Pedro Pichardo fez 17,48 metros no primeiro salto, marca que garantiu apuramento para a final de terça-feira.
Pedro Pichardo fez 17,48 metros no primeiro salto, marca que garantiu apuramento para a final de terça-feira.OZAN KOSE / AFP

Pedro Pichardo e Tiago Pereira garantem final do triplo salto logo ao primeiro ensaio

Rui Pinto ficou em 38.º lugar na meia maratona e Miguel Borges foi 41.. No setor feminino, Salomé Rocha e Solange Jesus alcançaram recordes pessoais.
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Os portugueses Pedro Pablo Pichardo e Tiago Luís Pereira qualificaram-se este domingo para a final do triplo salto dos Campeonatos da Europa de atletismo Roma2024, ambos à primeira tentativa.

Pichardo, campeão olímpico em Tóquio2020 e europeu em Munique2022, 'voou' 17,48 metros na sua primeira tentativa, enquanto Pereira, bronze no Mundial 'indoor' Glasgow 2024, chegou aos 16,83, com a segunda e quarta marcas da qualificação.

O espanhol Jordan Díaz liderou este apuramento para a final marcada para terça-feira, às 20:55 locais (19:55 em Lisboa), com 17,52, enquanto o italiano Emmanuel Ihemeje se intrometeu entre os portugueses, com o terceiro salto, a 16,98.

"Acho que estamos todos fortes, eles são jovens e saltam muito", reconheceu Pichardo, na zona mista do Estádio Olímpico de Roma, após assegurar a qualificação, referindo-se aos seus antigos compatriotas Jordan Díaz e Andy Díaz, este último naturalizado só poderá representar a Itália a partir de 01 de agosto, a tempo dos Jogos Olímpicos Paris2024.

Pichardo, que, tal como nos Europeus em pista coberta Istambul2023, apresentou-se de calças e boné, tinha chegado a Roma2024 atrás de Jordan Díaz, com o segundo melhor salto europeu do ano (17,51), depois de um período de afastamento da competição, por lesão e litígio com o Benfica.

"Mas correu bem, foi tranquilo. Marquei a qualificação no primeiro salto, era esse o objetivo. Não queria arriscar fazer um nulo e ter de fazer mais do que um salto, para me poupar para terça-feira. A qualificação não é para fazer grandes marcas, o objetivo é qualificar. A potência e a coragem têm de ficar para a final", reiterou Pichardo, de 30 anos.

Também à primeira tentativa, Tiago Pereira 'saltou' para a final.

"As últimas competições têm sido difíceis para mim, mas ontem [no sábado] e hoje, no aquecimento, já comecei a sentir-me bem e a perceber que estava com bons saltos nas pernas. Cumpri e entreguei logo no primeiro salto", resumiu o saltador do Sporting, de 30 anos, assumindo-se "feliz, no final do dia".

Antevendo a final, Tiago Pereira encontra "muito bons" adversários, mas não perde a ambição.

"A minha ambição é o topo, sempre o topo, o lugar mais alto, sempre. Eu vou para saltar o mais longe possível. Eu vou sempre para o melhor e ganha quem saltar mais", vincou.

Os saltos horizontais são disputados numa plataforma colocada à altura da bancada do estádio romano e acima da pista, para estranheza dos atletas.

"É muito estranho. Eu tive de fazer algumas alterações no treino, para conseguir saltar melhor nestas condições. Para já sinto-me bem e não estou a pensar muito nisso, mas tenho de tentar o melhor", explicou Pichardo.

Já Tiago Pereira tinha assumido que a mesma tinha uma estabilidade que, na qualificação, acabou por não verificar.

"A plataforma é matreira. Temos de apanhar bem o timing. Eu até pensava que o meu salto não era tão bom, porque parece que não pisei assim tão bem. O chão daquilo parecia mais estável, mas hoje não senti", confessou.

Os dois portugueses disputam na terça-feira a final do triplo salto, uma competição em que Portugal já conquistou dois títulos, por Nelson Évora, em Amesterdão2018, e Pichardo, em Munique2022.

Rui Pinto ficou em 38.º lugar na meia maratona e Miguel Borges foi 41.º

Os portugueses Rui Pinto e Miguel Borges terminaram este domingo a meia maratona dos Campeonatos da Europa de atletismo Roma2024 na 38.ª e 41.ª posições, respetivamente, enquanto Samuel Barata e Hélio Gomes desistiram.

Rui Pinto foi o primeiro português a concluir os 21,0975 quilómetros da corrida mais longa dos Europeus, em 1:04.55 horas, a 03.52 minutos do vencedor, o italiano Yemaneberhan Crippa, que estabeleceu o recorde dos campeonatos, em 01:01.03.

Miguel Borges chegou pouco depois, a 04.13 do campeão da Europa, em 01:05.16, enquanto Hélio Gomes desistiu aos 11 quilómetros, devido a uma lesão no pé esquerdo, e Samuel Barata aos seis, magoado na anca e glúteo esquerdo.

