Estados Unidos, Canadá e México vão receber de 11 de junho a 19 de julho o Campeonato do Mundo, um dos eventos desportivos mais importantes do planeta que tem todos os ingredientes para gravar a letras de ouro o ano de 2026 no que a futebol diz respeito. É que esta será, ao que tudo indica, a última oportunidade de ver Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, os dois melhores futebolistas do século XXI, num grande palco.A mais de seis meses do arranque do torneio, a “última dança” destas duas estrelas planetárias está a gerar uma enorme expectativa nos EUA, onde ambos vão jogar na primeira fase, como se prova na enorme procura que fez disparar o preço dos bilhetes dos jogos das seleções de Portugal e Argentina no mercado secundário, que atingem o custo médio de 2000 euros.Será pois nas asas da popularidade de CR7 que a seleção nacional chegará à nona fase final da sua história, a oitava consecutiva, com o sonho de entrar na galeria dos campeões do mundo e, dessa forma, superar o feito alcançado em 1966 por Eusébio e companhia, quando alcançou um brilhante terceiro lugar em Inglaterra.A equipa das quinas começa a caminhada para a desejada glória a 17 de junho, em Miami, frente ao vencedor do play-off de apuramento 1, no qual participam RD Congo, Jamaica e Nova Caledónia, sendo que sete dias depois medirá forças com o estreante Uzbequistão em Houston, fechando o grupo K na mesma cidade com a Colômbia, a 28 de julho.Ronaldo sonha alcançar 1000 golos no MundialNum Mundial que será disputado pela primeira vez por 48 seleções e, por essa razão, terá um recorde de 104 jogos, Ronaldo tem a via aberta para bater os recordes que ainda lhe faltam e subir mais um patamar naqueles que já lhe pertencem. Vai chegar a solo norte-americano com 41 anos e quatro meses o que fará dele o terceiro mais velho de sempre a jogar uma fase final, apenas superado pelo guarda-redes colombiano Faryd Mondragón (43 anos e 3 dias no Mundial 2014) e o avançado camaronês Roger Milla (42 anos e 39 dias no Mundial 1994). Se Ronaldo marcar vai tornar-se no segundo mais velho a fazê-lo só superado por Milla.Se estes recordes de longevidade são impossíveis de bater, há outros bem ao alcance de Ronaldo, sendo um deles na companhia do rival Messi, pois ambos devem tornar-se nos primeiros a atuar em seis Mundiais, um feito impressionante e muito difícil de superar. CR7 é já o único a marcar em cinco fases finais e pode aumentar essa marca se o voltar a fazer agora.Os golos têm sido o principal alimento de Ronaldo numa carreira profissional que dura há 23 anos, por isso persegue o sonho de chegar aos 1000 remates certeiros, que seria um sonho acontecer em pleno Mundial. É um objetivo que é aparentemente difícil, porque ainda lhe ainda faltam 44 golos, mas para CR7 nada é impossível. Bem mais acessível está o recorde de jogador português com mais golos em fases finais, pois se marcar por duas vezes ultrapassará Eusébio como melhor marcador português de sempre, sendo que o Pantera Negra fez nove golos em apenas uma fase final. Mais complicado é superar os 16 golos do alemão Miroslav Klose em Mundiais para se tornar o melhor goleador de sempre.Já no duelo direto com Messi, Ronaldo sabe que só chegando à final tem hipóteses de se tornar no futebolista com mais jogos em fases finais, mas para isso tem de estar em todas as partidas e é ainda necessário que o argentino, que leva 26 jogos, faça apenas três. Se isso acontecer o avançado português atingirá a marca dos 30 desafios realizados. E, já agora, no cenário ideal, se vencer a final, Ronaldo baterá o recorde do guarda-redes italiano Dino Zoff como mais velho de sempre a sagrar-se campeão do mundo.Final à americana em torneio de prémios milionáriosO Mundial 2026 vai iniciar uma nova era nos torneios organizados pela FIFA, pois pela primeira vez irá ser realizado em três nações, num total de 16 cidades, 11 das quais nos Estados Unidos, duas no Canadá e três no México. Haverá a curiosidade de como o futebol irá adaptar-se à cultura de espetáculo desportivo que é tão característica dos norte-americanos, sendo para já certo que a final, que terá lugar no estádio MetLife, em East Rutherford, New Jersey, irá ter ao intervalo um espetáculo musical, à semelhança daquilo que acontece no Super Bowl da NFL.A nível financeiro, a FIFA espera no Mundial 2026 receitas recorde na ordem dos 7,6 mil milhões de euros, superando assim os 6,4 mil milhões alcançados no Qatar 2022, algo que se explica com o aumento de número de jogos de 64 para 104, que têm impacto direto nas receitas de direitos televisivos, de bilheteira, de marketing e merchandising. Contudo, em comparação com a anterior fase final, o investimento, que ainda não tem números definitivos, é substancialmente inferior, pois ficará muito longe dos mais de 187 mil milhões de euros gastos pela organização catari. Esta diferença explica-se com o facto de norte-americanos, canadianos e mexicanos aproveitarem as estruturas já existentes, enquanto há quatro anos houve um enorme investimento em estádios, hotéis, estradas e transportes públicos num plano mais abrangente de desenvolvimento do país organizador, denominado Qatar 2030.No que diz respeito aos prémios de desempenho desportivo, a FIFA destinou um bolo de 558 milhões de euros (mais 183 milhões que no anterior Mundial) para ser distribuído pelas seleções participantes, que receberão o montante mínimo 8,951 milhões de euros, sendo que o campeão do mundo levará para casa 42,6 milhões de euros, ou seja, mais sete milhões do que a Argentina arrecadou em 2022.O espetáculo vai começar no dia 11 de junho no mítico Estádio Azteca, na Cidade do México, onde há 56 e 40 anos, respetivamente, Pelé e Diego Maradona foram levados em ombros com a taça do mundo nas mãos. Desta vez, neste palco, o pontapé de saída será entre México-África do Sul, que marca o arranque de uma fase de grupos que se prevê com alguns jogos bastante desequilibrados, tendo em conta a diferença de poderio entre algumas seleções. Ainda assim, a expetativa é que, desta vez, o soccer consiga conquistar definitivamente o coração de americanos e canadianos, onde ainda está longe da popularidade do basebol, do futebol americano ou do basquetebol.