23 novembro 2018 às 20h30

Varandas: "Reforçar plantel? Neste momento a prioridade é pagar as dívidas"

Presidente do Sporting estará atento às oportunidades de mercado de janeiro, mas sem cometer loucuras.

Isaura Almeida

Frederico Varandas sublinhou esta sexta-feira que a prioridade do Sporting é pagar as dívidas e não comprar jogadores. A SAD do Sporting angariou 25.922.485 euros na emissão obrigacionista que decorreu de 12 a 22 de novembro, milhões de servirão para reembolsar em que envestiu no último.

"Se há coisa que não gosto de ter numa casa são dívidas. Neste momento a prioridade é pagar as dívidas que temos para trás. Clubes, agentes e jogadores... Vão ser pagas. O que acontecer, acontecerá. Veremos as oportunidades. Quero só realçar o que o treinador disse hoje: não serve de desculpa, nem para ele nem para mim", referiu o presidente do clube leonino lembrando que é prematuro falar em mudanças na equipa, uma vez que o novo treinador, Marcel Keizer, acabou de chegar: "Admito tudo, comprar, vender... Quando o mercado abrir analisaremos as situações. O treinador ainda não conhece os jogadores. Falarmos agora disso é prematuro."

Varandas salientou ainda o trabalho que já foi feito por esta direção em Alvalade: "Estamos aqui há dois meses e meio. Só o tema desta conferência [empréstimo obrigacionista] já dava para este tempo. Mas também já se mudou de equipa técnica, resolveu-se o Rui Patrício, mudou-se o diretor da Academia, o departamento de scouting, reforçou-se o departamento médico, inaugurou-se a unidade de performance e está a negociar-se o Gelson."

Depois agradeceu aos sportinguistas que subscreveram o empréstimo obrigacionista e lembrou as dificuldade por que passou ao contrário das facilidades de outros tempos. "Herdámos esta situação. Tivemos de resolver o que os outros não conseguiram. Não tivemos mais de um mês e meio, significou auditar as contas do último trimestre, negociar com os bancos e CMVM. Não tivemos direito - como outros tiveram - a um empréstimo intercalar, nem os bancos a quererem comercializar as nossas ações. Não houve nenhum sindicato bancário a resolver os problemas que vinham de trás. Nestes meses tivemos sim ruído, muito ruído. Tivemos referências caluniosas sobre insolvência e falência da SAD, boicotes, detenções, processos, constantemente o nome do Sporting na comunicação social pelos piores motivos. Tudo o que podia gerar insegurança e instabilidade, tudo o que podia prejudicar e abortar este empréstimo obrigacionista. Resistimos a tudo, superámos tudo", lembrou Frederico Varandas aludindo à presidência de Bruno de Carvalho.

Já Salgado Zenha, vice-presidente do Sporting, não gostou da forma como o Montepio lidou com o empréstimo obrigacionista: "Quando chegámos foi apresentado um calendário posterior à antiga obrigação, que previa um empréstimo intercalar. Trabalhámos sempre nesse sentido. Esse empréstimo intercalar foi para aprovação do conselho de administração, foi aprovado pelas equipas técnicas do Montepio, já tinha sido aprovado um idêntico em maio com a administração anterior, numa altura em que tínhamos uma situação de liquidez muito pior do que agora. No entanto, surpreendentemente, fomos enrolados praticamente até a um mês do reembolso e foi-nos dito que rejeitavam esse empréstimo intercalar. O mais curioso foi a forma como foi transmitida essa mensagem, que não vou comentar por uma questão de vergonha alheia. É institucionalmente nunca visto."

47 pessoas investiram mais de 50 mil euros

A SAD do Sporting angariou 25.922.485 euros na emissão obrigacionista que decorreu de 12 a 22 de novembro. A SAD leonina consegue assim garantir 86% dos 30 milhões de euros que constavam como montante máximo da emissão.
A oferta foi acorrida por 4087 investidores, sendo que 47 investidores subscreveram mais de 50 mil euros. Quase 10% das ordens recebidas (390) foram para um montante entre 10.001 e 50 mil euros.

Nas seis emissões obrigacionistas realizadas pela SAD leonina desde 2002 foram captados 125 milhões de euros, sendo a taxa de juro média ponderada de 6,52% e o número médio de investidores por emissão de 2905.

A emissão destina-se ao reembolso de um empréstimo obrigacionista de 30 milhões de euros emitido em 2015 e com reembolso inicialmente previsto para maio deste ano mas que foi adiado para 26 de novembro.