Além do ouro, arrebatado por Crippa, a Itália voltou a fazer a 'dobradinha', com Pietro Riva a conquistar a medalha de prata, em 01:01.04, ao ultrapassar, já na pista do Estádio Olímpico de Roma, o alemão Amanal Petros, que terminou em terceiro em 01:01.07.

A meia maratona de Roma2024, que consagrou simultaneamente a classificação coletiva com a Taça da Europa da distância, começou às 09:00 locais (08:00 em Lisboa) no Fori Imperiali e teve a chegada já no Foro Itálico, no interior do Estádio Olímpico, depois de percorrer os locais mais emblemáticos da cidade.

Sob uma temperatura a rondar os 25 graus celsius, Samuel Barata investiu cedo e alinhou no grupo da frente, até desistir, devido a problemas físicos.

"Estou superdesiludido comigo. É uma frustração, porque sabia que podia lutar por um top 10, top 8, se corresse na casa da 01:01 horas. Infelizmente, as coisas não aconteceram. Estou com uma pequena lesão e, agora, o importante é voltar aos treinos para o grande objetivo que são os Jogos Olímpicos", afirmou o fundista do Benfica, de 30 anos, que está apurado para a maratona de Paris2024.

Apesar de ter ficado longe do seu recorde pessoal (01:02.16 horas, em 2023), Rui Pinto assumiu-se "minimamente satisfeito".

"Tendo em conta os últimos dias, hoje estava um dia mais agradável, apesar de estar muito calor. Tinha como objetivo ficar entre os 20 primeiros, mas a prova foi difícil, o percurso não era fácil, mas, atendendo às condições e ao valor dos adversários, acho que foi o possível. Dei o meu melhor e estou minimamente satisfeito", assumiu o atleta do Sporting.

Rui Pinto esforçou-se por não descolar do grupo da frente, mas acabou por perder o "barco".

"Neste nível, internacional, vamos a reboque ou perdemos o contacto e torna-se mais difícil. E tentei segurar-me no grupo da frente, enquanto tive forças, mas comecei a sentir as pernas mais pesadas e foi tentar aguentar", explicou.

Aos 29 anos, Miguel Borges concluiu a sua primeira meia maratona em Europeus, depois de ter desistido, na estreia nestes campeonatos nos 3.000 obstáculos em Munique2022.

"Foi a minha segunda experiência em Campeonatos da Europa, a primeira nestas distâncias. Sabia que era dos atletas com pior recorde pessoal e fiz uma corrida cautelosa. Fiquei muito sozinho, foi uma prova muito solitária, mas fui apanhando bastantes atletas. Quando cheguei, pensei que estava num melhor lugar, mas as condições não eram muito favoráveis e o lote de atletas é fortíssimo, pelo que foi uma experiência e espero que seja só um ponto de partida", revelou o fundista do Sporting de Braga.

Mesmo assim, Miguel Borges, que tem como melhor marca 01:04.22, já este ano, ficou otimista com a experiência.

"Foi importante até a nível mental para gerir o esforço. Neste tipo de provas é difícil gerir as emoções e sensações e acabou por ser uma das melhores marcas na meia -- só corri duas vezes abaixo da 01:05 -, espero que esta passe a ser a minha distância preferida e, quem sabe, a maratona", rematou.

Mais infeliz estava Hélio Gomes, que desistiu, por lesão, praticamente a metade do percurso.

"Acho que foi a primeira vez que desisti. Infelizmente, aconteceu hoje. Tenho um parafuso no pé e, por volta do quilómetro 11, não deu mais hoje. Inflamou e, por azar, os primeiros cinco ou seis quilómetros eram em empedrado e isso só me prejudicou", lamentou o atleta do Sporting, de 39 anos.

Salomé Rocha e Solange Jesus com recordes pessoais na meia maratona

As portuguesas Carla Salomé Rocha e Solange Jesus terminaram a meia maratona em 24.º e 28.º lugares, com Susana Santos e Vanessa Carvalho na 44.ª e 51.ª posições, respetivamente.

Carla Salomé Rocha foi a primeira lusa a cruzar a meta instalada no Estádio Olímpico de Roma, 03.33 minutos depois da vencedora, a norueguesa Karoline Grovdal, hoje campeã na meia maratona, dois dias depois de ter conquistado a prata nos 5.000 metros.

"Recorde pessoal com 01:11.42 horas. Não corria tão rápido desde 2018. Vim com a consciência que tinha treinado bastante bem, mas depois de não ter conseguido ir aos Jogos Olímpicos quis mostrar nos Europeus que estava bem. Comecei cautelosa, porque, apesar de não estar sol, mas estava bastante humidade, fui recuperando resultados e acabei mais forte", explicou a atleta do Sporting.

Após a estreia em meias maratonas em Europeus, na sua quarta presença nos campeonatos, Carla Salomé Rocha, de 34 anos, prometeu lutar "por mais e melhor", deixando a capital italiana "com o objetivo cumprido".

