Recital de Bernardo Silva no jogo 100 de Fernando Santos
Uma vitória com assinatura de Bernardo Silva no jogo 100 de Fernando Santos. O triunfo desta quinta-feira, em Alvalade, frente à Rep. Checa (2-0) mostrou como Portugal já ultrapassou a síndrome Karel Poborsky (há 26 anos eliminou a seleção no Euro 1996) e tem um leque de jogadores que permite mudar peças sem estragar o desempenho da máquina. A seleção portuguesa lidera o Grupo A2 da Liga das Nações com sete pontos, mais dois que a Espanha, que venceu a Suíça (adversário de Portugal, no domingo, em Genebra), por 1-0 (golo de Sarabia).
Desde o dia em que justificou a alargada convocatória de 26 jogadores com os quatro jogos em 11 dias, o selecionador avisou que não iria repetir um onze e que a rotatividade seria uma realidade. E se do jogo da Espanha (1-1) para o encontro com a Suíça (4-0) trocou seis peças, ontem, frente à Rep. Checa, fez quatro alterações - Diogo Costa, Raphael Guerreiro, Gonçalo Guedes e Bernardo Silva entram para os lugares de Rui Patrício, Nuno Mendes, Otávio e Bruno Fernandes.
Pepe, que igualou Luís Figo como o terceiro mais internacional de sempre (127), só superado por Cristiano Ronaldo (189) e João Moutinho (145), e Danilo é que ainda não descansaram. E isso diz duas coisas (ambas preocupantes): Que o capitão do FC Porto é insubstituível aos 39 anos e que Fernando Santos prefere o médio do PSG a jogar a central em vez de apostar num jovem central de raiz. Rúben Semedo, Domingos Duarte, Tiago Djaló, Gonçalo Inácio e David Carmo ainda não convenceram o engenheiro, que mais uma vez não pôde contar com Rúben Dias (lesionado).
Será precisa paciência de quem espera por uma oportunidade, assim como era preciso paciência para desbloquear o jogo com a Rep. Checa, que, como se esperava, aprisionou a seleção portuguesa dentro de um bloco defensivo forte. Com apenas um remate na primeira meia hora de jogo - Jan Kuchtaf, para defesa atenta de Diogo Costa - foi preciso aparecer o génio de um camisola 10 para desbloquear um jogo muito físico, mas longe das balizas.
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Bernardo Silva descansou frente à Suíça e voltou descansado para servir João Cancelo para o 1-0. O lateral citizen marcou pelo segundo jogo consecutivo e deu mais uma vez razão a quem o considera o melhor lateral direito do mundo. E não demorou até Bernardo repetir a magia de isolar...desta vez Gonçalo Guedes, para o 2-0. Exatamente três anos depois de marcar o golo que deu a Liga das Nações (2019) a Portugal, o jogador do Valência saltou da bancada para o onze e marcou mais um golo de quinas ao peito.
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O selecionador checo tinha razões para mudar e arriscar tudo no segundo tempo e voltou com três novos jogadores, na tentativa de contrariar o jogo de posse dos portugueses, que estavam cada vez mais confortáveis no jogo. Tão confortáveis que chegaram a desconcentrar-se e a ajudar o adversário e chegar à baliza. Diogo Costa viu três "bombas" passar ao lado depois de perdidas de bola do meio-campo português. No banco, o selecionador pedia calma e trocava de médio criativo - saiu Bernardo e entrou Bruno Fernandes - e de médio defensivo - saiu Rúben Neves e entrou João Palhinha - já a pensar no jogo de domingo, com a Suíça. Depois foi gerir as operações até ao fim e tentar ampliar a vantagem, mas nem Ronaldo, nem Jota, nem Leão o conseguiram.
E assim, 2798 dias depois de perder o primeiro jogo de quinas ao peito - com a França (2-1) -, Fernando Santos chegou aos 100 jogos com um triunfo convincente. O engenheiro é um dos três selecionadores centenários a nível mundial em atividade e isso diz muito da competência do técnico no banco nacional. Foi também a décima vitória de Portugal em 15 jogos na Liga das Nações.
isaura.almeida@dn.pt