PSP identificou futebolista durante desacatos no Desportivo de Chaves-Estoril Praia
PEDRO SARMENTO COSTA/LUSA

PSP identificou futebolista durante desacatos no Desportivo de Chaves-Estoril Praia

PSP indica que foi "identificado um jogador de futebol por suspeita da prática de crime de ofensa à integridade física", sem o identificar.
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A PSP identificou no domingo um jogador de futebol por suspeita de crime de ofensa à integridade física durante os desacatos que resultaram na detenção de seis pessoas no jogo Desportivo de Chaves-Estoril Praia, da I Liga.

"Pelas 17:26 [de domingo], altura em que o jogo de futebol ainda decorria, ocorreu uma situação de invasão da área do espetáculo desportivo [...], o que motivou a intervenção da PSP. Durante esta ação policial foram detidos seis cidadãos, designadamente quatro homens e duas mulheres, com idades compreendidas entre os 30 e os 60 anos, por suspeita da prática do crime de invasão da área do espetáculo desportivo", detalha a Polícia de Segurança Pública, em comunicado.

Os suspeitos detidos foram "libertados e notificados para comparência" hoje, "junto da Autoridade Judiciária competente".

Na mesma nota, a PSP indica que foi "identificado um jogador de futebol por suspeita da prática de crime de ofensa à integridade física", sem o identificar, e que registou ainda duas situações de arremesso de objetos, "pelo que irá proceder ao levantamento dos respetivos autos de notícia e remetê-los às autoridades competentes".

Uma invasão de campo quando decorria o período de descontos do jogo de domingo entre o Desportivo de Chaves e o Estoril Praia, da 30.ª jornada da I Liga de futebol, disputado em Chaves, resultou em desacatos e agressões entre adeptos flavienses e jogadores do Estoril Praia, com o guarda-redes Marcelo Carné e Pedro Álvaro a verem o vermelho direto.

Após uma paragem de cerca de 20 minutos, o jogo foi retomado, com a equipa da casa a chegar ao 2-2 com um golo aos 90+20 minutos, por intermédio de Morim, quando na baliza do Estoril Praia o avançado João Carlos assumia a posição de guarda-redes.

A equipa da casa marcou primeiro, por intermédio de João Correia, aos 32 minutos, mas os estorilistas adiantaram-se, com golos de Basso (58) e Fabrício (71), cedendo o empate depois do reinício do encontro.

"Depois de verificadas as condições de segurança no interior e exterior do recinto desportivo e estando estas garantidas pela PSP, pelas 17:40 o jogo reiniciou, não existindo até ao final do mesmo qualquer outra situação criminal ou de alteração da ordem pública", conclui a PSP, apelando "a todos os adeptos de futebol que digam não à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância em todo e qualquer ambiente, incluindo em contexto desportivo".

Clubes e Liga lamentam confrontos. Estoril diz que infrator foi beneficiado

O presidente da SAD estorilista, Ignacio Beristain, lamentou os confrontos entre adeptos flavienses e os jogadores canarinhos, afirmando não aceitar a "vantagem" dada ao Desportivo de Chaves.

"Lamentavelmente, não estamos aqui para falar de um jogo de futebol. Lamentavelmente, [fazemos esta declaração] pelo que sucedeu no final do jogo, [quando] adeptos invadiram o relvado e agrediram os nossos jogadores, no campo", começou por afirmar Ignacio Beristain, numa declaração feita aos jornalistas após o duelo.

"Os nossos jogadores, ao defender-se da agressão, foram expulsos pelo árbitro. Todos os que estávamos aqui, vimos que não havia condições para [continuar] o jogo, já se tinha cumprido o tempo regulamentar, havia jogadores do Estoril Praia que foram agredidos no relvado, pelo que pedimos ao árbitro para suspender o jogo, mas, como viram, decidiu-se continuar num [contexto] em que não estava para se jogar futebol e, quem foi agredido, sofreu o prejuízo", afirmou o responsável canarinho.

Por todos estes motivos, Ignacio Beristain reiterou não poder aceitar a decisão do árbitro Nuno Almeida, afirmando que o Desportivo de Chaves saiu beneficiado desta situação.

"Hoje, quem agrediu em Chaves ganhou vantagem. Somos gente do desporto, aceitamos sempre, sempre, os resultados, sabemos ganhar e sabemos perder. Hoje, não posso pedir aos adeptos, aos jogadores [que aceitem], o Estoril Praia não pode aceitar o que se passou", concluiu.

Já a SAD do Desportivo de Chaves e a direção do clube transmontano lamentaram e condenaram este domingo os confrontos.

"O Desportivo de Chaves e a respetiva SAD lamentam profundamente os factos ocorridos no tempo de compensação da partida entre o Desportivo de Chaves e o Estoril Praia", lê-se num comunicado conjunto divulgado nas redes sociais do clube.

Os transmontanos afirmaram ser "apologistas do espírito de fair play no desporto e na vida", condenando os confrontos entre adeptos flavienses e jogadores estorilistas.

Para os responsáveis, estes tiveram origem em "provocações" de Marcelo Carné, guarda-redes da equipa visitante, que foi expulso com vermelho direto na sequência dos desacatos ocorridos após a invasão de campo.

"Condenamos veementemente tudo o que se passou, que nasceu das sucessivas provocações que Marcelo Carné, guarda-redes do Estoril Praia, fez para os nossos adeptos presentes [na bancada] Topo Sul", reiteraram.

A administração da SAD e a direção do clube mostraram-se, ainda, "totalmente disponíveis" para colaborar com as entidades competentes.

Também a Liga Portuguesa de Futebol Profissional condenou este domingo "de forma veemente" os incidentes na parte final do jogo entre Desportivo de Chaves e Estoril Praia, incluindo invasão de campo, desafiando as autoridades a ser "implacáveis" com os prevaricadores.

"A Liga Portugal condena de forma veemente os incidentes hoje ocorridos durante o jogo entre o Grupo Desportivo de Chaves e o Estoril Praia e exorta os adeptos à adoção de comportamentos responsáveis, condizentes com o espetáculo que deve ser, sempre, um jogo de futebol", defendeu o organismo, em comunicado.

"A Liga Portugal exorta também as autoridades competentes a serem implacáveis com quem, graças a atitudes inadmissíveis, perturbou o normal desenrolar do encontro em questão", acrescenta a instituição.

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