Só por duas vezes na história as quedas decidiram título mundial
Valência consagrará domingo o campeão mundial de MotoGP de 2017. Um emocionante desfecho muito embora o favoritismo esteja do lado do reputado Marc Márquez, da Honda, que dispõe de 21 pontos de vantagem sobre o surpreendente Andrea Dovizioso, que representa a renascida Ducati.
Ou seja, se tudo correr normalmente o três vezes campeão do mundo vai chegar ao tetra, mas nem sempre a lógica impera. Por 17 vezes o título decidiu-se no último grande prémio e, surpresa das surpresas, em duas ocasiões foi uma queda a originar uma reviravolta na derradeira corrida. E porquê uma queda? Simples, com a vantagem que tem na classificação, Márquez só vê fugir o título se ficar abaixo do 11.º lugar e Dovizioso triunfar. Ou então... se cair, abandonando, e o italiano vencer. E esse nem é, como já referimos, um cenário totalmente novo.
A primeira vez deu-se no longínquo ano de 1979 quando Virginio Ferrari chegou a Le Mans como líder mas uma queda ofereceu o título a Kenny Roberts. A segunda vez é bem mais recente, já neste século XXI. Em 2006, Valentino Rossi chegou ao último grande prémio com oito pontos de vantagem sobre Nicky Hayden. Partiu da pole position, inclusivamente, mas a cinco voltas de se sagrar campeão... caiu. Ainda conseguiu voltar à pista mas terminou no 13.º lugar, uma posição insuficiente para fazer a festa.
E agora, para dar mais um pouco de sal a este último grande prémio, uma pergunta. Qual foi o piloto que mais vezes caiu em 2017 no MotoGP? Precisamente Marc Márquez, ao todo foram 25 quedas e três delas custaram o abandono e zero pontos somados - Argentina, Le Mans e Silverstone. Mais... esta é a época em que Márquez já foi mais vezes ao chão desde que está no motociclismo. E o catalão já garantiu que não vai mudar a sua maneira de pilotar: "Este é o estilo que me deu os títulos mundiais que estão no meu currículo."
Ontem, os dois pilotos estiveram no circuito valenciano de Cheste para a conferência de imprensa de antevisão da prova de domingo.
"Tenho tentado estar tranquilo em casa, mas toda a gente me diz que o título está decidido. Não está, mas, sendo sincero, não trocaria de posição com Dovizioso. Foi uma temporada complicada e difícil que será decidida numa única corrida. Vou dar tudo e tudo farei para manter a concentração porque no desporto tudo pode acontecer. Acabar a corrida é o mais importante", disse Marc Márquez que atua em casa.
Já Andrea Dovizioso baixa a fasquia apesar de poder ainda sagrar-se campeão mundial: "Ganhar o título é quase impossível, era preciso acontecer tanta coisa e nunca vi o Marc em 12.º lugar. Tenho de me concentrar em ser o mais rápido possível, manter-me focado na corrida e nunca perder a calma."
Por seu turno, Jorge Lorenzo, colega de equipa de Dovizioso, deu a conhecer o seu sentido coletivo para levar o colega ao título. "Farei tudo o que puder para ajudar Andrea a ser campeão, o que para a nossa equipa é um sonho. Sabemos que é improvável e difícil. Vamos ter de pilotar estando bem informados do que se está a passar e eu tentarei ganhar mas sempre tendo a noção de onde está Andrea", sublinhou o também três vezes campeão mundial de MotoGP.