“O futebol teve dois donos em 40 anos. Acabou”
O presidente do Sporting, Frederico Varandas, deixou duras críticas às reações à arbitragem da final da Taça de Portugal e ao que que considera serem os “donos do futebol português”, no fim da 15.ª Cimeira de Presidentes, realizada no Porto.
Quanto ao dérbi do último domingo no Jamor, o líder leonino minimizou a contestação do Benfica sobre a alegada agressão que motivou não apenas queixas do clube da Luz como a abertura de um inquérito pela PGR (ler pág. 25). “Parece que o lance do Matheus Reis colocou em causa todo o futebol português. Até lá, estava tudo bem”, ironizou.
Varandas defendeu que o Sporting foi um “justo vencedor do Campeonato e da Taça de Portugal” e, para sustentar a vitória, apresentou estatísticas do jogo: “Vão ver que o Sporting tem o dobro das oportunidades, mais remates, mais cantos, mais posse de bola...”. Reconheceu a superioridade do Benfica na primeira parte, mas frisou: “Na segunda parte, para mim, o Sporting foi superior. E no prolongamento, o Sporting foi superior.”
Quanto ao afastamento de Tiago Martins, árbitro que assumiu funções de videoárbitro na final da Taça de Portugal, Varandas garantiu que “o Sporting luta para que haja melhores condições na arbitragem”, mas lembrou um episódio anterior: “Esse árbitro, que foi agora afastado, foi um árbitro que, por acaso, foi VAR num clássico FC Porto-Sporting, neste ano, e em que o Sporting foi severamente prejudicado.”
Varandas reiterou a sua luta por mais transparência na arbitragem, salientando que “o Sporting, há dois anos, lutou para que as comunicações do VAR fossem livres e audíveis”.
Grande parte do discurso do líder leonino centrou-se ainda na sua teoria de que o futebol português foi dominado por dois clubes nas últimas quatro décadas.
“O futebol português teve dois donos nos últimos 40 anos, a alternar: FC Porto e Benfica.” E, como prova, citou escândalos conhecidos: “O Caso do Apito Dourado e o Caso dos E-mails são provas elucidativas do que estou a dizer.”
Mas, para o presidente do Sporting, essa era acabou. “Agora há uma grande surpresa, porque, para mim, não há dono nenhum.”
Para o líder leonino, esta mudança pela integridade deve-se, também, aos atuais órgãos da Federação: “Para mim, existem órgãos que não se deixam condicionar, que não têm medo e que não são dependentes de qualquer presidência.”
A 15.ª Cimeira de Presidentes da Liga Portugal, que reuniu os líderes das Sociedades Desportivas para discutir “temas fundamentais do Futebol Profissional”, como se pode ler nas conclusões da reunião, incluindo a relação com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o plano financeiro da Liga, a centralização dos direitos audiovisuais e desafios operacionais.
O encontro foi conduzido pela nova direção executiva, sob liderança de Reinaldo Teixeira, e enfatizou a necessidade de antecipar uma reunião com a FPF para definir orçamentos, além da revisão da distribuição das receitas das apostas desportivas.
O impacto financeiro do investimento no Arena Liga Portugal também foi abordado, com um aumento de custos significativo, lê-se na referida nota, segundo a qual a direção executiva irá antecipar a reunião com a FPF, enquanto se busca uniformizar procedimentos entre as entidades. A Liga também pretende renegociar a comparticipação de encargos e discutir alterações estatutárias propostas pela FPF. A próxima cimeira está marcada para novembro deste ano.