o Chelsea. Desta vez, não havia um troféu em jogo, mas voaram 900 mil euros pelo empate e podem ter voado também os 9,5 milhões de euros relativos à qualificação para os oitavos-de-final da Champions.
Num jogo em que os guarda-redes das duas equipas brilharam, o do Benfica voltou a mostrar grande classe com duas defesas fantásticas que podiam muito bem ter garantido um ponto à equipa de Rui Vitória. A primeira quando Dolberg lhe apareceu sozinho pela frente e a segunda a desviar com a mão um remate frontal de Van de Beek que levava selo de golo. No resto, Vlachodimos esteve sempre seguro nos remates de longe e era daqueles a quem a derrota mais deverá saber a injustiça, até porque nada podia fazer no golo marcado pelo Ajax. Além do guarda-redes, merecem também destaque Fejsa, pela na forma como controlou o jogo a meio-campo, Rafa Silva e Seferovic.
FICHA DO JOGO
Arena Johan Cruijff, em Amesterdão (50000 espetadores)
Árbitro: Ruddy Buquet (França)
Ajax: Onana; Mazraoui, De Ligt, Daley Blind, Tagliafico; Lass Schöne, Van de Beek (David Neres, 88'), Frenkie de Jong; Ziyech, Dolberg, Tadic
Treinador: Erik Tem Hag
Benfica: Vlachodimos; André Almeida, Germán Conti, Jardel, Grimaldo; Fejsa, Pizzi (Gabriel, 79'), Gedson Fernandes; Salvio, Seferovic, Rafa Silva (Franco Cervi, 90')
Treinador: Rui Vitória.
Cartão amarelo a Jardel (9'), Mazroui (22'), Onana (39'), Tagliafico (49'), Conti (64'), Salvio (72') e Seferovic (86').
Golo: 1-0, Noussair Mazroui (90'+2)
FILME DA PARTIDA