Lage inventou mas emendou a tempo. E o Benfica voou para os quartos

O treinador benfiquista apostou num onze com muitas caras novas e foi obrigado a retificar ao intervalo. Só depois o Benfica entrou no eixos e decidiu o jogo no prolongamento, com grandes golos de Ferro e Grimaldo, depois de Jonas ter empatado a eliminatória.
Publicado a
Atualizado a

O Benfica recebeu, sofreu e venceu esta quinta-feira o Dínamo Zagreb, por 3-0, resultado que permitiu aos encarnados o apuramento para os quartos-de-final da Liga Europa, mas que só foi assegurado após prolongamento com dois grandes golos de Ferro e Grimaldo - Jonas marcou no tempo regulamentar. Lage correu riscos no onze inicial que escolheu e só depois de retificar ao intervalo a equipa entrou nos eixos. Esta sexta-feira, a partir do meio-dia, o Benfica conhece o nome do adversário - Chelsea, Nápoles, Arsenal, Valência, E. Frankfurt, Slavia Praga ou Villarreal.

Bruno Lage procedeu a uma pequena revolução no onze que iniciou o jogo na Luz - domingo há jogo fora com o Moreirense e o treinador optou por fazer descansar alguns habituais titulares. Na defesa, Yuri Ribeiro jogou no lado esquerdo no lugar de Grimaldo; no meio-campo Fejsa regressou após longa paragem de lesão (não jogava desde 15 de janeiro) para ocupar o lugar de Samaris. E depois uma nova dupla no ataque, com Rafa e Jota (estreia a titular do miúdo de 19 anos) a sentarem João Félix e Jonas no banco. Com o adiantamento de Rafa, Zivkovic entrou para o onze.

O Benfica teve mais posse de bola na primeira parte (62% contra 38% dos croatas), mas ficou demasiado evidente que no ataque a equipa ressentia-se de uma referência. Rafa começou como avançado mais móvel e Jota mais fixo (mais tarde foram alternando). Mas o miúdo esteve sempre muito sozinho e desapoiado. A equipa trocava bem a bola, sobretudo através de ações de Pizzi, mas quando chegava à área dos croatas não havia um jogador para finalizar.

O Dínamo, apesar da vantagem de um golo, não entrou em campo para defender o resultado. Tentou quase sempre sair com a bola controlada, aproveitando a velocidade dos extremos Orsic e Kadzior, e a mobilidade de Petkovic, o homem mais adiantado. Mas chegou ao final da primeira parte sem um único remate enquadrado feito à baliza de Vlachodimos. Depois, um quarteto defensivo bem montado, a conseguir quase sempre anular as investidas do Benfica.

Foi uma primeira parte de muita posse do Benfica, mas que só teve efeitos práticos em termos de lances de finalização nos últimos 10 minutos. Zivkovic deixou um primeiro aviso aos 23', com um remate de meia distância que saiu por cima. Mas os únicos remates enquadrados e de verdadeiro perigo surgiram aos 38' e aos 42'. Primeiro por Pizzi, após um bom lance individual, depois através de Rafa, com um remate de fora da área. Ambos defendidos por Livakovic. O Benfica foi para o intervalo em cima do adversário, mas sem golos marcados. Tudo num primeiro tempo em que houve apenas um canto... a favor do Dínamo Zagreb.

Lage retifica erros e os golos aparecem

O treinador benfiquista sentiu que tinha de mudar algo e na segunda parte procedeu logo a duas alterações. Saiu o apagado Yuri Ribeiro e entrou Grimaldo. E Jonas rendeu o inconsequente Zivkovic. Foi como que um assumir de erros por parte do treinador, num jogo em que o Benfica precisava de marcar dois golos para passar a eliminatória e não sofrer nenhum. Com estas alterações, Jota e Rafa fixaram-se mais nas alas e Jonas passou a ser a referência no ataque.

