Seleção volta a golear, mas desta vez só depois do susto letão

CR7 bisou, mas falhou um penalti pelo meio. Letónia gelou as bancadas a 20 minutos do fim, mas Quaresma desbloqueou
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Portugal somou ontem a terceira vitória consecutiva na corrida ao Mundial de 2018, numa partida que todos pensariam ser fácil mas que acabou por ser uma dor de cabeça. Por culpa própria, pois a superioridade nacional nunca foi posta em causa. Faltou sim mais clarividência e provavelmente outro tipo de jogadores, sobretudo no meio--campo e nas alas. Assim, talvez a Letónia não tivesse assustado a 20 minutos do fim.

A vitória de ontem era mais do que obrigatória. Primeiro porque Portugal é melhor e depois, ainda antes da turma das quinas subir ao relvado do estádio do Algarve, porque Suíça e Hungria, os dois mais diretos concorrentes na luta pelo apuramento direto para o Mundial de 2018, tinham vencido os seus jogos. Por tudo isto, ninguém ficou surpreendido com a forte intensidade com que Cristiano Ronaldo e companhia entraram em campo. O objetivo era claro, resolver o jogo quanto antes.

Mas intensidade não é sinónimo de futebol bem jogado. E nos primeiros 45 minutos Portugal não deslumbrou. É verdade que dominou por completo, teve mesmo 71% de posse de bola, mas os setores não funcionavam a 100%.

Por exemplo, ao contrário do habitual, o ponto forte da turma das quinas não funcionou antes do descanso, concretamente o jogo pelos corredores. Poucos cruzamentos, pouco entendimento entre laterais e extremos e quem se ressentiu mais foram os dois da frente, Cristiano Ronaldo e André Silva. O primeiro golo acabou por aparecer, aos 28", numa combinação entre CR7 e Nani, no corredor central. O capitão isolou o colega na área e este caiu, dando ideia de não ter havido toque do defesa letão. O árbitro entendeu o contrário e Cristiano Ronaldo fez o que tem sido hábito seu neste estádio do Algarve: o golo, o sexto consecutivo em terras algarvias.

Apesar do desacerto ofensivo, a vantagem era merecida, pela tal intensidade e vontade dos portugueses. Mas pedia-se mais. O meio--campo composto por William, André Gomes e João Mário era demasiado passivo face a uma Letónia que até dava espaços para percorrer e mais atrás também não havia concentração defensiva, o que fez o público levar as mãos à cabeça num par de ocasiões claras de golo para a Letónia. Valeu também o desacerto dos visitantes.

Faltava alguém que desse um pouco mais de velocidade no meio-campo e nas alas para apanhar de surpresa uma estrutura defensiva da Letónia de nove jogadores, mas não foi isso que Fernando Santos entendeu no descanso, voltando com o mesmo onze para a etapa complementar.

Portugal voltou a entrar com muita intensidade mas pouca clarividência. Os lances ofensivos eram rapidamente descortinados pela muralha defensiva letã e depois não havia ninguém para construir (e pensar) o jogo de outra forma. E depois olhava-se para o banco e estavam lá Adrien, Renato Sanches, Bernardo Silva e Ricardo Quaresma.

Aos 58 minutos, contudo, Portugal até podia ter feito o 2-0 e o jogo poderia ter sido outro, com mais de meia hora para jogar, mas na segunda penalidade da noite CR7 falhou (ver caixa). Não se pode dizer que a turma das quinas se ressentiu com a bola ao poste do capitão, mas a verdade é que num lance feliz, e talvez na única oportunidade que a Letónia teve no segundo tempo, Zjuzins fez o empate, aos 67".

O estádio do Algarve calou-se, em suspenso, mas Portugal respondeu logo aos 69", por William Carvalho. E respondeu porque já estava em campo alguém diferente, que podia dar outra dinâmica à equipa, concretamente Quaresma. Foi ele que acabou por revolucionar o jogo de Portugal. Com rapidez, dinamismo, motivação, o extremo do Besiktas trouxe alma à equipa e isso viu-se bem nos derradeiros 20 minutos, isto quando se esperava uma reação da Letónia. Mas lá está, Quaresma não deixou e levou o campeão europeu para a frente. Depois da assistência para William, fez o cruzamento para o 3-1 de CR7, aos 85", e iniciou a jogada do 4-1, aos 90+2", finalizada por Bruno Alves.

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