Solange Jesus chegou pouco depois, também com nova melhor marca pessoal, a correr os 21,0975 quilómetros da corrida mais longa dos Europeus em 01:12.06, a 03.54 do ouro.

"Saio muito satisfeita e estou muito emocionada. Este não era o meu objetivo para a época, tornou-se ao não conseguir estar nos Jogos Olímpicos, e estou muito feliz por ter conseguido um recorde pessoal num campeonato que, normalmente, resulta em corridas mais táticas", referiu a atleta do Sporting de Braga.

Depois da desistência na maratona dos Europeus Munique2022 -- esta distância apenas é disputada quando os campeonatos continentais são realizados em anos sem Jogos Olímpicos --, a atleta natural de Oliveira do Bairro, de 37 anos, cumpriu a sua segunda presença na competição.

"Acho que mostrei que teria condições para estar nos Jogos. Só quero agradecer a todos os que têm trabalhado comigo, à minha família e, principalmente, ao meu namorado e treinador [Ricardo Gomes]. Eu tinha expectativas, mas não quis colocar essa pressão, corri de forma despreocupada e correu bem", reconheceu Solange Jesus, assegurando ter conseguido encontrar um grupo com um ritmo semelhante para cumprir a 'meia'.

A já apurada para a maratona de Paris2024 Susana Santos alimentava uma expectativa melhor do que o 44.º posto, em 01:13.31, a 05.22 minutos da vencedora.

"Esperava melhor, sinceramente. Treinei bem, sei que valia um resultado melhor, até gostei do percurso, apesar de ser um pouco chato por ser às voltas, mas acho que as condições não foram favoráveis para mim -- o calor e a humidade. Agora, é continuar a trabalhar, porque daqui a dois meses tenho os Jogos Olímpicos", sublinhou a atleta do Recreio de Águeda.

Em declarações à Lusa, a maratonista de 31 anos confessou que gostava de ter saído da capital italiana com uma melhor marca.

"Saio um bocadinho triste. Eu sei que os campeonatos não são para bater os recordes pessoais, mas gostava de me ter aproximado do meu [é de 01:10.53, em 2023] e fiquei um bocadinho longe. Estava em 28.º no ranking e queria ficar acima disso, não foi possível e, depois das dificuldades que senti na corrida, o objetivo passou a ser terminar", admitiu Susana Santos.

A igualmente estreante em Europeus Vanessa Carvalho, de 32 anos, encerrou a presença lusa nas provas de estrada, com o 51.º posto, em 01:14.56, a 06.17 de Grovdal.

"Vinha com expectativas e com a missão de dar o melhor de mim, pela equipa, mas também aproveitar a oportunidade e ganhar experiência, por isso, estou muito feliz. Claro que ambicionava um bocadinho mais, mas acredito que o melhor ainda está para vir. Acho que agarrei a oportunidade e espero que seja a primeira de muitas", sublinhou a fundista do Sporting de Braga, que tem como melhor registo os 01:13.22 alcançados já este ano.

Mikael Jesus e Fatoumata Diallo nas 'meias' dos 400 barreiras, Vera Barbosa eliminada

Os portugueses Mikael Jesus e Fatoumata Diallo qualificaram-se para as semifinais dos 400 metros barreiras, enquanto Vera Barbosa ficou pelas eliminatórias.

O barreirista do Benfica, de 26 anos, foi quarto na primeira das três séries, em 49,41 segundos, o sexto melhor tempo desta fase, voltando à pista, para as semifinais, na segunda-feira, a partir das 12:40 locais (11:40 em Lisboa). A final está marcada para terça-feira, às 21:05 (20:05).

Depois de ter ficado a 21 centésimos de segundo do seu recorde pessoal (49,20 já este ano), Mikael Jesus desfaleceu à saída da pista, acabando por receber assistência médica, sem passar na zona mista do Estádio Olímpico de Roma.

No feminino, Fatoumata Diallo também ficou entre as 13 mais rápidas, com 55,81 segundos, no quarto lugar da terceira série, o sétimo na hierarquia, ao contrário de Vera Barbosa, que não foi além do 17.º posto global, em 56,81, apesar do também quarto lugar na primeira manga.

"O objetivo era passar às meias-finais. É a minha primeira vez nestes grandes campeonatos [esteve nos Mundiais Budapeste2023] e estou contente, mas não satisfeita", assumiu a atleta do Benfica, de 24 anos, admitindo encarar de forma mais tranquila a competição individual do que a de estafetas.

Pelo caminho ficou Vera Barbosa, de 35 anos, na sua quarta presença em Europeus.

"Eu sinto-me bem e sentia-me capaz de um bocadinho melhor. Foi uma corrida um pouco trapalhona, mas tinha de conseguir uma corrida limpa. Embora tenha sido uma marca dentro do que tenho feito este ano. Não estou totalmente triste, mas não estou satisfeita", afirmou a atleta do Sporting.

As semifinais femininas dos 400 metros barreiras vão ser disputadas na segunda-feira, a partir das 13:15 (12:15), apurando as oito mais rápidas para a final, agendada para terça-feira, às 21:18 (20:18).

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