Sporting da primária não chegou para evitar 'show' do City
Sporting sofreu derrota pesada com o campeão inglês (5-0). Português Bernardo Silva marcou dois golos em Alvalade e foi uma das figuras do jogo dos oitavos de final. Rúben Amorim resignado geriu esforços no segundo tempo. Segunda mão joga-se a 9 de março em Manchester.
Uma lição para o ensino básico! A jogar sem bola é difícil marcar golos e contrariar a melhor equipa de mundo, treinada pelo melhor treinador do mundo... como se viu esta terça-feira no Estádio José Alvalade. O Manchester City goleou o Sporting (5-0), com dois golos de Bernardo Silva. Os quatro golos sofridos ainda na primeira parte ditaram o rumo dos acontecimentos para o resto da partida dos oitavos de final da Liga dos Campeões e provaram que o leão ainda anda na escola primária e está longe da universidade onde andam os citizens, como profetizou Rúben Amorim.
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Sem vergonha de admitir a diferença entre o campeão inglês e o campeão português, o técnico leonino tinha prometido um leão com "fome de bola", mas o que se viu em campo foi um leãozinho apático, sem argumentos para contrariar um adversário superior a todos os níveis. Com boa cultura tática, pressão alta, recuperação imediata, bom preenchimento dos espaços, boa circulação de bola e uma excelente finalização, o City jogou sem deixar jogar e contou com a ajuda de alguns buracos na habitual muralha defensiva dos leões.
Horas depois de conhecer os castigos relativos ao clássico da semana passada, Rúben Amorim mudou três peças no onze para enfrentar os citizens, com as entradas de Pedro Porro, João Palhinha e Pedro Gonçalves para os lugares de Feddal, Ugarte e Nuno Santos.
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Já Guardiola voltou ao onze normal, após ter feito algumas poupanças no duelo diante do Norwich, e trocou as alas. Meteu Stones do lado direito e passou o melhor lateral direito do mundo, João Cancelo, para defesa esquerdo. A mudança não foi propriamente uma novidade, mas a verdade é que foi com um corredor esquerdo made in Portugal, que João Cancelo e Bernardo Silva construíram uma bela jogada, que terminou com a bola na baliza de Adán aos nove minutos.
O lance foi confuso e foi preciso esperar para ver o VAR validar o golo de Riyad Mahrez. John Stones quase marcou o segundo na jogada seguinte, num mau atraso de Matheus Reis. O jogador leonino teve um jogo infeliz e logo depois foi surpreendido e ultrapassado por Bernardo Silva, que fez o 2-0 aos 17 minutos! O lateral ficaria ainda ficaria ligado ao terceiro. Jogada de insistência de Mahrez pela direita, com Matheus Reis a falhar o corte e deixar Foden à vontade para o terceiro golo da equipa. Antes do intervalo Bernardo bisou.
Os citizens (com Rúben Dias a capitão) jogavam subidos e apostar na profundidade, o que significava ter Foden, Bernardo, Sterling e Mahrez sempre nas costas dos defesas leoninos. E desde que se apanharam em vantagem no marcador, os ingleses deram-se ao luxo de temporizar as suas ações, acelerando ou travando de acordo com a sua conveniência.
O hat trick que não foi
Depois de terminar a primeira parte com quatro golos sofridos e sem um único remate à baliza, o Sporting regressou dos balneários determinado a mostrar outra face, mas era missão (quase) impossível. Os buracos na muralha defensiva leonina continuavam e Bernardo ficou perto de fazer história. O português marcou aquele que seria o golo do seu primeiro hat trick da carreira, mas o lance foi anulado. Adán tinha ficado mal na fotografia, mas não teve hipóteses perante a bomba de Sterling (5-0).
Resignado, a estratégia de Amorim para o segundo tempo foi tentar evitar a humilhação total, gerir o plantel com vista ao jogo da I Liga, com o Estoril e dar minutos a Slimani. Com isto ajudou a que o jogo caísse de intensidade, com o City a gerir a posse de bola com calma e à procura de aplicar mais um golpe ao leão já ferido. E se muitos adeptos deixaram Alvalade antes da partida terminar tal o desalento pela goleada, muitos houve que ficaram a aplaudir a equipa. Afinal em mais de cem anos de história esta é apenas a segunda vez que o Sporting joga os oitavos de final da Champions.
Para a segunda mão (dia 9 de março) a missão é (quase) impossível. Nunca uma equipa virou uma desvantagem de cinco golos na Champions.
isaura.almeida@dn.pt