Abel diz que só há uma forma de o tirar do Sp. Braga nesta altura
Que se demovam os possíveis interessados. Nesta altura, "não há dinheiro nem clube nenhum" que tire Abel Ferreira do Sp. Braga. Ou melhor, há só uma, precisou o treinador dos bracarenses, esta terça-feira, no congresso World Scouting, que decorreu no Porto. "O único que me pode tirar é o presidente e para tirar vai ter que pagar até ao fim", avisou, quando confrontado com a atitude que teria caso lhe surgisse uma proposta de um Real Madrid ou de um Barcelona nos dias finais do mercado de transferências - tema do painel para o qual Abel foi convidado.
O treinador do Sp. Braga voltou a abordar a questão da luta pelo título, para repetir que "não é justo criar essa pressão" sobre a equipa minhota, mas admitiu o sonho. "Não é justo que se crie essa pressão porque esse não é um objetivo assumido. É o nosso sonho, mas não é o objetivo. É um sonho legítimo. Agora, se vai acontecer não sei. Assumimos como objetivo um lugar nos quatro primeiros, é para isso que trabalhamos e foi assim que fomos jogar a casa de um adversário fortíssimo no último jogo", esclareceu.
Pela vontade de Abel Ferreira, o Sp. Braga vai também ter um mercado de inverno tranquilo. O treinador bracarense confessou "não ser adepto" da janela de janeiro. "Se puder não mexer tanto melhor", admitiu.
"Não gosto do mercado de janeiro porque entendo que os clubes portugueses e de média dimensão dificilmente têm recursos para acrescentar qualidade ao projeto. E para acrescentar qualidade é preciso comprar", justificou o técnico de um Sp. Braga que surge envolvido na luta pelo título nesta fase da época, após um excelente inicio de campeonato que só conheceu a derrota na última visita ao estádio do Dragão, para defrontar o FC Porto.
"Quando os clubes estão bem organizados e estruturados, o mercado de inverno praticamente não é necessário. O segredo de uma boa época começa numa boa escolha da matéria-prima no início de cada ano. O mercado de inverno eventualmente é para um retoque ou outro, mais para aumentar competitividade interna, não para acrescentar qualidade", acrescentou Abel Ferreira.
O treinador do Braga defende ainda a antecipação do final do mercado de verão para o fim do mês de Julho, antes do início das competições e lembrou a precoce eliminação europeia desta temporada, no play-off da liga Europa, como um exemplo dos efeitos negativos desse mercado que se estica pelas competições dentro: "Não é fácil conseguir concentrar 22 jogadores numa eliminatória quando a dois dias do jogo decisivo tens empresários a ligar a jogadores com ofertas para ir ganhar muito mais para outro lado."
"Por mim haveria mercado de janeiro e mercado de julho. Quem está, está. Quem saiu, saiu.
Agora não é fácil. Qualquer jogador pode sair até final do mercado e, por muito que digas ao jogador que o futuro dele depende do que fizer aqui e agora, não é fácil motivá-los para continuarem focados", acrescentou.
De resto, o técnico do Sp. Braga revelou que já não é fácil para o clube arsenalista contratar jogadores noutros clubes da liga portuguesa, devido ao encarecimento do mercado nacional.
"No mercado português vende-se muito caro o produto e potencia-se pouco o valor económico do jogador", apontou, apelando a uma maior coerência no negócio. "Há uma discrepância entre o que se pede por um jogador e o que se lhe paga. Deve pagar-se bem aos protagonistas desta indústria."
Abel Ferreira falou ainda da necessidade de um clube como o Sp. Braga chegar primeiro aos jogadores em patamares inferiores e deu exemplos como o de Paulinho, que os arsenalistas foram contratar ao Gil Vicente, o de João Novais ou o de... Krovinovic, que foi para o Benfica.
"Quando disse ao presidente que queria contratar o Paulinho, ele quase me batia. Mas era ele que estava sempre em evidência nos jogos do Gil Vicente que íamos ver. E pensamos que era um risco calculado", disse sobre o avançado português que se afirmou no Braga.
"Hoje tens que estar a preparar a época seguinte com antecedência. Estarmos atentos a tudo o que se faz na segunda liga e noutros patamares mais abaixo, procurar chegar primeiro do que os outros. Conseguimos chegar primeiro e segurar o João Novais, só assim foi possível. Mas já não conseguimos com o Krovinovic porque depois chegou outro...", exemplificou.