Mudanças à vista. Portugal com o foco em mais um dia de descanso e não no Brasil

Fernando Santos deverá gerir equipa a pensar nos oitavos-de-final e é provável que faça quatro ou cinco alterações. Duelo de hoje com a Coreia do Sul de Paulo Bento é decisivo para definir se Portugal passa em primeiro ou segundo lugar do grupo. Ronaldo está disponível.
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Fernando Santos tem a receita para vencer a Coreia do Sul (15.00, SIC e Sport TV1), mas preferiu manter segredo sobre o onze que vai eleger para terminar o Grupo H do Mundial no primeiro lugar, num jogo onde se esperam alterações, devido a lesões, fadiga de jogadores e gestão dos amarelos. Certo é que o selecionador irá apostar na equipa que lhe dá "mais confiança", de entre os 23 jogadores que tem à disposição e em quem tem "total confiança".

Apesar de garantir que não deixa de dormir com a ausência deste ou daquele jogador, até porque Portugal já está apurado para os oitavos-de-final, Santos admitiu, no entanto, ter algumas (boas) dores de cabeça para escolher quem joga, tendo em conta que tem quatro amarelados. Assim, António Silva pode jogar em vez de Rúben Dias no centro da defesa, João Palhinha no lugar de Rúben Neves, Vitinha em vez de Bruno Fernandes e André Silva por troca com João Félix.

E se quiser dar mais tempero ao duelo com os coreanos, Fernando Santos pode sempre recorrer a Cristiano Ronaldo, que ontem já treinou (depois de falhar a sessão de quarta-feira). "Se há um plano para o caso de Ronaldo não jogar? Claro que sim, mal de nós se não tivéssemos. Não vou deixar de dormir se um jogador não puder jogar. Fico triste por eles. Eu acredito que temos uma grande geração e jogadores de qualidade", atirou, sem revelar se pretende dar descanso ao capitão, que continua a um golo de igualar o recorde (nove) de Eusébio e ontem lembrou que "não há limites para esta equipa" de Portugal.

Sem esconder que o objetivo é terminar o grupo em primeiro lugar, Santos repetiu várias vezes que em causa não está evitar o Brasil (também joga hoje), mas sim ter mais um dia de descanso antes do jogo dos oitavos. "Entendo a questão que me colocam, quando dizem que queremos o primeiro lugar para fugir ao Brasil. Mas nem eu nem o Tite [selecionador brasileiro] estamos preocupados com isso. Importante sim é que, se ficarmos em primeiro lugar, teremos mais 24 horas de descanso", atirou o técnico, que pela primeira vez desde que é selecionador não precisa do terceiro jogo para se apurar numa grande competição.

As contas do grupo são simples: Portugal acaba em primeiro se vencer ou empatar hoje, ou mesmo se perder por um golo, desde que o Gana não vença o duelo com o Uruguai por dois ou mais. Se ficar em primeiro, a seleção joga dia 6 com o segundo do Grupo G. Se for segundo defronta dia 5 o primeiro classificado do Grupo G.

Por tudo isto, o selecionador deve resistir à tentação de apresentar um onze completamente renovado. Além de não contar com Danilo e Otávio, também Nuno Mendes é baixa por lesão. O lateral do PSG está mesmo fora do Mundial - vai ficar com o grupo a pedido do próprio e com OK do PSG -, o que em condições normais significaria que Raphaël Guerreiro seria titular. Mas, além do lateral do Dortmund ser um dos jogadores a quem Santos gostaria de dar descanso, é essencial preservar o único lateral esquerdo de raiz para os oitavos e o resto da prova.

Utilizar Diogo Dalot ou João Cancelo na esquerda é uma opção para hoje, apesar de o jogador do Manchester City ser dos que mais precisa de descansar, segundo o próprio Fernando Santos. O que significa que Dalot jogará - se na esquerda ou na direita, logo se verá.

São quatro os jogadores em risco de falhar os oitavos, se hoje jogarem e virem um cartão amarelo: Rúben Dias, Bruno Fernandes, João Félix e Rúben Neves. "Jogar de quatro em quatro dias começa a doer um bocado. Temos um ou outro que tem fadiga, e por isso vamos ter de avaliar, assim como no caso da gestão dos amarelos. Mas tenho confiança em todos. Irá jogar a equipa na qual tenho mais confiança", atirou Santos, sem esquecer que a Coreia fez dois bons jogos: "É uma seleção que tem muito dos princípios do Paulo Bento. Os jogadores nunca dão um lance por perdido e lutam até ao último segundo. Vai ser difícil".

Antes de Santos abordar a receita para vencer os coreanos, Pepe avançou com alguns ingredientes: "O mister usou esse exemplo no outro dia. Temos os ingredientes todos, mas se não os juntarmos e não fizermos a salada, não adianta o tomate ou a cebola estarem sozinhos. Se não trabalharmos, não respeitarmos os adversários, não fizermos o que o treinador prepara, de que adianta termos muita qualidade? O mais importante é o grupo saber, independentemente de quem joga, que temos de dar o melhor a vestir a bandeira."

Ao ser titular no jogo com o Uruguai aos 39 anos, nove meses e três dias, o defesa central tornou-se no mais velho a jogar pela seleção portuguesa num Mundial. Algo que há um mês e meio parecia impossível, quando se lesionou num treino do FC Porto e ficou sem jogar durante um mês.

"Quando me lesionei não dormia porque queria recuperar rápido para poder estar no Mundial e dar o contributo à minha seleção", disse, confirmando que está a 100%: "Se estou na seleção é porque estou apto para poder jogar. Não fui no primeiro jogo [com o Gana] por opção do treinador".

Pepe recuperou em tempo recorde e hoje fará o segundo jogo no Mundial e, até, fazendo dupla com o mais jovem de sempre a jogar por Portugal num Mundial: António Silva.

isaura.almeida@dn.pt

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