Couceiro, rosto maior da herança desportiva

Dos 22 Peyroteos registados na Federação desde 1975, seis estão no ativo, além do técnico sadino e de Tiago (Sp. Macau).
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José Júlio de Carvalho Peyroteo Martins Couceiro é o rosto mais conhecido da herança desportiva de Peyroteo. O atual técnico do Vit. Setúbal já foi treinador, diretor desportivo e candidato a presidente no Sporting, clube onde o tio-avô, Fernando Peyroteo, deixou um rasto de sucesso difícil de igualar. Foi ainda treinador do FC Porto, selecionador sub-21, presidente do Sindicato... Um currículo que fala por si, apesar da " herança ser muito pesada", segundo Couceiro, "talvez" o rosto mais conhecido entre os descendentes da lenda leonina.

Mas "nada que se compare" sequer ao tio-avô: "Ele teve uma dimensão que mais nenhum dos Peyroteo teve, tem números verdadeiramente fantásticos, a nível de golos ninguém o conseguiu igualar e provavelmente nunca ninguém igualará. Fazer 57 golos na época de estreia com 19 aninhos é obra."

As recordações foram marcantes, apesar de se irem esfumando no tempo: "Eu nasci em Lisboa e foi ele que me levou para Angola. A primeira vez que fui ao futebol foi com ele e o meu avô Júlio ao Estádio dos Coqueiros (Luanda). Ele tinha lá um camarote, por estar na direção geral dos desportos, e como ele e o meu avô eram os irmãos mais próximos e estavam sempre juntos eu tive o privilégio de crescer com eles."

E como foi crescer com esse apelido? "Um orgulho. Peyroteo em Angola era sinónimo de futebol, grande jogador e Sporting, portanto para mim nunca foi um peso", responde o atual técnico sadino, explicando que foi educado "a ter adversários, não inimigos". Quando o adversário é o Sporting, "obviamente" Couceiro tem de "defender os interesses" da equipa que representa: "Neste momento é o V.Setúbal e como foi visível nos jogos com eles fizemos o que podíamos para ter sucesso. Na Taça da Liga foi por pouco..."

Além de José Couceiro, a Federação Portuguesa de Futebol tem registo de 22 Peyroteos, desde 1975. Se são todos descendentes diretos ou não, isso é coisa que ainda falta apurar. Atualmente apenas seis estão inscritos nos campeonatos 2017/18. A saber: Afonso Peyroteo (Ass. Desp. Olhão); Hugo Peyroteo (Quinta do Conde); João Peyroteo (Linda a Velha); Diogo Peyroteo (Alta Lisboa); Rodrigo Peyroteo (futsal - Porto Salvo) e Catia Peyroteo (Barreirense). E há ainda um outro, Tiago, que dá seguimento à tradição via Sporting de Macau.

E deve haver mais, afinal eram 12 irmãos e a herança já saltou do relvado para as piscinas e pavilhões, deixando um rasto de Luanda a Lisboa. Peyroteo teve ainda três sobrinhas que foram campeãs de basquetebol. Uma delas, Regina, vive em Portugal e é casada com Mirandela da Costa, antigo presidente do Instituto do Desporto.

Um outro sobrinho do goleador, Fernando Peyroteo, foi campeão de natação - na família todos tinham de saber nadar - em Angola e hoje vê o neto tentar ser jogador no Alta de Lisboa. Diogo tem 15 anos e sabe o peso que carrega nas costas: "Sei que para chegar aos meus objetivos, tem de ser por mim. Às vezes os mais velhos perguntam se sou familiar do Peyroteo, os da minha idade nem por isso."

Do antigo goleador leonino, o afilhado de José Couceiro sabe apenas o que lhe contam: "Que era um grande avançado e que marcava muitos golos." Avançado e fã de Montero, Diogo identifica-se mais com o estilo de Bas Dost: "Um avançado que não corre tanto, mas que em frente à baliza acerta quatro em cinco remates."Ambiciona ser jogador profissional, mas sabe que "é difícil e nem todos chegam lá". Se não, "treinador ou cozinheiro", não fosse ele descendente de um bom garfo.

A descendência de Peyroteo é que não pára de aumentar. De tal maneira, que, há uns anos, um dos sobrinhos do goleador, Herlander, que era realizador de televisão, mandou fazer a árvore genealógica da família e um outro sobrinho (Jorge) criou um blogue e começou a organizar reuniões anuais para se conhecerem e encontrarem. Agora há uma página do Facebook sobre a família, num ponto de encontro dos tempos modernos.

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