Esta seleção "não é para velhos" e não chegou para a Namíbia
Portugal foi batido esta tarde, em Taveiro, pela Namíbia, por 23-29 e apesar da boa atitude da jovem seleção nacional os Lobos mostraram estar ainda muito tenrinhos para jogos desta dimensão física.
Apresentando uma equipa muito jovem - 9 jogadores entre os 23 tinham 21 ou menos anos e acima do 25 anos só encontrávamos 3 atletas, num conjunto em que nenhum jogador somava mais que 20 internacionalizações -, uma seleção nacional que claramente não é para velhos encerrou hoje, no estádio Sérgio Conceição, em Taveiro (Coimbra), a denominada janela internacional de outono, perdendo frente à mundialista Namíbia, que assim, depois das derrotas neste mês de novembro, diante de Rússia (47-20) e, no último sábado, frente à Espanha, em Madrid (34-13) consegue fechar o ano de 2018 de forma positiva.
Com muita chuva e a jogar contra o vento, tal como há 15 dias na Roménia, o nosso imberbe quinze cedo começou a sofrer e logo aos 4" o asa Forbes, aproveitando um buraco na defesa nacional e flagrante falha de placagem, concluiria intenso domínio inicial dos namibianos com o ensaio inaugural da partida (0-7).
Mas a resposta dos Lobos seria imediata. E aos 7" após um segundo alinhamento imperialmente conquistado por Rui d"Orey (boa opção do capitão Salvador Vassalo, preferindo não chutar aos postes penalizando faltas sucessivas adversárias), surgiria nas franjas do maul precisamente Vassalo a igualar o resultado (7-7) naquele que foi o seu terceiro ensaio internacional do ano.
Com os seus atletas, mais poderosos e confortáveis no contacto, a Namíbia (24.ª posição do ranking mundial) mandava no jogo mas toda a sua supremacia apenas redundaria em 3 pontos numa penalidade convertida por Cliven Loubser aos 16". E depois de uma bela perfuração de Nuno Sousa Guedes que, já dentro dos 22 contrários, acabaria por largar a oval - e repetiria esse erro tantas vezes ao longo da partida... - após dar e receber do seu formação Francisco Vieira, Portugal empataria a 10-10 numa penalidade do próprio Nuno Sousa Guedes por falta na touche ao ser carregado o saltador David Wallis.
A poderosa mas limitada seleção africana - que estará no próximo Mundial pela sexta vez consecutiva! - montava sucessivas fases à mão no nosso meio-campo (60% de domínio territorial nos primeiros 40 minutos), mas os Lobos defendiam com grande atitude e obrigavam os namibianos a cometer muitos erros. Contudo, muito presos, os jovens de Martim Aguiar não se libertavam nem tentavam arriscar o mínimo que fosse e, contra o vento, o jogo tático ao pé continuava a ser uma lástima e pouco se ganhava com essa arma que tão destruidora pode ser se bem utilizada.
E só nos últimos 5 minutos do 1.º tempo o resultado finalmente sofreria nova alteração. Primeiro num ensaio namibiano pelo talonador Nortje após nova quebra da nossa linha defensiva (adiada por grande placagem do incansável Sebastião Villax) e em cima do apito para o intervalo com o defesa estreante Manuel Marta a receber excelente passe interior de Sousa Guedes, para fazer o ensaio que empatava a partida a 17-17 no descanso.
A 2.ª parte, com a chuva mais inclemente e progressivamente a ensopar o relvado e a bola, foi mais mal jogada e desinteressante. E com o avolumar dos minutos o poder físico namibiano iria ditar lei. E tal foi flagrante nos dois facilitados ensaios do centro Greyling e do ponta Tromp (aquele num contra-ataque pelo lado fechado com Tromp a derrubar um português como se fosse de cartolina antes de transmitir a bola e este num ressalto depois da oval embater na cabeça de Rodrigo Freudenthal!). E com Sousa Guedes a converter uma penalidade, aos 67" a Namíbia liderava por relativamente confortáveis 29-20.
O "três de trás" português continuava com dificuldades para responder ao ser bombardeado com pontapés altos e os muitos erros de manuseamento de parte a parte, tornavam o jogo feio e pouco fluido, o que agradava sobremaneira aos visitantes e impedia Portugal de se aproximar com perigo da área contrária.
A 5 minutos do fim Sousa Guedes (13 pontos em pontapés e um passe para ensaio mas tanta bola desperdiçada...) ainda reduziria para 23-29, resultado que já não sofreria modificação. Até por que no lance final, a opção do capitão Vassalo de jogar à mão uma falta que poderia ter permitido um alinhamento a 5 metros da linha de ensaio namibiana (...) acabou por não resultar, terminando o encontro com uma derrota justa e até natural, mas que poderia claramente ter sorrido a Portugal se, em determinados lances tivesse havido outro discernimento, maior calo... e, já agora, uns quilitos e uns centímetros a mais.
E assim ao oitavo duelo entre as duas equipas registou-se o sexto triunfo africano contra apenas dois triunfos das cores nacionais, ambos em casa: 24-12 (em 2010) e 29-20 (2014).
Portugal alinhou e marcou: Manuel Marta (5); Fábio Conceição, Rodrigo Freudenthal, António Vidinha, Pedro Silvério (Pedro Cordeiro); Nuno Sousa Guedes (3,3,3,2,2), Francisco Vieira (João Belo); Francisco Sousa, Sebastião Villax (Manuel Picão), David Wallis, Salvador Vassalo (cap.) (5), Rui d"Orey (José Roque), Diogo Hasse Ferreira (Francisco Bruno), Nuno Mascarenhas e José Lupi (João Vasco Corte Real)