"Orgulho" e um "estalo na cara nos obscurantistas" para a esquerda, "vergonha" e um "ataque à cultura francesa" para alguns setores da direita e da extrema direita: a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 gerou reações diversas entre a classe política na França..Um dos pontos polémicos foi a apresentação de Aya Nakamura, cantora francesa de origem malinense criticada pela extrema direita nos últimos meses, que se apresentou ao lado da solene Guarda Republicana..Outro momento que gerou controvérsia foi a presença de 'drag queens' numa encenação que recordava a última ceia de Jesus Cristo com seus apóstolos. Sobre a mesa, o cantor Philippe Katerine apareceu pintado de azul e quase nu, com ares de Dionísio..Um desfile de moda contou com a participação da modelo trans Raya Martigny, e acompanhamento musical da DJ e ativista feminista e lésbica Barbara Butch.."Que orgulho quando a França fala com o mundo!", reagiu neste sábado (27) na rede social X o coordenador do partido França Insubmissa (LFI, esquerda radical) Manuel Bompard, enquanto o líder do Partido Socialista, Oliver Faure, comemorou a celebração dos "valores de liberdade, igualdade e fraternidade a que se somaram a sororidade, paridade e inclusão".."É a melhor resposta à ascensão do fascismo e da extrema direita (...) Que estalo na cara dos obscurantistas", comentou a ambientalista Sandrine Rousseau..O governo francês replicou um vídeo da atuação de Nakamura com elogios: "Digam-me um dueto melhor, vou esperar", comemorou o primeiro-ministro Gabriel Attal, aludindo à cantora e à Guarda Republicana.."Ataque à cultura francesa".A senadora do Republicanos (LR, de direita) Valérie Boyer denunciou "uma visão da nossa história (...) que procura ridicularizar os cristãos", em aparente alusão à cena de Philippe Katerine com as 'drag queens'..O seu colega de partido Xavier Bertrand, presidente da região de Hauts-de-France (Norte), considerou, no entanto, que a cerimónia foi "magnífica".."Que vergonha (...) A abertura dos Jogos Olímpicos é um ataque à cultura francesa", denunciou Julien Odoul, porta-voz do Rassemblement National (RN, extrema direita)..A conferência episcopal da França também se somou às críticas, afirmando que a cerimônia "gozou" com o cristianismo. Contudo, ressaltou "momentos maravilhosos de beleza e alegria, ricos em emoções e universalmente reconhecidos"..A eurodeputada de extrema direita Marion Maréchal declarou que "não é a França que fala, mas uma minoria de esquerda pronta para todas as provocações"..A sua tia e líder do RN, Marine Le Pen, declarou há alguns meses que a possível presença de Aya Nakamura no evento era uma tentativa do presidente Emmanuel Macron de "humilhar o povo francês", e não comentou ainda a cerimónia..Já neste sábado, desejou "boa sorte" aos atletas franceses para que "deixem as cores da França em alta e o povo francês orgulhoso"..Macron diz que abertura dos Jogos de Paris deixou os franceses "orgulhosos".Já o presidente francês, Emmanuel Macron, parabenizou as forças de segurança neste sábado pela sua "mobilização extraordinária" durante a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris e afirmou que o evento no rio Sena "deixou os franceses orgulhosos".