O histórico curto e a rivalidade entre os dinossauros da I Liga
O Portimonense-Sporting deste sábado (20.30, Sport TV1) vai marcar o oitavo confronto entre os dois treinadores mais velhos da I Liga. Vítor Oliveira, 64 anos, e Jorge Jesus, 63, há muito que fazem parte do panorama futebolístico em Portugal, mas apenas se defrontaram por sete vezes
O mais veterano, natural de Matosinhos e em atividade desde que substituiu Manuel José no Portimonense, em 1985, começou a dar nas vistas mais cedo, de tal forma que venceu os dois primeiros jogos ao amadorense Jesus, que se estreou nos bancos ao leme do Amora, em 1989/90. No duelo inaugural entre ambos, a 13 de abril de 1997, a Académica de Oliveira foi vencer em casa do Felgueiras de Jesus em partida da II Liga, com um golo de João Tomás, um triunfo crucial para as contas da subida de divisão, a segunda (de dez) para o matosinhense.
Na temporada seguinte, voltaram a coincidir no segundo escalão, com Vítor Oliveira a subir a U. Leiria e Jesus a dividir a época entre Felgueiras e U. Madeira. Mas não se chegaram a defrontar. Em 1998/99, algo semelhante aconteceu: Jesus assumiu o comando do Estrela da Amadora na I Liga, patamar em que Oliveira começa o curso pelo Sp. Braga, mas sai para o Belenenses a meio - conseguindo no Restelo a quarta subida à elite - e volta a desencontrar-se com o atual treinador do Sporting.
Foi então preciso esperar por 1999/00 para haver novo duelo entre os dois. A 22 de agosto de 1999, o Belenenses de Oliveira foi à Reboleira vencer por 3-0, naquela que viria a ser a segunda mas última vitória do nortenho sobre Jesus. Na segunda volta, houve empate a um golo em Belém.
A partir de então, quatro jogos e outras tantas vitórias para Jesus. A primeira surgiu ao leme do V. Setúbal, na II Liga, num triunfo caseiro por 3-2 sobre o Rio Ave que catapultou os sadinos para o a subida, numa época atípica para Oliveira, que não foi promovido.
Entretanto, em 2004/05, o amadorense sucede ao matosinhense no Moreirense, que acaba por descer à II Liga, mas os caminhos de ambos só se voltaram a cruzar a 18 de fevereiro de 2008. Em Leiria, o Belenenses de Jesus venceu por 2-1, e deixou a União com a despromoção ao segundo escalão praticamente sentenciada.
Depois, as carreiras dos dois seguiram rumos opostos. A de Jesus sofreu um impulso, que o levaria ao Sp. Braga e à conquista de títulos no Benfica e no Sporting. A de Oliveira estabilizou na II Liga, onde reforçou o estatuto de campeão das subidas de divisão, acrescentando mais cinco ao currículo: Arouca (2012/13), Moreirense (2013/14), U. Madeira (2014/15), Desp. Chaves (2015/16) e Portimonense (2016/17).
Durante quase uma década, o único duelo entre ambos foi para a Taça da Liga, com o Benfica a vencer no terreno do Desp. Aves por 4-0, em janeiro de 2011.
Relação difícil entre os dois
Quase sete anos depois, na primeira volta deste campeonato, a 17 de dezembro, houve o sétimo duelo, que voltou a fazer sorrir Jesus, que venceu por 2-0 graças a Bruno Fernandes e Bas Dost. Foi o último capítulo de um histórico algo curto mas marcado por uma relação difícil, que nem sequer contempla apertos de mão.
O mal-estar entre os dois terá nascido em 2005, quando o Moreirense desceu e Jesus disse que encontrou uma equipa mal preparada e que, se tivesse chegado mais cedo, não desceria. Contudo, o momento mais tenso surgiu há dois anos, quando Vítor Oliveira teceu críticas duras ao técnico leonino: "Jorge Jesus perdeu três campeonatos, dois no Benfica e um no Sporting, porque tem um ego tremendo. Pensou que estava tudo conseguido, com sete pontos de vantagem. Deu um ânimo tremendo ao Benfica, com um ataque feroz e desleal ao Rui Vitória. Os jogadores do Benfica envolveram-se com o seu treinador e fizeram de cada jogo uma batalha. Jesus potencializa os jogadores como ninguém em Portugal, mas foi penalizado por um ataque desleal a um colega de profissão. Fora do campo Jesus é um desastre. Enquanto não perceber isso vai continuar a perder coisas que estão conquistadas."