Novos percursos para bater todos os recordes
Quando o tiro de partida para a Maratona de Lisboa for dado, às oito horas de amanhã, no Hipódromo Manuel Possolo, em Cascais, será logo batido um recorde: mais de seis mil participantes, superando os 5300 do ano passado. Contudo, o que a organização também espera é ver mais um registo de superação quando o vencedor chegar à meta, ou seja, que a marca de 2:08.21 horas que o queniano Samuel Ndungu estabeleceu em 2014 possa cair ao fim de três anos.
Embora o calor sentido nesta altura do ano não estivesse no programa, foi dado um importante passo para que haja novo recorde, através da mudança de percurso. A meta, antes instalada no Parque das Nações, vai estar situada na Praça do Comércio, o que vai proporcionar mais contacto com o público. "Tanto a maratona como a meia-maratona terão mudanças no percurso. Terminar num sítio mais nobre contribui para dignificar as provas, que afunilavam muito na zona da Expo. Agora terão outra dignidade, e não vão passar pela parte chata depois de Santa Apolónia, sem público. A maratona vai passar mais por Cascais, na Estrada do Guincho, e percorrer toda a Marginal. É uma mudança brutal, que vai tornar a prova ainda mais bonita", disse ao DN o presidente do Maratona Clube de Portugal, Carlos Móia, que lidera a organização do evento e apela aos atletas para se hidratarem, devido ao calor.
A elevada temperatura que se vai sentir na capital é mesmo um fator que pode atrapalhar alguns dos atletas de elite - etíopes Seboka Dibaba Tola e Abrha Asefa, queniano Edwin Kipngetich Koech e o brasileiro Paulo Paula (reforço do Belenenses) serão alguns dos favoritos -, a cumprir os 42,195 quilómetros em menos de 2:08.21 horas. "Em princípio, o percurso é mais rápido, mas o calor poderá ter interferência. É verdade que os mais rápidos já terão terminado a prova às 10.30, mas quero ser muito prudente. Há muitas nuances, mas espero que se bata [o recorde]. Vamos ter lebres a puxar pelos atletas de elite", considerou o dirigente, que salientou a projeção internacional da maratona lisboeta: "Além da medalha de ouro atribuída pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF), foi considerada uma das 19 melhores e mais bonitas pelo American Express e está entre as 12 melhores para a revista Forbes."
Do lado feminino, o recorde de 2:24.13 horas alcançado no ano passado pela queniana Sarah Chepchirchir, será ameaçado nesta 32.ª edição - quinta sob o novo formato - pela etíope Koren Jelila Yal, que terá a concorrência da lusa Doroteia Peixoto, entre outras.
Meia e mini terão mais ponte
Num evento que vai pôr Lisboa a mexer durante o fim de semana e que também engloba a Corrida Minicampeões e Passeio Avós e Netos no sábado, um dos grandes destaques vai para a Meia-Maratona, que tal como a Minimaratona (seis quilómetros) vai partir da Ponte Vasco da Gama, estrutura que terá uma importância reforçada na edição deste ano. "Correr na ponte é sempre um fator atrativo. Os percursos vão ter mais quilómetros na ponte. Antes ia-se a Santa Apolónia e voltava-se para trás. Agora a Meia--Maratona vai passar por pontos como a Praça da Figueira, Restauradores, Avenida da Liberdade e termina na Rua Augusta", contou Carlos Móia, acerca de uma prova que se inicia às 10.30.
Em matéria de favoritos, os principais candidatos a destronar o queniano Wilson Kirop (1:00.19, em 2013) são os etíopes Lelisa Desisa e Imane Merga e o queniano Alex Korio, todos eles "atletas com recorde pessoal superior ao recorde da prova". A prova masculina contará ainda com a presença dos portugueses Rui Silva, Samuel Barata e Hermano Ferreira.
No lado feminino, com a missão de bater o registo de 1:07.53 alcançado pela queniana Mary Keitany em 2011, vão estar a recém-coroada campeã mundial de maratona Rose Chelimo (em representação do Bahrein), assim como a queniana Ruth Chepngetich e a etíope Genet Yalew, todas elas com marcas abaixo dos 67 minutos, além da portuguesa Sara Moreira.
Quase 30 mil inscritos no evento
O evento vai parar o trânsito em quatro concelhos [Lisboa, Cascais, Oeiras e Loures] e pôr a mexer 28 mil pessoas, entre os quais nove mil estrangeiros, de 92 nacionalidades. A confirmar-se a participação de todos os inscritos, haverá um recorde de participação, num certame que, "de acordo com um estudo da Câmara Municipal de Lisboa, é o segundo maior da cidade, a seguir à regata Volvo Ocean Race", adianta o presidente do Maratona Clube de Portugal. "Segundo um estudo elaborado por nós, a palavra Lisboa terá mais de 12 mil euros de retorno em termos de comunicação e publicidade", acrescentou.
Do quinteto de provas, a mais concorrida será a Meia-Maratona. "Ultrapassámos as 9300 inscrições e devemos bater o recorde do ano passado, de oito mil participantes. No entanto, muitos dos que se inscrevem para a meia acabam por apenas correr a mini", contou. Já a prova rainha, a maratona - que vai servir para a disputa do campeonato nacional de veteranos -, tem mais de seis mil atletas inscritos, ainda que haja "sempre uma quebra de dez por cento". Perto de quatro mil são estrangeiros, sendo os países mais representados França, Brasil, Estados Unidos, Alemanha e Itália, todos com mais de 500 corredores cada.