14 mil euros e um ano de castigo a Rúben Amorim. Casa Pia queixa-se a Fernando Gomes
Equipa do Campeonato de Portugal questiona um castigo pesado aplicado pela Federação Portuguesa de Futebol: um ano de castigo para Rúben Amorim, 14 mil euros de multa para o clube e cinco jogos à porta fechada.
Os jogadores do Casa Pia escreveram uma carta aberta a Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, depois de saberem que perderam seis pontos na secretaria, fruto do castigo aplicado pelo Conselho de Disciplina. Além disso viram o treinador Rúben Amorim afastado durante um ano por não ter o curso necessário para orientar a equipa e vão ter de pagar uma multa de 14 mil euros.
Os futebolistas do emblema de Pina Manique não entendem a sanção, sobretudo o valor da multa de 14 mil euros, após queixas de que Rúben Amorim, treinador estagiário, deu indicações e atuou como técnico principal durante dois jogos. O ex-jogador de Benfica, que está neste momento a tirar o nível I do curso de treinador, vai ainda ficar impedido de ser inscrito como técnico durante um ano. O castigo inclui ainda uma suspensão de três meses e uma multa de 2600 euros para Rúben Amorim.
Por isso além de ser afastado a equipa ainda vai ter de realizar cinco jogos à porta fechada.
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Também o Alverca viu serem-lhe retirados três pontos pela mesma razão, além de uma multa de 1160 euros. Uma situação que indignou o treinador do Mafra, Filipe Martins, que lembrou a responsabilidade da Federação em abrir os cursos necessários.
Carta aberta dos jogadores do casa pia ao presidente da FPF
"Caro Presidente, escrevemos-lhe estas palavras para lhe colocarmos algumas questões sobre o estado do futebol português e para demonstrar a nossa incredulidade por nos terem retirado seis pontos no Campeonato de Portugal, referentes a dois jogos. Dois jogos difíceis, em que tivemos de nos aplicar ao máximo e que ganhámos com toda a justiça, dentro de campo. Dois jogos que colocam toda a época desportiva e os nossos objetivos em causa. Relembramos-lhe que somos um plantel amador e que joga futebol essencialmente pela paixão que temos pela nossa modalidade.
Qual é o seu sentimento ao saber que o que está em causa é o nosso treinador estagiário, por acaso um ex jogador profissional e internacional pelo nosso país, ter estado em pé ocasionalmente no banco durante estes dois jogos?
Não conseguimos compreender como é possível a retirada dos pontos, além de todas as sanções de que o clube vai ser alvo.
14 mil euros de multa para o clube, Presidente? Como é possível a aplicação destas multas pela instituição que mais deveria proteger os interesses do futebol português não profissional? A mesma instituição que apregoa a defesa e promoção destes mesmos clubes?!
14 mil euros dá, seguramente, para pagar mais de um mês de subsídios do plantel, equipa técnica e restante staff. O que acontecerá se o clube não tiver capacidade financeira até ao fim do ano? Quem toma estas decisões tem noção da magnitude deste valor relativamente ao orçamento anual do clube?
Deparamo-nos, todos os fins de semanas, com situações graves com clubes da primeira e segunda ligas, que se resumem a multas de pouco mais de mil, dois mil euros. Situações que muitas vezes envolvem violência, ataques de ódio a agentes do futebol e que mancham gravemente a imagem do nosso futebol.
Como justifica a aplicação destas multas a um clube que, como é natural, não tem a saúde e robustez financeira dos clubes profissionais?
Como é possível a suspensão de um jovem treinador português que na prática vai ficar suspenso durante dois anos, sem provas factuais de incumprimento das leis existentes? Relembramos-lhe que é um profissional que representou a nossa Seleção como jogador por 14 vezes e que aceitou o desafio de nos ajudar diariamente com a sua experiência. Será o estar de pé ocasionalmente durante os jogos a dar indicações aos jogadores uma atitude assim tão grave?
A nossa grande questão, Presidente, é como é que justifica o facto de nunca ter existido a aplicação de sanções idênticas a todos os treinadores adjuntos/estagiários, diretores ou médicos que fazem o mesmo, semana após semana, ano após ano, na primeira e segunda ligas? Será isto a promoção e defesa do futebol português de que a instituição desportiva que preside tanto se orgulha?"