João Sousa foi abordado para integrar Conselho de Jogadores do ATP
"Já fui abordado por várias pessoas do ATP para integrar o Conselho de Jogadores, uma vez que falo várias línguas e tenho alguma apetência a nível social, mas nunca aceitei. Prefiro estar mais focado na minha carreira. Não que não goste, mas não quero estar envolvido em questões mais políticas e burocráticas", revelou em entrevista à agência Lusa o jogador vimaranense, fluente em inglês, francês, italiano, espanhol e catalão, além da língua materna.
Embora não esteja envolvido diretamente no órgão representativo dos jogadores, o minhoto vai acompanhando as questões políticas do circuito e assegura não existir uma tentativa para fazer cair Chris Kermode da presidência do ATP, como tem sido avançado em alguns meios.
"Nenhum jogador quer tirá-lo da presidência do ATP, simplesmente o contrato dele acaba no final de 2019. O Conselho de Jogadores está descontente com algumas decisões tomadas pelo Chris Kermode que não são benéficas para nós e, por isso, há algum descontentamento em relação a ele", explicou Sousa, sublinhando que o atual presidente do ATP, neste momento, "não tem a simpatia dos jogadores" para renovar o mandato.
Tendo em conta "as decisões tomadas em prol dos torneios e não em prol dos jogadores", quando "algumas decisões deveriam ter sido tomadas a favor dos jogadores", o tenista português manifesta o seu apoio ao elenco composto por Djokovic, Kevin Anderson, Yen Hsun-Lu, John Isner, Robin Haase, Sam Querrey, Jamie Murray, Bruno Soares, Vasek Pospisil e Stefano Travaglia.
"Votei nos jogadores que estão no Conselho, são os nossos representantes, e confio no trabalho que estão a fazer, no sentido de fazer com que o ténis seja cada vez melhor e haja mais benefícios para os jogadores. O Conselho de Jogadores tem todo o meu apoio e aquilo que decidirem será de acordo com a minha opinião", finalizou.
João Sousa está prestes a celebrar o 30.º aniversário e diz ambicionar jogar a um nível cada vez mais elevado e aproximar-se dos jogadores que dominam o ténis mundial nos anos que lhe restam no circuito ATP.
"Gostava de ser melhor jogador, tentar jogar melhor contra os melhores do mundo, como já o fiz muitas vezes, mas sentindo estar mais próximo do nível deles e que os posso vencer, como já aconteceu também. Acho que é a ambição de todos os jogadores, poder fazer bons resultados e evoluir. É como se fosse uma droga, sentir-se jogador, a jogar bem, competitivo... é o que mais desejo e ambiciono", confessou, em declarações à agência Lusa.
Longe de "imaginar quantos anos lhe restam de circuito", o vimaranense, 39.º do 'ranking' mundial, assegura que vai "continuar a jogar enquanto o corpo permitir, tiver vontade de competir, de estar no circuito e apreciar o estilo de vida" que tem.
"Enquanto estiver bem fisicamente, motivado e com vontade de melhorar e jogar ténis, vou continuar. Não sei se por mais dois ou quatro anos. Mas o meu objetivo é jogar por mais alguns anos", afirmou o número um português.
Sousa saiu de casa dos pais em Guimarães aos 15 anos para apostar numa carreira profissional e, embora tenha passado metade da sua vida em Barcelona, onde reside desde então e conheceu a sua namorada há cerca de 10 anos, é em Portugal que se imagina a plantar o seu futuro.
"Sempre tive o objetivo de voltar e estar mais próximo da minha família, não sei se em Guimarães ou se em Lisboa, por exemplo, mas quero voltar para Portugal. Imagino-me casado, com filhos, dois ou três, e oxalá possa estar ligado ao ténis. Não sei se com uma Academia, se como selecionador nacional, se como treinador, mas quero manter-me ligado a esta modalidade que amo e à qual posso transmitir alguma coisa da minha aprendizagem", projetou.
À família e a todos os que lhe são próximos João Sousa atribui grande parte do seu sucesso ao longo dos últimos anos em que tem partilhado os 'courts' com Novak Djokovic, Rafael Nadal, Roger Federer e companhia, num circuito em que já ocupou o 28.º lugar da hierarquia mundial, em maio de 2016.
"São parte fundamental. Dedicam-me muito tempo e sacrificam muito para estarem comigo, porque se não fosse assim o meu êxito não seria igual. E todos eles são conscientes do papel que têm nesse aspeto, vivem as derrotas e vitórias tal como eu. Sei que existe uma dedicação e um sacrifício enorme para que me sinta bem, querido e possa estar nas melhores condições para jogar a bom nível", confidenciou aquele que se descreve como "uma pessoa honesta, preocupada com os outros, fiel aos seus princípios, muito competitiva, algumas vezes demasiado, e por vezes muito teimosa".