"Um grande amargo de boca". Catarina Costa fraqueja no segundo combate e diz adeus ao sonho olímpico
A promessa para Catarina Costa de uns bons Jogos Olímpicos em Paris, depois de ter estado à beira da medalha em Tóquio2020, foi este sábado desfeita ao segundo combate e contra quem menos esperava, numa saída inglória.
A judoca portuguesa, sétima do mundo na categoria mais leve do judo feminino (-48 kg), não tinha tido um sorteio fácil, entrando hoje na Champ-de-Mars Arena diante da alemã Katharina Menz (25.ª), com quem tinha saldo negativo de três vitórias e duas derrotas.
Os primeiros combates têm tendência a mostrar a ansiedade dos judocas, sabendo que uma derrota antes dos 'quartos' é eliminação na certa e sem qualquer hipótese de entrar na discussão das medalhas, mas não foi o caso para a conimbricense.
Catarina Costa entrou confiante e esteve sempre ao ataque diante de Menz, num combate em que o favoritismo até estaria repartido.
Foi um triunfo que premiou as ações da portuguesa diante de Menz e foi sem surpresa, apesar do 'correr' do cronómetro, que Catarina Costa conseguiu waza-ari quando decorria o último minuto, a 56 segundos dos quatro regulamentares.
Era o momento para sorrir, depois do primeiro obstáculo e quando no caminho se antevia um combate com adversárias menos cotadas, o que poderia deixar a portuguesa -- em teoria - com 'meio caminho' andado para os quartos de final.
Um guião que se cumpriu e ia permitindo às favoritas em -48 kg seguirem para os quartos de final (Scutto, Babulfath, Tsyunoda, Boukli ou Bavuudorj), mas que 'falhou' com a judoca lusa, ao fraquejar no seu segundo combate.
A judoca, por incapacidade, no que se assemelhava a um inesperado bloqueio, mas também perante argumentos da adversária, não conseguiu ser superior à paraguaia Narvaez e o combate arrastou-se até ao 'ponto de ouro'.
O combate ficou decidido depois de Gabriela Narvaez projetar para ippon com uma pega superior após 1.20 minutos de 'golden score' (5.20 no total), deixando Catarina Costa por instantes deitada no tatami, a realizar, com os olhos marejados de lágrimas, o fim deste sonho olímpico.
Em Tóquio2020, disputado em 2021 devido à pandemia da covid-19, a judoca da Académica tinha feito a sua estreia e logo com um quinto lugar.
Um "grande amargo de boca" por sair tão cedo
A judoca portuguesa Catarina Costa disse este sábado sentir "um grande amargo de boca" por ter sido eliminada nos oitavos de final da categoria de -48 kg dos Jogos Olímpicos Paris2024, ao perder com a paraguaia Gabriela Narvaez.
"É uma adversária algo difícil, que não costuma aparecer no circuito. Apesar de a estudarmos, é sempre diferente lutarmos com ela em competição. Fizemos tudo o que havia para fazer. O combate até estava ligeiramente a pender para mim, com os dois castigos que ela tinha", afirmou no final a judoca lusa, sétima do ranking mundial, depois de perder diante da 60.ª da hierarquia.
Catarina Costa disse ter encontrado "uma adversária complicada, com bom ritmo de ataque e técnicas um bocadinho diferentes".
"Quando fomos para ponto de ouro, o combate pode ser de qualquer um. Fiz um movimento muito bom em primeiro, mas ela teve a felicidade de me conseguir puxar numa técnica de sacrifício, esquivei-me no limite, mas é algo que não se pode treinar sem treinar com ela, e ela não tinha feito isso em outras competições", acrescentou a olímpica lusa, que caiu de forma inesperada diante da antepenúltima entre as 31 inscritas na categoria mais leve do judo feminino, depois de, na primeira ronda, ter afastado a alemã Katharina Menz (25.ª).
A atleta da Académica, que perdeu o combate no 'golden score', diz sair de consciência tranquila dos Jogos de Paris.
"Sei que fiz todo o trabalho que era para ter feito até aqui, fiz treinos muito duros e toda a preparação como devia ter sido, mesmo com os obstáculos que foram surgindo, como as lesões. Claro que fica um grande amargo de boca, porque trabalhei para voos maiores e, infelizmente, termino por aqui a competição", sublinhou.
A judoca portuguesa, que se estreou em Jogos com um quinto lugar em Tóquio2020, revelou ainda que, para já, pretende continuar com a alta competição, que lhe dá muito prazer, e depois "logo se vê".
"Vão ser quatro anos, é sempre um apuramento duro, mas conto fazer pelo menos mais um ciclo, fazer mais competições. Agora, quero estar com a minha família, que me veio aqui apoiar, abraçá-los, é o que mais quero agora", concluiu.
A seleção portuguesa ainda terá seis judocas em ação na Champ-de-Mars Arena, nomeadamente Bárbara Timo (-63 kg) e João Fernando (-81 kg), na terça-feira, Taís Pina (-70 kg), na quarta-feira, Patrícia Sampaio (-78 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg), na quinta-feira, e Rochele Nunes (+78 kg), na sexta-feira.