Trocou a reforma por um lugar na história. Ogier vence Rali de Portugal e bate recorde de vitórias

Trocou a reforma por um lugar na história. Ogier vence Rali de Portugal e bate recorde de vitórias

Ogier (Toyota Yaris) entrou para a história do Rali de Portugal, ao tornar-se no mais vitorioso de sempre, com seis triunfos, mais um do que o finlandês Markku Alén.
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O piloto francês Sébastien Ogier (Toyota Yaris) venceu este domingo a 57.ª edição do Rali de Portugal, quinta prova do Campeonato do Mundo, e bateu o recorde de vitórias, com seis, mais uma do que o finlandês Markku Alén.

Ogier terminou as 22 especiais com o tempo de 3:41.32,3 horas, deixando na segunda posição o estónio Ott Tänak (Hyundai i20), a 7,9 segundos, com o belga Thierry Neuville (Hyundai i20) em terceiro, a 1.01,9 minutos.

Com estes resultados, Neuville cimentou a liderança no Campeonato do Mundo, com 110 pontos e 24 de vantagem sobre o britânico Elfyn Evans (Toyota Yaris), que hoje teve problemas de motor.  

Ogier (Toyota Yaris) entrou assim para a história do Rali de Portugal, ao tornar-se no mais vitorioso de sempre, com seis triunfos, mais um do que o finlandês Markku Alén.

Um recorde que demorou sete anos a ser quebrado e que implicou que o oito vezes campeão mundial saísse de uma reforma a tempo parcial. Desde o final de 2021, e a conquista do oitavo cetro, que o francês, natural de Gap, trocou a profissão de piloto a tempo inteiro para se dedicar à família, fazendo aparições esporádicas no Mundial de Ralis (WRC).

Desde esse momento, soma seis triunfos, um em 2022 (Espanha), três em 2023 (Monte Carlo, México e Quénia) e dois em 2024 (Croácia e Portugal).

Depois de ter falhado a prova lusa em 2023, este ano voltou a uma corrida que já tinha arrebatado por cinco vezes (2010, 2011, 2013, 2014 e 2017).

Ogier, que ganhou pela Toyota com já tinha ganho pela Ford, VW e Citroën, é o segundo piloto mais vitorioso na disciplina, apenas atrás do homónimo e antecessor Sébastien Loeb, e também o segundo campeão por três marcas diferentes (Volkswagen, Ford e Toyota), algo que conseguiu em 2020, replicando o finlandês Juha Kankkunen, campeão com Peugeot (1986), Lancia (1987 e 1991) e Toyota (1993).

Curiosamente, Ogier apenas não conseguiu ser campeão com a Citroën, a marca que o lançou no mundo dos ralis, da qual saiu em 2012, por se sentir tapado por Loeb, e à qual voltou em 2019 com o objetivo de ser campeão, após seis títulos consecutivos.

No entanto, o casamento com a marca francesa não resultou e durou apenas um ano, tendo antecipado o divórcio, trocando o duplo Chevron pela japonesa Toyota, aonde foi ocupar o lugar deixado vago pelo recém-campeão Ott Tanak.

Cada vez mais longe da sombra do compatriota, Ogier distingue-se pelo trato fácil e simpatia, igualando os dotes na condução. Casado com uma apresentadora alemã de televisão, com quem tem um filho de sete anos, tem na família um importante suporte.

O piloto gaulês, que foi ginasta na adolescência, explicou que "uma das razões para deixar o Mundial foi para passar mais tempo em família". Outra era a de cumprir o sonho de correr nas 24 Horas de Le Mans, que realizou em 2022, ano em que terminou em 13.º na geral e nono dos LMP2.

O amor pela competição começou a ver os troços do rali de Monte Carlo, que passam literalmente à porta de casa. Trabalhou como mecânico e instrutor de esqui, antes de ver as portas dos ralis abrirem-se numa formação de preparação de carros de competição.

Como a equipa para a qual trabalhava já participava no Rally Jeunes, prova de captação de talentos, um dia decidiu inscrever-se. Foi quanto bastou para começar a fazer história.

Daí ao Mundial de Juniores foi um 'passinho', que o fez aterrar na Citroën Junior Team em 2009.

Alcançou a primeira vitória no ano seguinte, precisamente em Portugal, causando espanto por ter batido o então incontestado Loeb.

O triunfo no Algarve levou os responsáveis da Citroën a colocarem um carro oficial nas mãos do seu jovem pupilo na segunda metade do campeonato de 2010 e Ogier não desiludiu, tendo vencido no Japão e terminado em segundo lugar no difícil Rali da Finlândia.

Em 2011, venceu cinco provas, reeditando o sucesso em Portugal, mas terminou o Mundial no terceiro lugar. A convivência com Loeb não foi pacífica e Ogier deixou a Citroën no fim da temporada, por considerar que nunca poderia ser campeão enquanto o compatriota estivesse na equipa.

Ogier apostou na Volkswagen e no desenvolvimento do Polo R WRC, que apenas faria a estreia oficial na época seguinte, o que o levou a participar no campeonato de 2012 ao volante de um pouco competitivo Skoda Fabia S2000, tendo como melhor resultado um quinto lugar, na Itália.

A entrada da Volkswagen no Mundial de Ralis, em 2013, não poderia ter sido mais triunfante, com Ogier a vencer nove das 13 provas, beneficiando do facto de Loeb ter participado apenas em 'part time', ainda assim impondo-se em dois dos quatro ralis que disputou.

Ogier e a Volkswagen prolongaram o sucesso nos três anos seguintes, em 2014, 2015 e 2016, até que o surpreendente abandono da competição por parte da marca alemã levou o francês a procurar uma nova 'casa', optando pela M-Sport, sempre com o compatriota Julien Ingrassia como copiloto do Ford Fiesta.

Sem perspetivas de evolução, em 2019 regressou à Citroën, sem sucesso.

Ameaçou com o final de carreira para se ver livre do contrato com os franceses e acabou por rumar à Toyota, órfã de Tanak.

Em 2021 conquistou o oitavo título mundial, ficando a um do recorde de Loeb.

A pandemia levou o piloto natural de Gap a adiar a ideia de reforma, prevista inicialmente para o final de 2020, renovando por mais um ano com a equipa nipónica. Contudo, a conquista do oitavo título e a possibilidade de igualar o recorde não fez Ogier mudar de ideias.

Desde 2022, tem feito aparições esporádicas em provas do Mundial de Ralis, continuando a somar vitórias. Como a de hoje, na 57.ª edição do Rali de Portugal, que lhe vale um lugar na história.

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