"Posso deixar a carreira no próximo ano... mas também posso jogar até aos 40 anos, ou 41"

Jogador português deu uma entrevista à TVI onde abordou vários assuntos, incluindo os prémios - "Não é por acaso que só eu e o Messi temos cinco Bolas de Ouro"- e o caso Mayorga, que tornou 2018, um ano "muito difícil".

Cristiano Ronaldo tem uma carreira feita de vitórias e troféus, mas também teve derrotas, algumas delas justas. "Sim, muitas das vezes que não ganhei, senti que era justo. Mas não quero entrar muito por esse caminho, porque também questionam se terá sido justo sempre que ganhei. E na minha opinião, quem ganha é sempre justo", defendeu o jogador da Juventus em entrevista à TVI.

De resto foi igual a si próprio e não fugiu ao autoelogio: "Eu sei que sou dos melhores no meu trabalho e que estou na história do futebol. Não é por acaso que só eu e o Messi temos cinco Bolas de Ouro. Não é por acaso. E ainda me sinto motivado para procurar ganhar prémios coletivos e individuais. Se não, já tinha acabado. Era fácil, porque não me falta nada. Mas o que me move é a paixão pelo futebol e a minha vontade de ganhar."

Ganhar até quando? "Não penso nisso. Se calhar posso deixar a carreira no próximo ano... mas também posso jogar até aos 40 anos, ou 41. Não sei, o que eu digo sempre é para desfrutar do momento. O presente é excelente e tenho de continuar a desfrutar", disse o jogador de 34 anos, que já perdeu aconta aos recordes: "Será que há algum jogador de futebol que tenha mais recordes do que eu? Acho que não há nenhum futebolista que tenha mais recordes do que eu."

"Eu faltava à escola para ir ver o atletismo do Sporting"

Já sobre a forma como lida com a derrota, Ronaldo garante que já foi "pior". "Há uns anos, quando perdia nem jantava. Enfiava-me no quarto e já só saía no dia seguinte. Mas o futebol também te dá aprendizagem e começas a perceber que o futebol não é o mais importante na vida. Às vezes não dá para ganhar", afirmou o jogador da Juventus.

Será que Cristiano Ronaldo tem o desejo de ganhar a sexta Bola de Ouro? "Eu nunca pensei ganhar uma Bola de Ouro, quanto mais duas, três, quatro ou cinco. Mas se me perguntas se gostava de ganhar, não vou ser hipócrita e dizer que não. Claro que gostava. Todos os anos quero ganhar a Liga dos Campeões, o campeonato e a Bola de Ouro. E trabalho para isso. A questão é essa: eu trabalho sempre com o intuito de ganhar coisas. Troféus coletivos para chegar depois aos individuais. Essa é a minha maneira de ver o futebol e a minha motivação para me levantar de manhã", respondeu Ronaldo.

A isso chama-se vício de ganhar... "Não sei se é a palavra correta. Eu sou uma pessoa obcecada pelo sucesso, no bom sentido da palavra. Porque levanto-me todos os dias com o intuito de ser um grande profissional e conquistar coisas, porque é o meu trabalho. Obviamente que se não ganhar, o mundo não acaba. Mas acho que estou sempre bem colocado para ganhar", disse o jogador antes de confessar que vontade de ver e aprender coisas.

Vontade essa que o fez faltar muitas vezes às aulas. "Sempre gostei do mundo do atletismo. Eu faltava à escola para ir ver o atletismo do Sporting. Faltava e tinha castigos, porque faltava para ir ver os treinos do atletismo do Sporting. Na altura do Obikwelu e de outros nigerianos. O Sporting tinha uma escola de atletismo top", recorda, antes de abordar o trabalho específico que fez com o vice-campeão olímpico dos 100 metros, no último verão.

Infância e começo

Ronaldo voltou ainda a recordar os primeiros tempos. "Nasci com essa característica [capacidade de trabalho]. Foi a minha educação. Tive uma infância difícil, apesar de nunca me ter faltado comida na mesa, mas tive de demonstrar aquilo que era [quando chegou ao Sporting], tive que meter a carninha toda no assador", revelou entre sorrisos.

