Muita crença. A receita do dragão para sair vivo da Alemanha
O FC Porto perdeu na Alemanha com o Bayer Leverkusen, por 2-1, mas mantém bem viva a esperança no apuramento para os oitavos-de-final da Liga Europa. Afinal o golo de Luis Díaz acaba por ser precioso, ainda mais porque foi obtido com uma grande dose de crença, afinal o colombiano ainda agora não deve saber como marcou, pois atirou-se de costas à bola para emendar um cabeceamento de Zé Luís que o guarda-redes Hradecky defendeu como pode.
A equipa de Sérgio Conceição foi dominada em absoluto na primeira parte por um Bayer Leverkusen que tinha a lição bem estudada, e foi só a partir do momento que se viu em desvantagem por 2-0, que o treinador portista tentou mudar algo para manter a sua equipa viva na eliminatória. Conseguiu-o com mais crença do que bom futebol, é bom reconhecê-lo.
Dez jogos depois, o FC Porto voltou a perder um jogo fora de casa. A última vez tinha sido também para a Liga Europa, em Glasgow, com o Rangers.
Sem poder utilizar Otávio, que cumpriu castigo, Sérgio Conceição optou por um 4x4x2 mais clássico, com Uribe e Sérgio Oliveira na zona central no campo, com Luis Díaz à esquerda e Corona como extremo direito, face à entrada de Wilson Manafá para lateral.
Faltou aos dragões alguma capacidade de combate no meio-campo, uma vez que o Bayer exerceu nessa zona do terreno uma enorme pressão quando perdia a bola, com especial destaque para Aránguiz e Demirbay, que faziam essa espécie de trabalho de operário e depois procuravam variar o jogo em busca dos espaços no lado contrário onde estavam.
Essa estratégia criava muitas dificuldades à organização defensiva porque assim que acertava os seus posicionamentos, era obrigada a correr no sentido para onde ia a bola, o que facilitava a boa capacidade de Havertz, Lucas Alario e Amiri de jogar entre a linha média e defensiva do FC Porto.
Os primeiros minutos, no entanto, foram jogados a um baixo ritmo, embora o Leverkusen assumisse as despesas do jogo, ficando um pouco a sensação de estar a estudar a melhor forma de surpreender os portistas. Até que aos 17 minutos, uma variação da bola da direita para a esquerda permitiu a Alario assistir de primeira para Havertz rematar à barra.
A sorte protegeu o FC Porto, que pouco depois viu Amiri rematar por cima da barra quando estava em boa posição. Era mais um sinal para o golo que acabaria por surgir aos 29 minutos por Lucas Alario, que apareceu ao segundo poste a finalizar um cruzamento de Lars Bender da direita, ainda desviado por Demirbay. Um lance que obrigou o VAR a uma análise cuidada, mas que acabou por ser validado.
O FC Porto sentia muitas dificuldades em sair a jogar com critério e de forma a incomodar os alemães, pois não conseguiam lidar com a pressão adversária. E só aos 35 minutos surgiu um primeiro remate por Sérgio Oliveira sem perigo.
No entanto, nos instantes finais da primeira parte os dragões conseguiram libertar-se um pouco das amarras, sobretudo pela força de Marega e em cima do intervalo poderiam mesmo ter chegado ao empate, não fosse Lukas Hradecky defender para canto um belo remate de Uribe.
O segundo tempo mostrou um FC Porto diferente, com mais posse de bola, aproveitando o aparente recuo estratégico dos alemães, que baixaram as linhas, à procura de aproveitar o espaço para contra-atacar com perigo.
O primeiro sinal de perigo foi dado por um cabeceamento de Sérgio Oliveira para defesa do guarda-redes, na sequência de uma jogada de insistência de Jesús Corona, mas a verdade é que os dragões sentiam dificuldades em entrar e desestabilizar a organização defensiva do Bayer Leverkusen.
Só que depressa a estratégia de Peter Bosz para o segundo tempo deu resultado aos 55 minutos, quando Kevin Volland escapou pela esquerda, passou por Wilson Manafá, que acabou por fazer penálti. Marchesín até defendeu o remate de Havertz, mas o árbitro, por indicação do VAR, mandou repetir porque estavam vários jogadores portistas dentro da área. Na segunda oportunidade, o jovem Havertz fez o 2-0 que complicava bastante as contas da equipa portuguesa.
E tudo não ficou pior ainda para os dragões porque Marchesín fez uma grande defesa a remate de Nadiem Amiri.
Não demorou muito até que Sérgio Conceição introduzisse mudanças na equipa, afinal era preciso um golo e havia que surpreender o Leverkusen. O técnico lançou Nakajima para o lugar do infeliz Wilson Manafá, enquanto Zé Luís entrou para o lugar de Soares, passando a jogar num 4x3x3.
E o certo é que o FC Porto conseguiu colocar os alemães em maiores dificuldades, pois Nakajima surgia numa zona entre o meio-campo e a defesa e baralhava as marcações. Contudo, os dragões não criaram situações claras de golo, até que na sequência de uma bola parada, Alex Telles colocou a bola na cabeça de Zé Luís, que obrigou Hradecky a uma defesa apertada, surgindo depois Luis Díaz a fazer o último toque para o golo precioso e que deixava tudo em aberto para a segunda mão que se realiza na próxima semana no Estádio do Dragão.
É certo que Volland ainda dispôs de uma boa oportunidade para os alemães, mas Uribe, nos instantes final, falhou o empate ao cabecear ao lado. O FC Porto sai da Alemanha com uma derrota por 2-1, que lhe permite manter a esperança do apuramento, mas terá de ser uma equipa bem mais consistente e regular durante os 90 minutos para levar de vencido este Bayer Leverkusen muito combativo e com muitos bons jogadores.
VEJA OS GOLOS
1-0, Lucas Alario
2-0, Havertz (gp)
2-1, Luis Díaz
FICHA DE JOGO
BayArena, em Lerverkusen
Árbitro: Slavko Vincic (Eslovénia)
Bayer Leverkusen - Hradecky; Lars Bender, Tapsoba, Sven Bender, Sinkgraven; Demirbay, Aránguiz (Baumgartlinger, 72'); Havertz, Lucas Alario (Leon Bailey, 80'), Nadiem Amiri; Volland (Paulinho, 90'+4)
Treinador: Peter Bosz
FC Porto - Marchesín; Wilson Manafá (Nakajima, 61'), Mbemba, Marcano, Alex Telles; Jesús Corona, Uribe, Sérgio Oliveira, Luis Díaz (Danilo Pereira, 77'); Marega, Soares (Zé Luís, 63')
Treinador: Sérgio Conceição
Cartão amarelo a Jesús Corona (26'), Wilson Manafá (54'), Uribe (58'), Demirbay (66'), Marcano (90'+2)
Golos: 1-0, Lucas Alario (29'); 2-0, Havertz (57 gp); 2-1, Luis Díaz (74')