O Ministério Público acusou a SAD do Benfica, a Benfica Estádio, Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira e mais quatro arguidos e uma empresa de crimes de fraude fiscal e falsificação de documentos, no âmbito do processo chamado Saco Azul, confirmou o DN junto a fonte próxima do processo..O ex-presidente do Benfica e da Benfica SAD, Luís Filipe Vieira, está acusado de três crimes de fraude fiscal e 19 de falsificação, assim como o ainda administrador da SAD, Soares de Oliveira, e o diretor financeiro Miguel Moreira. A Benfica SAD e a Benfica Estádio estão acusadas de fraude fiscal, sendo que a segunda também está acusada de 19 crimes de falsificação de documentos..Estas entidades pagaram cerca de 1,65 milhões de euros para uma pequena empresa de consultoria informática, Questão Flexível, cujo dono (José Bernardes) terá cobrado 11 por cento do dinheiro recebido para passar faturas por serviços fictícios..A Questão Flexível e o seu dono estão acusados de três crimes de fraude fiscal qualificada e um total de 34 crimes de falsificação de documentos, sendo que José Bernardes também está acusado de um crime de fraude fiscal e outro de branqueamento."Tinham perfeita consciência de que as faturas emitidas pela Questão Flexível em benefício das sociedades Benfica, SAD, e Benfica Estádio, S.A., não titulavam quaisquer operações económicas", acusa o procurador..O procurador entende que, com este esquema, houve uma fuga aos impostos (IVA e IRC) de mais de 585 mil euros, que deverá ser pago "solidariamente" por todos os arguidos..Há ainda outros dois arguidos (Paulo da Silva e José Raposo) que terão ajudado José Bernardes a fugir ao fisco com a comissão que cobrava pela emissão de faturas falsas e que por isso estão acusados de 15 crimes de falsificação de documentos..O inquérito do processo Saco Azul remonta a 2018, quando a Autoridade Tributária e Aduaneira alertou para a faturação excessiva de uma empresa de consultoria informática. Esta empresa e os seus responsáveis já tinham sido constituídos arguidos. Em causa estão 1,8 milhões que saíram das contas da Benfica, SAD, num período de meio ano, para pagamento de serviços que alegadamente nunca foram prestados..Na altura em que o processo foi desencadeado, a Polícia Judiciária fez buscas no clube, tendo sido analisados documentos na tentativa de encontrar crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais. A investigação tentou perceber se a SAD do Benfica tinha um saco azul, onde o dinheiro seria depositado e depois levantado em notas, para ser utilizado no pagamento de despesas não contabilizadas..Este saco azul alegadamente serviria para pagar "favores" a terceiros, nomeadamente árbitros de futebol, no que poderia consubstanciar uma eventual descida de divisão do clube da Luz, no caso de ser provado em tribunal..Os advogados do Benfica pediram o arquivamento, ou no mínimo a suspensão do processo, em setembro do ano passado.