O Bisht de Messi. A honrosa capa árabe que ofuscou a camisola albiceleste e a Adidas

O emir do Qatar Tamim bin Hamad quis distinguir argentino antes de o jogador erguer a taça de campeão do mundo
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A Argentina sonhava ver Lionel Messi levantar o troféu do campeonato do Mundo e viu o sonho tornado realidade este domingo na final do Mundial 2022, depois da seleção albiceleste vencer a França, mas as fotografias para a eternidade escondem o listado albiceleste, a mítica camisola 10, assim como o escudo da federação argentina de futebol (AFA) e colocam o principal patrocinador da equipa, a Adidas, fora de um momento histórico.

As fotos de Messi a levantar o cobiçado troféu, aquele que todos os 47 milhões de argentinos esperavam desde 1986, mostram o capitão argentino coberto por uma transparente túnica preta oferecida pelo emir do Qatar. Tamim ben Hamad Al Thani convidou o jogador a vestir o bisht e contou com ajuda do presidente da FIFA, Gianni Infantino, para o momento que antecedeu a entrega do troféu mundial.

As redes sociais "explodiram" a perguntar que capa era aquela, ao jeito de manto sagrado que corou o rei futebolístico do Qatar 2022. O bisht tem um significado honroso no mundo árabe. Só pode ser usado por homens e está associado à realeza, posição religiosa ou riqueza. A sua utilização está reservada para ocasiões de prestígio. Oferecendo-a ao melhor jogador do torneio, o Qatar quis reconhecer Messi como um dos reis do futebol mundial.

No entanto, o gesto que tem muito que se lhe diga. Há quem veja nisso mais uma submissão da FIFA às vontades de Doha. A final deste domingo coincidiu com o Dia Nacional do Qatar, 18 de dezembro, data que comemora a fundação do estado do Qatar em 1878 - o que passaria despercebido ao comum dos mortais não naturais do emirato não fosse a capa preta intrometer-se nessa imagem histórica do capitão argentino a erguer o troféu.

Além disso a marca de equipamentos desportivos que veste a seleção sul-americana desde 1974 - só não patrocinou a Argentina em 1982 e 1986, quando Diego Maradona usou a francesa Le Coq Sportif - ficou sem o seu símbolo visível, impedindo assim a Adidas de associar a sua marca à eternização desse momento.

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