Erros do Benfica 'oferecem' empate e custam liderança isolada da I Liga

Dois erros encarnados valeram dois golos adversários e custaram a exclusividade do 1.º lugar do campeonato, conquistada na jornada passada no Estádio do Dragão. Em dois minutos, Belenenses SAD transformou em empate uma desvantagem de 2-0
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O Benfica perdeu esta segunda-feira a liderança isolada da I Liga, lugar que tinha conquistado ao destronar o FC Porto, no Estádio do Dragão, a semana passada. Depois de uma má prestação e derrota em Zagreb, dois erros encarnados deitaram a perder uma vantagem que não foi fácil de alcançar, frente à equipa bem organizada do Belenenses SAD.

Com o regresso de Pizzi, André Almeida e Rafa (faltou Gabriel por castigo) e a estreia de Jonas no onze inicial com Bruno Lage, notou-se nos primeiros minutos que o Benfica vinha para se mostrar como tem habituado os seus adeptos. Logo aos 3', Rafa podia ter feito golo, mas a bola passou ao lado. Sem ligar ao susto, o Belenenses SAD reagiu com dois lances de ataque, ficando na memória um remate por cima de Diogo Viana, já em boa posição. Mais tarde, os jogadores encarnados reclamaram grande penalidade, por toque com o braço na bola de Zakarya, mas João Capela mandou seguir.

Os minutos seguintes definiram o plano do Belenenses SAD, que tentava sempre sair com critério, de pé para pé, para conseguir avançar no terreno. Mas, sem problemas, a equipa de Silas esticava na frente se necessário. Sempre a tentar recuperar a bola no meio campo adversário, com destaque para Florentino, o Benfica foi impedindo as saídas mais tranquilas dos azuis, assumindo a bola e encostando o Belenenses SAD, que estreou na Luz um novo símbolo.

Com três centrais, Zakarya a fechar à esquerda e Diogo Viana à direita, mais o apoio do meio-campo, foi muito complicado para o Benfica encontrar combinações passíveis de gerar perigo em zonas frontais, sendo obrigado a jogar pelas laterais, mas sem sucesso. Jogava-se em pouco espaço, mas os azuis tinham a lição bem estudada, bloqueando as ideias encarnadas.

Rafa, mais mexido no primeiro tempo, ainda rematou mais duas vezes, e João Félix, sozinho ao segundo poste, não conseguiu dominar uma bola na cara de Muriel. De qualquer forma, o Benfica tentava as típicas jogadas entre os mais criativos, bem como cruzamentos ou remates de fora, sem sucesso. Com a posse de bola mais equilibrada comparando a jogos recentes das águias, o empate era, sem muita surpresa, o resultado ao intervalo.

Entrada mais rápida valeu dois golos

Para a segunda parte, mesmo que a primeira parte tenha sido mais de mérito adversário do que incapacidade extrema do Benfica, os encarnados entraram um pouco mais rápidos. Pelo minuto 47', os encarnados estavam já perto da dezena de remates, mas nenhum à baliza que tenha obrigado a esforços de Muriel. Mas a intensidade era maior, a equipa ia ganhando pontapés de canto e galvanizando o Estádio da Luz.

Mesmo sem lances gritantes de golo, não foi assim tão surpreendente que o Benfica tenha chegado à vantagem por volta dos dez minutos da segunda parte. André Almeida cruzou da direita, Jonas conseguiu dominar dentro da área e voltou a fazer aquilo a que habituou os benfiquistas. Estava desbloqueado o problema criado pela boa organização da equipa de Silas.

O brasileiro, perseguido pelos colegas, correu na direção do banco de suplentes e foi abraçar o treinador Bruno Lage, para festejar o remate certeiro.

Ainda na onda de entusiasmo recente que tinha invadido todo o Estádio da Luz, o Benfica aumentou a vantagem, quando aos 63' um remate de Samaris desviou em Nuno Coelho e traiu o guarda-redes Muriel. Estava feito o 2-0 e a Luz respirava melhor, não antevendo os minutos seguintes.

Vlachodimos mediu mal, Rúben Dias "assiste"... e deu empate

A entrada para os últimos vinte minutos do encontro acabou por deitar por terra o que o Benfica tinha conseguindo momentos antes. Aos 68', Diogo Viana apontou um livre da esquerda, numa bola que ninguém conseguiu alcançar. Vlachodimos, guarda-redes do Benfica, levantou os braços como que a dizer aos colegas (e aos adeptos) que estava tudo controlado. Mas não estava, e para surpresa do guardião encarnado, a bola entrou mesmo, reduzindo a vantagem encarnada. O público não foi abaixo e tratou de levantar o volume após o erro e apoiar não só o guarda-redes como toda a equipa.

