21 agosto 2017 às 00h16

Um dia "incrível" a coroar o ano dourado de Lampaert

Belga da Quick-Step completou redenção após um trauma algarvio, venceu a 2.ª etapa e chegou à liderança da Volta à Espanha

Rui Marques Simões

Uma queda na Volta ao Algarve de 2016 atrasou a afirmação de Yves Lampaert entre a elite do ciclismo mundial. Contudo, neste ano, após iniciar a redenção à porta de casa (na clássica Dwars door Vlaanderen), o belga da Quick-Step Floors começou a concretizar os sonhos adiados. E ontem chegou "ao grande momento da carreira": venceu a 2.ª etapa da Volta a Espanha e conquistou a camisola vermelha, símbolo de liderança da prova.

"Nem tenho bem consciência do que é liderar uma grande volta. É uma loucura para mim. Amanhã [hoje], estarei na primeira linha, na saída para a 3.ª etapa. É incrível...", disse Lampaert, quase beliscando--se, no final da tirada - 203,4 quilómetros entre Nîmes e Gruissan (no Sudoeste de França). O sonho tornou-se realidade após um dia atípico, em que não houve hipóteses de fuga e a Quick-Step Floors aproveitou da melhor forma os cortes no pelotão, nos quilómetros finais.

Depois da equipa belga assumir a dianteira, Yves Lampaert lançou--se para a vitória no derradeiro quilómetro, deixando para trás o italiano Matteo Trentin (seu colega) e o britânico Adam Blythe (Aqua Blue Sport). "Tínhamos planeado esperar pelos últimos dez quilómetros. Primeiro, o Niki (Terpstra) chegou ao topo, depois o Alaphilippe criou um pequeno grupo de fuga, e no final, antes da última rotunda, gritaram-me para dar tudo. Eu sabia que podia fazer um quilómetro assim rápido mas estou muito feliz por tê--lo levado até ao fim. É um grande momento na minha carreira", resumiu o especialista de contrarrelógio (campeão belga da disciplina).

De certa forma, Lampaert, de 26 anos, completou a redenção após o trauma sofrido em Portugal. A queda na Volta ao Algarve do ano passado provocou-lhe uma fratura no externo, roubando ao belga os primeiros meses da época. Recomposto, o ciclista da Quick-Step Floors só neste ano concretizou as expectativas que pairavam sobre ele.

Em março, Yves Lampaert venceu, em casa, a clássica Dwars door Vlaanderen ("através da Flandres") - "ganhei na minha cidade, diante do estádio do meu clube [Zulte-Waregem], a minha felicidade é total", disse, então. Depois, lançou-se para o título belga de contrarrelógio,que há muito ameaçava. E, agora, chegou ao maillot rojo da Vuelta - destronando o primeiro líder, o australiano Rohan Dennis (BMC).

A glória deverá, ainda assim, ser temporária. Hoje, com a 3.ª etapa - 158,5 quilómetros entre Prades Canigó (França) e Andorra-a-Velha -, a Volta a Espanha terá os primeiros despiques em alta montanha, com passagem pelos Pirenéus. Para já, o britânico Chris Froome, da Sky (9.ª da geral, a 21 segundos de Yves Lampaert), encabeça o lote de favoritos, embora ontem tenha perdido oito segundos para o italiano Vincenzo Nibali (Bahrain Mérida), que agora é 24.º, a 35 segundos do líder.