A organização da Volta a França em bicicleta anunciou ontem os percursos da prova masculina e feminina. Sim, o Tour de 2022 vai ter uma corrida exclusivamente para mulheres (o primeiro de forma oficial), algo que não acontecia há 13 anos, desde 2009, dado que nas 26 edições a prova que teve três grandes campeãs, a francesa Jeannie Longo, a holandesa Leontien van Moorsel e a italiana Fabiana Luperini, únicas que venceram três corridas, não despertou grande interesse..Agora a organização acredita que agora tudo será diferente e a corrida terá até uma simbólica partida na Torre Eiffel, em Paris, numa primeira etapa a ser corrida em circuito, nos Campos Elísios, onde costuma terminar a prova masculina..O denominado primeiro Tour feminino, entre 24 e 31 de julho de 2022, terá 1.029 quilómetros e terminará na Super Planche de Las Belles Filles, uma duríssima subida, onde o eslovaco Tadej Pogacar assegurou o triunfo na Volta a França de 2020. Estarão presentes 22 equipas com seis ciclistas cada..O evento vai distribuir 250 mil euros em prémios, incluindo 50 mil para a vencedora, um valor muito inferior ao que se paga na prova dos homens, em que só vencedor arrecada 500 mil euros. "Não é normal. Mas esperamos que no ano que vem a imprensa dê uma força, os patrocinadores venham e os prémios aumentem. Queremos pagar prémios iguais aos dos homens", referiu Marion Rousse, diretora da prova feminina.."Na realidade, este não é bem o primeiro Tour feminino da história. Depois de uma experiência em 1955, voltou a ser feita para mulheres entre 1984 e 1989, com três triunfos de Jeannie Longo, a primeira verdadeira embaixadora do ciclismo feminino. Depois houve outra tentativa entre 1992 e 1998, mas uma vez mais o projeto fracassou. Agora acredito que vamos entrar numa nova era e para sempre. A sociedade evoluiu, a igualdade de género não é mais um tabu e, ao contrário dos corredores dos anos 80, os ciclistas de hoje são muito menos machistas e muito mais respeitosos com as mulheres que praticam o ciclismo", acrescentou..O Tour feminino terá a duração de uma semana, ao contrário da prova dos homens, que tem três semanas. Será possível em breve que sejam equiparadas? "Sinceramente, não sei se ir para três semanas seria uma boa ideia. Já conversámos sobre isso com muitos ciclistas. Por que não, em alguns anos, aumentar o número de dias? Mas para já começamos com oito etapas, colocando as mulheres nas melhores condições, pois serão tratadas exatamente como os homens! Todas as televisões do mundo estarão presentes diariamente. A segurança também será idêntica ao Tour masculino.".A primeira etapa, em Paris, terá 82 quilómetros, com o Tour a seguir sempre a Norte de França, com a segunda tirada a ligar Meaux e Provins (135 quilómetros), antes de uma etapa com as primeiras dificuldades, entre Reims e Épernay..As vinhas e os troços de terra batida vão marcar a quarta etapa, entre Troyes e Bar-Sue-Aube (126 quilómetros), com a quinta tirada a ser a mais longa, com 175 quilómetros, entre Bar-de-Duc e Saint-Dié-Des-Voges, de onde sai a etapa seguinte para Rosheim (128). A penúltima tirada, de 127 quilómetros, entre Sélestat e Le Markstein, terá várias contagens de montanha, mas as decisões deverão ficar reservadas para os derradeiros 123 quilómetros, entre Lure e La Super Planche des Belles Files..As favoritas são as holandesas Marianne Vos, Annemiek van Vleuten e Demi Vollering, além da francesa Elizabeth Deignan, que acaba de vencer a Paris-Roubaix..Na prova masculina, o regresso do mítico Alpe d'Huez, após quatro anos de ausência, e a passagem pelo "pavé" marcam uma edição de 2022 que terá cinco chegadas em alto. A 109.ª edição do Tour terá 3.328 quilómetros, entre Copenhaga (Dinamarca), onde será dada a partida em 1 de julho, e os Campos Elísios, em Paris, onde, mais uma vez, terminará a prova, a 24..Numa edição em que os ciclistas vão passar por quatro países (Dinamarca, França, Bélgica e Suíça), Copenhaga, o ponto mais a Leste na história do Tour, vai coroar o primeiro camisola amarela, após um contrarrelógio de 13 quilómetros..Sem grandes dificuldades no percurso, o vento poderá ser um fator a ter em conta nas outras duas etapas em território dinamarquês, em especial na segunda etapa, com uma passagem pelos 18 quilómetros da ponte do Grande Belt, mesmo antes da chegada a Nyborg, após a partida em Roskilde (199 quilómetros)..As primeiras diferenças na classificação poderão acontecer à quinta etapa, com os ciclistas a passarem por um míni Paris-Roubaix, com a passagem por 11 setores de "pavé" durante os 155 quilómetros entre Lille e Arenberg Porte du Hainaut..nuno.fernandes@dn.pt