No próximo dia 25 de novembro cumprem-se quatro anos da morte de Diego Armando Maradona, para muitos considerado o melhor futebolista de todos os tempos, e cujo desaparecimento continua envolto em grande mistério e polémica. O julgamento das oito pessoas acusadas da sua morte só terá inicio em março de 2025, mas na última semana o caso voltou à ordem do dia devido a ter começado em Buenos Aires uma audiência preliminar envolvendo um dos suspeitos, no caso uma enfermeira..“Vamos provar que mataram o Maradona e que não foi a enfermeira Gisella Madrid”, prometeu há dias o advogado Rodolfo Baque, pedindo que o tribunal centrasse os seus esforços em encontrar “os verdadeiros assassinos de Maradona” e deixasse de perseguir a sua cliente, garantindo ter a certeza absoluta de que a atuação da enfermeira foi “sempre dentro dos parâmetros estabelecidos.”.Maradona morreu a 25 de novembro de 2020, quando recuperava de uma operação devido a um hematoma sofrido num acidente doméstico. Mas segundo revelou a autópsia, o antigo campeão do Mundo pela Argentina morreu devido a um edema agudo do pulmão que se seguiu a uma insuficiência cardíaca crónica agudizada. Estava internado em casa, uma semana depois de ter deixado o hospital, um condomínio privado em Tigre, em Buenos Aires..No final de abril de 2021 foram conhecidas as conclusões apresentadas por um grupo de peritos convocados pela Procuradoria Geral de San Isidro para analisar se a morte do jogador poderia ter sido evitada: “As ações da equipa de saúde que atendeu Diego Armando Maradona foram inadequadas, deficientes e imprudentes. [O paciente] foi abandonado à própria sorte”, podia ler-se. O mesmo documento concluiu que o jogador “teria maiores chances de sobrevivência” se tivesse recebido tratamento hospitalar adequado..Com base nestas alegações e no facto de a ex-mulher de Maradona Veronica Ojeda e a filha Jana desconfiarem de homicídio involuntário por negligência, o tribunal decidiu então levar o caso a julgamento..Penas de 8 a 25 anos.São oito os implicados. Além da enfermeira Gisella Madrid, que na semana passada foi a primeira a ser chamada pela justiça, são ainda suspeitos o neurocirurgião Leopoldo Luque, o médico Pedro Spagna, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Díaz, o chefe de enfermeiros Mariano Perroni, o enfermeiro Ricardo Almirón e Nancy Forlini, médica coordenadora.Todos, porém, negam qualquer responsabilidade..A equipa médica será julgada por homicídio com dolo eventual (involuntário). A pena, em caso de condenação, varia de oito a 25 anos de prisão, de acordo com o código penal argentino..“Assim que vi o que aconteceu, disse logo que se tratava de homicídio. Lutei muito tempo e aqui estamos, com esta etapa concluída e com o caso a ir para julgamento”, referiu há uns tempos Mario Baudry, advogado de um dos filhos de Maradona..Mensagens trocadas por pessoas do círculo próximo de Maradona, e reproduzidas pela imprensa argentina, denunciaram várias práticas suspeitas, como o facto de a equipa médica ter dado em doses exageradas comprimidos para dormir ao ex-futebolista e a ausência de remédios para tratamento cardíaco..Há ainda acusações mais graves com base em conversas trocadas entre elementos da equipa médica, como inchaços no corpo de Maradona, a limitação ao acesso do médico clínico para realizar exames, a preocupação do psicólogo em limpar a sua clínica no caso de uma ordem de busca, do médico estar a preparar a história clínica de Maradona no caso de eventual morte. E ainda mensagens do estilo: “o gordo vai acabar por morrer.”.“Não me abandonem, não me deixem sozinho”, ouviu Mariano Israelit, um dos amigos mais próximos de Maradona, na última vez em que visitou o ex-jogador. “É tudo muito confuso, muito estranho. É preciso esclarecer de uma vez por todas como ele morreu”, pediu Mariano. Em breve poderão finalmente haver respostas..nuno.fernandes@dn.pt