Nuno Borges
Nuno BorgesMillennium Estoril Open

Nuno Borges. A história de uma das maiores vitórias do herdeiro de João Sousa

Tenista da Maia conseguiu um dos maiores triunfos da carreira diante do italiano Lorenzo Musetti, o nº24 do ranking ATP. “Está sem dúvida no top 10 certamente, top 5 se calhar”, disse o português que irá defrontar o chileno Garín, que venceu o carrasco de João Sousa.
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Desta vez foi sem sofrimento. Nuno Borges garantiu um lugar nos quartos de final do Estoril Open ao vencer hoje o italiano Lorenzo Musetti em dois parciais (7-6 e 6-3). Diante de um adversário com maior ranking (24.º), o número 1 nacional e o 62.º a nível mundial voltou a entrar mal no jogo, mas deu a volta e superiorizou-se ao transalpino com classe, salvando dois set points e vencendo no tie break , antes de dominar o segundo set e vencer.

“Não achei que foi das vitórias mais emocionantes, mas foi uma coisa bastante boa. Apesar de estar nervoso e de ter custado a fechar, não foi daqueles jogos que senti que foi só jogado com coração ou sacado a ferros, muito sofrido. Senti-me bastante calmo e dentro do cenário. Acho que simplesmente fiquei muito contente com a maneira como lidei com a situação. Em termos de ranking não há dúvidas, esta sem dúvida estará no top 10 certamente, top 5 se calhar”, disse o tenista natural da Maia que há duas semanas venceu o Challenger de Phoenix.

Nuno Borges é assim o terceiro português a chegar aos quartos de final do open português, depois de João Sousa (2018) e João Domingues (2019), embora no anterior Estoril Open João Cunha e Silva (1992), Nuno Marques (1995), Frederico Gil (2006, 2008 e 2011), Rui Machado (2010), João Sousa (2012) e Gastão Elias (2013 e 2014) o tenham também alcançado.

Se há ano e meio tinha oito duelos perdidos com tenistas top-30, nos últimos três meses venceu os três encontros com os jogadores dentro do melhores do mundo. Antes de bater Musetti, o número um português tinha vencido Alejandro Davidovich Fokina e Grigor Dimitrov (ambos no piso rápido de Melbourne Park). O que mudou? “O meu treino, a minha preparação. Tenho vindo a evoluir e esses números acabam por o mostrar. Não só a maneira como encaro o jogo, mas como consigo disputar o jogo. Não foi do ano passado para este. Tem sido um trabalho que tenho vindo a fazer nos últimos anos”, respondeu Borges.

Ele não tem problemas em “vestir a capa de herói” para os portugueses depois do adeus de João Sousa ao ténis, ontem no court do Estoril: “Não senti isso só agora. Não tenho de ser eu, mas tenho esperança de mais portugueses chegarem onde eu estou. Mas já me estava a aperceber um bocadinho disso quando fui o melhor português no ranking. Foi aí que senti essa transição.”

O próximo adversário do maiato é o chileno Cristian Garín, que venceu o carrasco de João Sousa, Arthur Fils, por 2-6, 6-4 e 6-4 . Um adversário que mal conhece ,tirando o que viu no torneio português e o facto de ter sido top-20 e agora ser 88.º da lista mundial. “Não o conheço muito bem. Conhecia o Arthur Fils e sabia o que esperar, mas do Garin ainda não. Estou a viver o momento e mais logo ou amanhã de manhã começo a pensar mais na estratégia”, admitiu Nuno Borges, que espera hoje continuar a dar seguimento a uma época que começou bem... com uns oitavos de final de um Grand Slam, o Open da Austrália.

“É por isso que tento não colocar demasiadas expectativas porque sei que tudo pode acontecer. Se me focar no momento posso aproveitar”, disse o tenista que um dia foi apanha bolas e que agora procura ir o mais longe possível no único ATP250 português, esperando usar “o fator casa” como vantagem e não como pressão: “Só penso no presente.”

Em pares, a única dupla ainda com portugueses em prova, Jaime Faria e Henrique Rocha, perdeu com a dupla composta pelo romeno Victor Cornea e o checo Petr Nouza. Depois de terem sido eliminados em singulares, Rocha e Faria juntaram-se para disputar o quadro de pares, acabando por perder,  por 6-4, 6-7 e 10-3, em uma hora e 36 minutos.

Campeão lucky loser segue em prova

Aos 37 anos, Richard Gasquet, que venceu o primeiro Estoril Open da versão atual (2015) está a jogar como lucky loser pela primeira vez na carreira, mas apurou-se para os quartos ao derrotar Dominic Thiem (6-4 e 7-6). 

No final, tenista francês admitiu que pode terminar a carreira este ano: “Nunca se sabe. Posso acabar daqui a uns meses, tudo é possível. Preciso de não estar lesionado, faço 38 anos. Tudo pode acontecer. O meu objetivo é terminar o ano e depois pensar.”´Gasquet irá agora enfrentar o espanhol Pedro Martinez, que venceu o compatriota Roberto Bautista Agut (7-5 e 6-4).

Também o campeão em título Casper Ruud segue em prova. O norueguês bateu sem supresas o neerlandês Van de Zandschulp, por 6-1 e 6-2. Ruud vai anfrentar o húngaro Marton Fucsovics (85.º) que bateu o francês Gaël Monfils (45.º).

isaura.almeida@dn.pt

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