“Foi uma surpresa enorme. Não estava a pensar nessa possibilidade. Quando ouvi a notícia fiquei muito satisfeito”, diz ao DN Valentim Loureiro. Nome marcante durante décadas do dirigismo desportivo nacional e da vida autárquica de Gondomar, câmara a que presidiu ao longo de 20 anos (1993/2013), o “Major”, apesar surpreendido, diz ser justa a decisão do Supremo Tribunal Administrativo, que ao negar provimento ao recurso apresentado em 2014 pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), após a justiça ter considerado nula a decisão que originou a descida administrativa do Gondomar, em 2009, por alegada corrupção, determinou, agora, a subida automática do clube à II Liga. Desafio enorme para o clube nortenho, que Valentim Loureiro relativiza. “ O clube tem um ano para se preparar e um ano é muito tempo”. Afirmando manter “ Gondomar no Coração”, lema das suas campanhas eleitoras, Valentim Loureiro diz-se disponível para ajudar. “Este era o desejo dos gondomarenses. Naturalmente, sabem que podem contar com a minha ajuda, naquilo para que for solicitada. Vinte anos não são vinte dias. Trabalhei muito em Gondomar, deixei obra e, sei, a população reconhece isso”. A decisão do STA foi confirmada a 8 de julho, terça-feira, à agência Lusa pelo presidente do clube, Álvaro Cerqueira. O dirigente adiantou também que a reintegração na II Liga está a ser tratada junto da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga de clubes. Em março de 2014, o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa considerou nulo o acórdão do Conselho de Justiça da FPF que ditou em 2009 a descida administrativa do Gondomar, tendo o organismo federativo recorrido dessa decisão. Em abril de 2025, o STA negou provimento ao recurso apresentado, e a decisão já transitou em julgado. Em causa, o recurso a escutas telefónicas, na sequência do processo de corrupção desportiva designado Apito Dourado, para sustentar a despromoção do Gondomar Sport Clube às competições não-profissionais. Então, o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa havia considerado inválido esse recurso. O caso remonta a 2009. Por ter sido provada corrupção ativa em seis jogos, a Comissão Disciplinar da Liga de clubes desclassificou o clube, acrescentando uma multa de 78 mil euros. O Gondomar recorreu, mas o Conselho de Justiça da FPF considerou o recurso improcedente. Agora reintegrado na II Liga por ordem do STA, o clube disputou na última temporada a Série B do Campeonato de Portugal, o quarto escalão do futebol nacional, mas acabou por ser despromovido aos distritais, ao ficar na 11.ª posição da competição.