Com Vlachodimos mal na fotografia e um golo que não se vê assim tantas vezes, a surpresa geral no Estádio da Luz aconteceu logo dois minutos depois. Pressionado por Kikas, Rúben Dias quis passar a bola ao seu guarda-redes, mas o toque não aconteceu como defesa esperava.

E um passe para descongestionar o jogo tornou-se rapidamente numa assistência clara para golo, que Kikas não desperdiçou. Na cara de Vlachodimos, o jogador do Belenenses SAD não tremeu e confirmou o empate, quando há um par de minutos a sua equipa perdia por 2-0 no Estádio da Luz. Estava de certa forma desperdiçado o trabalho dos encarnados para chegarem a uma vantagem que, na altura, fazia antever uma boa situação. Mérito para os azuis, que souberam aproveitar o que o jogo lhes trouxe após estarem em desvantagem.

Até ao final do encontro houve mais vontade do que cabeça nos jogadores encarnados, que já com Zivkovic e Jota em campo, o jovem português ate teve um remate perigoso, não conseguiu voltar a decifrar a organização do adversário. Eduardo, do Belenenses SAD, ainda viu cartão vermelho por acumulação de amarelos em cima dos últimos minutos, mas não mudaria nada no desfecho final.

Os azuis aguentaram-se e impediram males maiores, saindo da Luz com um resultado que mantém viva a esperança europeia. O Belenenses SAD é 7.º. com 37 pontos, a dois do V. Guimarães, que tem 39. No quinto lugar, com 42 pontos, continua a grande surpresa do campeonato, o Moreirense.

Confirma-se o primeiro período menos positivo de Bruno Lage, mas que em nada anula o trabalho feito até então, que devolveu o clube a várias frentes.

O Belenenses SAD é uma das boas equipas da I Liga e o seu treinador Silas, admitiu que os olhos do plantel estão nos lugares europeus. E no final, feitas as contas e somados os pontos que há a somar, é preciso elogiar o azuis, que dificultaram imenso a vida ao Benfica, ao mesmo tempo que tentaram jogar como gostam. E o empate de hoje tem ainda mais significado, porque os azuis apenas causaram prejuízo aos encarnados esta época ao roubarem cinco pontos, visto que na primeira volta o Benfica foi derrotado.

E para o Benfica, depois da marca negativa de Zagreb nos resultados e nas sequências recentes, este empate para a I Liga constitui o fim da sequência de nove jogos a vencer para a I Liga. Na jornada anterior, no Estádio do Dragão, o Benfica conseguiu passar para a frente do campeonato com todo o mérito. Mas em nenhuma altura, a I Liga ficou resolvida. O resultado encarnado de hoje apenas garante mais emoção para os últimas nove finais do campeonato, que os rivais Benfica e FC Porto começam a enfrentar sem diferença pontual. Temos (cada vez mais) campeonato.

A figura: Diogo Viana

Já ocupou terrenos mais avançados na carreira, mas tem sido uma das figuras da equipa de Silas, fechando à direita num esquema de três centrais. Voluntarioso, não virou a cara às dificuldades do jogo, sendo ele também um dos responsáveis pela boa organização azul. O número 10 do Belenenses SAD marcou um golo e, apesar das dificuldades que dois jogadores como Grimaldo e Rafa criam, sai da Luz como um dos executantes do plano de Silas que, independentemente de como surgiram os golos, acabou por dar em empate depois de uma desvantagem de dois golos.

Ficha de jogo

Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Ferro, Rúben Dias, Grimaldo, Samaris (Zivkovic, 79'), Florentino, Pizzi, Rafa (Jota, 84'), Jonas e João Félix.

Treinador: Bruno Lage.

Belenenses SAD: Muriel, Diogo Viana (Sagna, 85), Gonçalo Silva, Sasso, Zacarya, Nuno Coelho, Lucca, André Santos, Eduardo, Kikas (Nico Velez, 79) e Licá (Matija, 90+4).

Treinador: Silas.

Árbitro: João Capela (AF Lisboa).

Disciplina: cartão amarelo para André Santos (25'), Eduardo (51' e 90+4'), Nuno Coelho (73') e Diogo Viana (83'). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Eduardo (90+4').

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