A primeira oportunidade do segundo tempo, contudo, foi dos croatas, com um bom remate de longe de Olmo, aos 52', que obrigou Vlachodimos a uma defesa apertada. O tempo passava e o Benfica não marcava. E aos 62', entrou João Félix para o lugar de Jota. Era o tudo por tudo de Lage para tentar ganhar o jogo, retificando as apostas que tinha feito no onze inicial e que não surtiram efeito.

Aos 71', o Benfica chegou ao golo que permitiu igualar a eliminatória. A jogada começou com um bom passe de Ferro, Pizzi assistiu de cabeça e Jonas (a tal referência no ataque que a equipa não teve na primeira parte) com um remate de primeira fez o golo. As águias ganharam um novo ânimo e aos 76' Rafa fez um sprint pelo lado esquerdo, mas o lance foi cortado por um defesa croata antes de chegar a Jonas. Logo a seguir, num canto, Rúben Dias quase fez o segundo golo e depois foi Jonas a permitir uma grande defesa ao guarda-redes croata. A pressão do Benfica era intensa!

O apito final chegou e foi necessário prolongamento para decidir o jogo, mas antes o Benfica ainda apanhou um susto num canto, valendo a boa intervenção de Vlachodimos. E logo a abrir o prolongamento, novo susto, com uma defesa incompleta do guardião grego. Logo a seguir, Pizzi atirou uma bomba de muito longe, mas o guardião croata defendeu. Aos 93', grande lance de Jonas, mas para nova defesa de Livakovic.

Logo a seguir, o momento da noite. Um grande golo de Ferro, a encher o pé de longe e a fazer o 2-0. Grande, grande golo do central que foi lançado este ano por Bruno Lage. Mas a noite ainda tinha mais outro grande momento reservado, com outro golaço, agora da autoria de Grimaldo, um remate de pé esquerdo que deixou o guarda-redes croata pregado ao chão a ver a bola entrar. Estava selado o apuramento (Pizzi ainda esteve perto de fazer o quarto, não fosse a grande defesa de Livakovic) numa noite em que Bruno Lage teve de recorrer à artilharia na segunda parte para continuar em prova e em que o Benfica começou mal mas acabou em grande.

A FIGURA: PIZZI

Só faltou mesmo o golo ao médio benfiquista para a exibição ser quase perfeita. E esteve quase, quase a acontecer perto do final do prolongamento, não fosse a grande defesa de Livakovic. Na primeira parte, em que o Benfica realizou uma exibição cinzenta, foi quase sempre ele a querer levar a equipa para a frente. No segundo tempo foi decisivo no golo de Jonas, que empatou a eliminatória, ao fazer a assistência de cabeça. Além disso, terminou a partida com uma eficácia de passe de 87% e importantes recuperações de bola.

FICHA DO JOGO

Jogo realizado no Estádio da Luz, em Lisboa.

Benfica - Dínamo de Zagreb, 3-0 (após prolongamento).

Ao intervalo: 0-0.

Final do tempo regulamentar: 1-0.

Final da primeira parte do prolongamento: 3-0.

Marcadores: 1-0, Jonas, 71 minutos; 2-0, Ferro, 94 e 3-0, Grimaldo, 105.

Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Yuri Ribeiro (Grimaldo, 46), Pizzi (Gedson, 119), Fejsa, Gabriel, Zivkovic (Grimaldo, 46), Jota (João Félix, 62) e Rafa.

Treinador: Bruno Lage.

Dínamo Zagreb: Livakovic, Stojanovic, Kevin Théophile-Catherine, Dilaver, Rrahmani, Gojak (Atiemwen, 97), Moro, Olmo, Kadzior (Situm, 75), Petkovic (Gavranovic, 86) e Orsic (Peric, 109).

Treinador: Nenad Bjelica.

Árbitro: Denis Aytekin (Alemanha).

Ação disciplinar: cartão amarelo para Moro (14), Petkovic (45), Jonas (66), João Félix (74), Grimaldo (90), Stojanovic (103 e 104), Kevin Théophile-Catherine (110) e Gabriel (114). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Stojanovic (104).

Assistência: 47.808 espetadores.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt