30 abril 2015 às 11h58

Canoísta bi-amputado das pernas sonha estar no Rio2016

Atleta do Sporting, de 34 anos, sonha marcar presença nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro na modalidade de canoagem.

Lusa

De bi-amputado das pernas aos Jogos Paralímpicos Rio2016 há um duro caminho que Norberto Mourão tem percorrido com "enorme determinação", ciente que o trágico acidente também lhe trouxe coisas boas à vida.

"Descobri o desporto e novos amigos. A canoagem tornou-se fundamental na minha vida. Desde o acidente, em 2009, que tive de deixar de trabalhar, na área de pasteleiro. Agora dedico-me a 100 por cento à canoagem e tenho muitos sonhos por cumprir, a começar pelos Jogos Paralímpicos", explica à agência Lusa o atleta, que desde janeiro representa o Sporting.

Norberto Mourão é especialista em transformar os obstáculos da vida em novas motivações e o sonho do Rio2016 é projeto que espera ver "concretizado em breve", pois tem treinado para isso.

"Em 2013 fiz K1 e o ano passado competi na classe V. Entretanto, o K1 voltou a ser a embarcação escolhida para os Jogos e voltei a mudar. Tive de me readaptar e lutar em desigualdade com os meus rivais, com barcos com o mesmo peso, mas que deslizam melhor na água. O meu é uma 'arrastadeira'. Espero ter um barco novo até aos Mundiais de Milão, os do apuramento, para que seja apenas a qualidade dos canoístas a decidir", conta.

O facto de ter perdido as pernas está longe de limitar a sua vida. O atleta de 34 anos conduz diariamente cerca de 60 quilómetros para ir treinar ao Montijo, seis dias por semana, cinco deles com trabalho bi-diário, num total de três horas e meia.

Mais do que lamentar a má sorte, Norberto Mourão está sempre focado no próximo passo: "Ainda estava nos cuidados intensivos, com os fios todos ligados a mim, e ao fim de dois dias pedi à minha mãe para me levar os alteres porque não podia perder forças nos braços. Temos é de pensar para a frente".

Norberto Mourão desafia as pessoas limitadas fisicamente a "sair de casa e procurar um clube", garantindo que o desporto "melhorará significativamente a sua qualidade de vida, em todos os sentidos".

"Um dos jovens que treina comigo, há quatro anos estava numa cama e tinham de lhe dar comida à boca?", exemplifica.

Sexta e sábado, em Racice, República Checa, procurará pelo menos repetir o quinto lugar dos Europeus de 2013, sempre a pensar numa das seis vagas dos Mundiais de agosto para o Rio2016.