Conhecido pela capacidade de trabalho, o jogador explicou porque o talento não chega: "O mais importante é ter talento, e eu tenho, sempre tive. Mas se formos olhar para os outros desportos, ou para os grandes cientistas, os que ganham prémios Nobel, todos tiveram grande talento, mas foram também grandes trabalhadores. E eu gosto de copiar os bons exemplos, não só do desporto, mas também de outras áreas."

O talento dele começou a florescer quando ele se mudou da Madeira para o Sporting com 12 anos. Depois ao 18 fez um jogo com o Manchester United e mudou-se para Manchester. Esse jogo sempre foi associado ao interesse repentino dos ingleses, mas Ronaldo diz que a história da sua saída do Sporting para o Manchester United não é bem como se conta. O jogador diz que o jogo de inauguração do novo José Alvalade só fez acelerar um interesse que já existia por parte dos Red Devils. "As pessoas acham que eu saí do Sporting por causa desse jogo, mas não é bem assim. As coisas não estavam tratadas, mas estavam apalavradas, até com outros clubes".

Como por exemplo? "O Valência, por exemplo. Também estive com o Arséne Wenger e estive para ir para o Arsenal... Falei com muitos: com o Barcelona, o Real Madrid, o Inter Milão. Mas depois de jogar contra o Man. United, que também estava interessado, isso criou ainda mais interesse. O que eles quiseram foi acelerar as negociações para eu poder sair logo. Eu não esperava sair logo naquele ano", confessou Ronaldo.

Saída do Real Madrid

Cristiano Ronaldo concedeu uma entrevista exclusiva à TVI, na qual, entre vários assuntos, aborda a saída do Real Madrid para a Juventus, que aconteceu há cerca de um ano. " Sair do Real foi difícil porque estive lá nove anos. 60% da minha carreira, talvez foi feita lá, e custa. Mas foi um desafio diferente e estou muito contente por estar aqui", contou Ronaldo antes de dizer que para o filho mais velho custou mais: "Para o Cristianinho foi um bocadinho mais difícil, porque ele tinha os amigos. Mas já o estava a preparar há uns meses. E ele percebeu que podia haver a possibilidade de o pai sair do Real Madrid. Ele não acreditava, mas sabia que podia acontecer."

Já sobre a principal razão da mudança, Ronaldo que "não gosta de estar na zona de conforto e Madrid já era demasiado confortável. Queria um novo desafio". E a aventura na Juventus está a ser fantástica. Em 2009 foi contratado por 100 milhões de euros - primeiro jogador a chegar a esse valor - , mas hoje valeria muito mais. "Como está o futebol hoje em dia? É difícil de calcular. Hoje aposta-se muito no potencial e a indústria do futebol está diferente. Vou meter o caso do Félix à parte. Hoje em dia qualquer jogador vale 100 milhões, mesmo sem provas dadas. Há mais dinheiro no futebol... Um central e um guarda-redes valem 70, 80 milhões... Não concordo. Mas este é o mundo em que vivemos, o mercado é assim, há que respeitar."

Mas o jornalista insistiu num valor. "Se eu tivesse 25 anos... Se um guarda-redes vale 75 milhões de euros, um jogador que faz o que eu faço nos últimos anos tem de valer 3/4 vezes mais. Fácil. Mas, não tenho essa ilusão", respondeu entre sorrisos.

Caso Mayorga tornou 2018 "muito difícil"

Cristiano Ronaldo falou ainda de um caso extra-futebol: a acusação de violação de foi alvo nos EUA por parte de Kathryn Mayorga. "2018 foi o ano mais difícil para mim em termos pessoais. Quando as pessoas metem a tua honra em causa, isso dói. Dói muito. Principalmente, porque tenho uma família grande, tenho uma senhora e um filho inteligente que já percebe", confessou admitindo: "Foi um ano difícil. É um caso sobre o qual não me sinto confortável em falar, mas uma vez mais foi provado que eu era inocente. O que me deixa orgulhoso, mas foi muito duro."

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